Exame neurológico
O que é o exame neurológico?
O exame neurológico é um exame clínico destinado a avaliar o sistema nervoso1. O sistema nervoso1 consiste de cérebro2, espinha vertebral e nervos que emergem dessas estruturas e que comandam todos os segmentos e funções do corpo. Esses diversos aspectos corporais podem ser abordados por um exame físico e a avaliação pode ser complementada por exames de imagens.
Trata-se de um exame não invasivo e indolor que se vale de certas manobras feitas pelo examinador e de instrumentos muito simples, como lanterna que emite um feixe de luz ou “martelos” de borracha para pesquisa de reflexos.
Embora um exame neurológico completo possa tomar um tempo considerável, na prática clínica diária são privilegiados alguns aspectos particulares mais pertinentes às queixas ou às patologias apresentadas pelo paciente, e ele dura em torno de 4-5 minutos. Alguns achados desse exame simplificado podem exigir um exame mais extensivo e detalhado.
Como se realiza um exame neurológico?
O exame neurológico começa pela observação do paciente desde que ele adentra à sala de exame e continua durante a tomada da história clínica. O paciente deve ser ajudado o mínimo possível em suas tarefas para permitir que suas dificuldades se tornem aparentes. São especialmente observadas a velocidade de movimentos, a simetria e a coordenação deles, a postura e a marcha.
O comportamento do paciente, suas vestes e suas respostas fornecem novas observações ao médico. Sua linguagem ou práxis comuns, bem como a sua orientação no tempo e no espaço propiciam novos dados.
Essas informações assim obtidas permitem a um examinador treinado fazer hipóteses sobre anatomia e fisiopatologia3 do problema apresentado pelo paciente, e com isso permite a ele incluir, de maneira compreensível, a história médica do paciente, história médica familiar, doenças preexistentes, uso de medicamentos e sintomas4 atuais, entre outros dados.
Em seguida, o médico realiza uma série de testes físicos para avaliar as diversas funções do sistema nervoso1. Esse exame deve compreender, além do sistema nervoso central5 (SNC6), os nervos espinhais ou nervos periféricos que partem da medula espinhal7 e o sistema nervoso1 vegetativo (SNV), além dos nervos cranianos que partem diretamente do cérebro2. Assim, um exame neurológico consta, pelo menos, dos seguintes exames:
Movimentos
O exame neurológico dos movimentos é uma ferramenta importante na avaliação da função neurológica e pode ajudar a orientar o tratamento e o cuidado do paciente. Ele é utilizado para avaliar o controle motor e a coordenação de um indivíduo. Existem várias partes do exame neurológico dos movimentos, incluindo a postura, o equilíbrio, a força muscular, teste de reflexos e avaliação da marcha.
Sensibilidade do corpo
O exame neurológico da sensibilidade avalia a capacidade do sistema nervoso1 de receber, interpretar e responder a estímulos sensoriais. Existem diferentes tipos de sensibilidade que podem ser avaliados no exame neurológico: sensibilidade tátil, dolorosa, térmica e proprioceptiva8 (sensibilidade à posição e movimento das articulações9). O resultado do exame de cada uma delas oferece dados diferentes ao examinador. Os resultados do exame de sensibilidade podem ajudar a identificar problemas neurológicos, como lesões10 na medula espinhal7, neuropatias periféricas ou outras condições que afetam o sistema nervoso1.
Postura
O exame neurológico da postura envolve a avaliação do tônus muscular11 e da posição corporal do paciente em repouso e durante movimentos voluntários. O exame neurológico da postura é importante para diagnosticar doenças neurológicas que afetam o tônus muscular11 e as posições assumidas pelo corpo, como na doença de Parkinson12, na esclerose múltipla13 e na ataxia14, por exemplo.
Força muscular
O exame da força muscular é realizado para avaliar o sistema neuromuscular do paciente. Durante o exame, o médico avalia a força muscular em diferentes partes do corpo, geralmente começando pelos músculos do pescoço15, seguido pela avaliação dos músculos16 dos membros superiores e inferiores, nessa ordem. O exame da força muscular é uma parte importante da avaliação de pacientes com suspeita de distúrbios neuromusculares, como esclerose17 lateral amiotrófica (ELA), miopatias, distrofias18 musculares, neuropatias e lesões10 da medula espinhal7. Ele também pode ser usado para monitorar a progressão da doença e a eficácia do tratamento.
Coordenação muscular
O exame da coordenação muscular permite verificar o grau de coordenação motora do paciente e avaliar o funcionamento do sistema nervoso central5 e periférico. Alguns testes que podem ser realizados para avaliar a coordenação motora incluem:
- teste de coordenação de membros superiores e inferiores;
- teste de equilíbrio;
- teste de disdiadococinesia (dificuldade que uma pessoa tem em realizar movimentos rápidos em sequência);
- teste de sincinesias (contração muscular involuntária19 associada a um movimento voluntário);
- e teste de agnosia (perda da capacidade de reconhecer objetos, pessoas, sons e formas).
Esses testes podem ajudar o médico a identificar problemas de coordenação motora, que podem ser causados por lesões10 cerebrais, problemas no sistema nervoso periférico20, como doenças neuromusculares, ou por intoxicação por álcool ou drogas.
Reflexos
O exame dos reflexos é a parte mais conhecida da avaliação do sistema nervoso1. Os reflexos são respostas automáticas do sistema nervoso1 a estímulos específicos, e seu exame pode ajudar a identificar disfunções neurológicas. A ausência ou diminuição de reflexos pode indicar uma disfunção no sistema nervoso1, enquanto reflexos aumentados podem indicar uma lesão21 na medula espinhal7 ou outras doenças neurológicas. Entre os reflexos mais comumente avaliados estão:
- o reflexo patelar;
- o reflexo bicipital;
- o reflexo tricipital;
- o reflexo plantar (chamado também reflexo cutâneo22-plantar);
- e o reflexo Aquileu (ou reflexo do tendão de Aquiles23).
Equilíbrio
O exame do equilíbrio é feito para verificar o funcionamento do sistema nervoso central5 e periférico envolvido no controle postural e de equilíbrio. O exame envolve uma série de testes e manobras que avaliam a capacidade do paciente de manter o equilíbrio em diferentes posições e situações, como ficar em pé com os pés juntos, em um pé só ou com os olhos24 fechados. O exame do equilíbrio é importante para avaliar condições neurológicas como doenças cerebelares, neuropatias periféricas e lesões10 da medula espinhal7.
Marcha
O exame da marcha ajuda a avaliar a capacidade do paciente de andar e controlar os movimentos corporais associados a ela. O exame da marcha pode ajudar a identificar uma variedade de condições neurológicas, como lesões10 cerebrais traumáticas, acidente vascular cerebral25, esclerose múltipla13, doença de Parkinson12, ataxia14 e outras condições que afetam a coordenação e o controle motor.
Estado de vigilância
O exame do estado de vigilância de um paciente fornece informações sobre o nível de consciência do paciente, que pode ser avaliado pela Escala de Coma26 de Glasgow, que mede as respostas dele à estimulação verbal, tátil e visual. Além disso, o médico pode avaliar a presença de movimentos involuntários, reflexos e outras funções neurológicas, que podem indicar a presença de lesões10 ou disfunções neurológicas. A avaliação do estado de vigilância pode ser especialmente importante para determinar o grau de comprometimento neurológico e ajudar no diagnóstico27 e tratamento.
Veja também sobre "Alterações da consciência", "Nistagmo28", "Hipertonia29 em bebês30" e "Distonias31".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Johns Hopkins Medicine, da Oxford Medical Education e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.