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Personalidade histriônica: o que é isso?

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O que é personalidade histriônica?

A personalidade histriônica é um transtorno da personalidade caracterizado por um padrão de emocionalidade excessiva e necessidade de chamar atenção para si mesmo, incluindo a procura de aprovação e comportamento sedutor inapropriado. Estes comportamentos se iniciam ostensivamente a partir do início da idade adulta, mas já tem seus precursores na infância, os quais, no entanto, só são reconhecidos retrospetivamente, a posteriori.

Tais indivíduos são vívidos, dramáticos, animados, exuberantes, flertadores e alternam entre estados entusiásticos e pessimistas.

Quais são as causas da personalidade histriônica?

A personalidade histriônica não é uma doença e nem sempre pode, com facilidade, ser chamada de transtorno porque o seu feitio faz uma fronteira fluida e gradual com o normal. Pode, no entanto, tornar-se incômoda para a própria pessoa ou para aquelas que vivem ao seu lado.

A causa exata deste transtorno não pode ser determinada, mas eventos da infância ou doenças dos pais, que resultam em ansiedade constante, divórcio ou problemas de relacionamento, além de fatores genéticos, podem estar envolvidos.

Quais são as principais características da personalidade histriônica?

Pessoas com personalidade histriônica na maioria das vezes são capazes de conviver normalmente com as demais e até mesmo de alcançarem sucesso profissional em áreas específicas, afins às suas características, embora tenham baixo índice de sucesso social ou só se saem bem em círculos sociais restritos de pessoas que conseguem manipular e no qual conseguem se tornar o centro das atenções. Mesmo aí, quase sempre acabam por embaralhar tais relacionamentos, sejam eles sociais, profissionais, românticos ou mesmo familiares.

Esses indivíduos começam bem seus relacionamentos, porém tendem a ter dificuldades quando eles se tornam mais profundos e duradouros, alternando entre extremos de idealização e desvalorização das pessoas. Caracterizam-se por uma infidelidade contumaz e inconsequente em relações afetivas, inclusive amorosas. Na esfera da sexualidade tendem a ser inapropriadamente provocativos, embora sintam dificuldades de verdadeiros envolvimentos sexuais.

Expressam emoções de uma forma impressionável, mas também são facilmente influenciados por outros. Sua linguagem costuma ser cheia de superlativos e de floreios exuberantes. Outras características psicológicas presentes são um acentuado egocentrismo, desorganização psíquica, auto-indulgência, anseio contínuo por admiração e comportamento persistentemente manipulativo para alcançar seus objetivos.

Frequentemente não conseguem ver em si mesmas sua condição pessoal e tendem a dramatizar e exagerar suas dificuldades, muitas vezes atribuindo-as aos outros. No trabalho, entediam-se facilmente e têm problemas em lidar com frustrações e críticas, pelo que mudam com frequência de objetivos.

Em resumo:

  • Têm um padrão exibicionista de comportamento;
  • Buscam constantemente apoio ou aprovação;
  • Dramatizam;
  • Manifestam exageradamente as emoções;
  • Têm sensibilidade excessiva frente a críticas ou desaprovações;
  • Se orgulham da própria personalidade e relutam em mudar porque qualquer tentativa de mudança é vista como ameaça;
  • Possuem aparência ou comportamento inapropriadamente sedutor;
  • Mostram sintomas1 somatiformes e se utilizam destes sintomas1 como meio de chamar atenção;
  • Necessitam ser o centro das atenções;
  • Apresentam baixa tolerância à frustração;
  • Sentem angústia provocada pela possibilidade de que as próprias mentiras insustentáveis sejam descobertas;
  • Variam rapidamente de estados emocionais, que podem parecer a outrem superficiais ou exagerados;
  • Tendem a acreditar que relacionamentos são mais íntimos do que na realidade o são;
  • Tomam decisões precipitadas;
  • Difamam pessoas que competem com a sua atenção.

Todos esses traços fazem uma transição gradativa com o normal, mas se chegam a ser incômodos ou a prejudicarem o funcionamento ideal da personalidade, o tratamento está indicado, da mesma forma que nos transtornos fóbico, obsessivo, paranoide, etc.

Saiba mais sobre "Transtorno obsessivo compulsivo ou TOC.", "Paranoia" e "Fobias2".

Como o médico diagnostica a personalidade histriônica?

Não há um teste específico para confirmar o diagnóstico3 de personalidade histriônica. Para estabelecer o diagnóstico3 devem ser julgados o comportamento, a aparência e o histórico da pessoa. Como o critério é subjetivo, algumas pessoas podem ser erroneamente diagnosticadas como sendo portadoras do transtorno de personalidade histriônica, enquanto outras com esse transtorno podem deixar de ser diagnosticadas como tal.

O Diagnostic and Statistic Manual IV (DSM-IV) da OMS estabelece, entre outros, os seguintes critérios para o diagnóstico3: sente-se desconfortável em situações nas quais não seja o centro das atenções; demonstra mudanças rápidas e superficiais de emoções a respeito de outros, principalmente seus críticos; utiliza sua aparência física e vestimenta elegante ou ousada para chamar atenção; tem um estilo de discurso excessivamente impressionável e falho em detalhes; demonstra dramatização, teatralidade e expressão exagerada de emoções; é muito sugestionável por outrem ou pelas circunstâncias; tendem a considerar seus relacionamentos mais íntimos do que realmente são; superficialidade intelectual, etc.

Como o médico trata a personalidade histriônica?

O tratamento do transtorno de personalidade histriônica deve ser fundamentalmente psicoterápico e de longo prazo. A medicação tem pouco efeito neste transtorno. Ela se destina, principalmente, a combater algum sentimento de ansiedade ou depressão associados e geralmente se inicia quando da dissolução de algum relacionamento romântico.

Veja mais sobre "Ansiedade", "Depressão" e "Psicoterapias".

 

ABCMED, 2017. Personalidade histriônica: o que é isso?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1289653/personalidade-histrionica-o-que-e-isso.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Fobias: Medo exagerado, falta de tolerância, aversão.
3 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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