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Transtornos da personalidade

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O que são transtornos da personalidade?

Os traços de personalidade são condições mentais duradouras que determinam a maneira como uma pessoa pensa, sente, age e se relaciona com os outros. Fala-se em transtornos quando esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou o funcionamento interpessoal.

Essas mal adaptações sociais costumam causar sofrimentos significativos às pessoas que as têm e àquelas à sua volta. Para pessoas com transtornos de personalidade, o sofrimento é causado pelas consequências dos seus comportamentos e não por algum desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos. Na verdade, elas “nada sentem”. Além disso, as desregulações afetivas, a impulsividade, a desorganização cognitiva1 e a ansiedade estão sempre associadas a esses distúrbios.

Quais são os transtornos da personalidade?

Os principais Transtornos da Personalidade são:

  1. Transtorno de Personalidade Antissocial:
    Caracterizado por um padrão persistente de desrespeito ao direito dos outros, falta de empatia e comportamentos impulsivos. Essas pessoas têm dificuldade em seguir normas sociais e podem se envolver em comportamentos criminosos.
  2. Transtorno de Personalidade Borderline:
    Caracterizado por instabilidade emocional, relacionamentos intensos e instáveis, autoimagem instável e impulsividade. Pessoas com transtorno Borderline podem ter medo do abandono e experimentar mudanças rápidas de humor.
  3. Transtorno de Personalidade Narcisista:
    Caracterizado por um senso grandioso de importância, necessidade de admiração excessiva e falta de empatia. Indivíduos com transtorno narcisista da personalidade muitas vezes têm fantasias de sucesso ilimitado, poder, beleza ou amor ideal.
  4. Transtorno de Personalidade Esquizoide:
    Caracterizado por um padrão de distanciamento social, falta de interesse em relacionamentos interpessoais e uma gama restrita de expressão emocional. Pessoas com esse transtorno podem preferir atividades solitárias e ter dificuldade em expressar emoções.
  5. Transtorno de Personalidade Esquizotípica:
    Caracterizado por padrões de pensamento e comportamento excêntricos, desconforto agudo2 em relacionamentos próximos e crenças peculiares ou pensamento mágico. Pessoas com esse transtorno podem ter dificuldade em manter amizades íntimas.
  6. Transtorno de Personalidade Evitativa:
    Caracterizado por sentimentos crônicos de inadequação, hipersensibilidade à avaliação negativa e evitação de atividades sociais ou interpessoais devido ao medo de rejeição. Pessoas com Transtorno de Personalidade Evitativa muitas vezes desejam relacionamentos íntimos, mas o evitam devido ao medo de críticas ou rejeição.
  7. Transtorno de Personalidade Dependente:
    Caracterizado por uma necessidade excessiva de ser cuidado, medo de ser abandonado e submissão a outros. Pessoas com esse transtorno podem ter dificuldade em tomar decisões sem a orientação de outras pessoas.
  8. Transtorno de Personalidade Obsessivo-compulsiva:
    Caracterizado por perfeccionismo excessivo, preocupações com ordem e controle e rigidez mental. Pessoas com esse transtorno podem se concentrar em detalhes, ter padrões elevados e ter dificuldade em delegar tarefas.
  9. Transtorno de Personalidade Histriônica:
    Caracterizado pela necessidade de ser uma “estrela” e estar no centro das atenções. Para conseguir isso, seduz colegas de trabalho, chefes e desconhecidos. Pessoas com Transtorno de Personalidade Histriônica expressam os seus pontos de vista com dramaticidade, mas não costumam ter fatos para embasar opiniões ou teorias.
  10. Transtorno de Personalidade Paranoide:
    Caracterizado por um comportamento desconfiado e paranoico. O indivíduo com essa condição suspeita das intenções dos outros, acreditando que todos estão planejando causar-lhe mal, apesar de não haver nenhuma evidência para isso. A pessoa com Transtorno de Personalidade Paranoide, têm dificuldade para confiar nos outros e criar laços de amizade. 

De uma forma mais mitigada, esses traços são encontrados nas pessoas normais, às vezes numa combinação harmoniosa de mais de um deles. Desse modo, retirando-se o termo “transtorno”, pode-se falar em Personalidade Antissocial, Personalidade Borderline, e assim por diante.

O diagnóstico3 de transtornos de personalidade deve ser realizado por profissionais qualificados e baseado em requisitos técnicos específicos e em uma avaliação abrangente do indivíduo.

Veja mais sobre "Desenvolvimento da personalidade", "Estrutura da personalidade" e "Big Five (Cinco Grandes) da Psicologia".

Quais são as causas dos transtornos da personalidade?

Os transtornos de personalidade podem ser causados por interações entre fatores genéticos e ambientais. Assim, os pais podem passar alguns traços para os filhos, chamados de temperamento e, por outro lado, eles são formados também a partir dos eventos e relacionamentos estabelecidos ao longo da vida.

Embora as causas exatas dos transtornos de personalidade não sejam bem estabelecidas, alguns fatores parecem aumentar o risco de ter um deles:

  • ter alguns traços de personalidade específicos, como controle deficiente de impulsos, tentar sempre ficar longe de perigos, ou o contrário, ter uma forte necessidade de buscar atividades que aumentem a adrenalina4;
  • experiências infantis desfavoráveis, como um ambiente doméstico instável e imprevisível;
  • um histórico de trauma, negligência5 ou abuso físico, emocional ou sexual.

Quais são as características clínicas dos transtornos da personalidade?

Os transtornos de personalidade começam a se evidenciar no final da adolescência ou início da idade adulta; embora às vezes os sinais6 sejam aparentes mais cedo, durante a infância. Em alguns casos, a própria pessoa não notará que tem um distúrbio de personalidade e julgará que a maneira como pensa e se comporta é normal. Frequentemente ela pensa que os outros são os responsáveis pelas dificuldades que encontra.

Como tratar os transtornos da personalidade?

Os pacientes com esses tipos de transtornos são habitualmente muito avessos a tratamentos, embora certos tipos de psicoterapia tenham demonstrado ser eficazes no tratamento de alguns transtornos de personalidade. A psicoterapia pode ajudar a pessoa a compreender os efeitos que seu comportamento pode ter sobre os outros e aprender a controlar ou lidar com os sintomas7 e a reduzir comportamentos que causam problemas de funcionamento e de relacionamento.

O tipo de tratamento dependerá do transtorno de personalidade específico, da gravidade dele e das circunstâncias do indivíduo. Os tipos de psicoterapia mais comumente usados ​​incluem terapia psicanalítica, terapia comportamental dialética, terapia cognitivo8-comportamental e terapia de grupo. Há também a psicoeducação, que consiste em ensinar o indivíduo e familiares sobre o diagnóstico3, tratamento e formas de enfrentamento.

Não existem medicamentos usados especificamente para tratar transtornos de personalidade. No entanto, em alguns casos, medicamentos como antidepressivos, ansiolíticos ou medicamentos estabilizadores do humor podem ser úteis no tratamento de alguns sintomas7.

Quais são as complicações possíveis com os transtornos da personalidade?

Os transtornos de personalidade podem perturbar seriamente a vida da pessoa que os tem e das pessoas à sua volta. Eles podem causar problemas nos relacionamentos, no trabalho ou na escola e podem levar ao isolamento social ou a outros problemas de saúde9, como dependência de drogas, vícios e envolvimento em situações ilegais.

Leia também: "O que é psicoterapia", "Saiba mais sobre as psicoterapias" e "Psiquiatra, psicólogo ou psicanalista".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, da American Psychiatric Association e do Instituto de Psiquiatria do Paraná.

ABCMED, 2024. Transtornos da personalidade. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1466252/transtornos-da-personalidade.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
2 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
3 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
4 Adrenalina: 1. Hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais. Atua no mecanismo da elevação da pressão sanguínea, é importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos. Usualmente utilizado como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais e como relaxante muscular na asma brônquica. 2. No sentido informal significa disposição física, emocional e mental na realização de tarefas, projetos, etc. Energia, força, vigor.
5 Negligência: Falta de cuidado; incúria. Falta de apuro, de atenção; desleixo, desmazelo. Falta de interesse, de motivação; indiferença, preguiça. Inobservância e descuido na execução de ato.
6 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
9 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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