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O papel do dímero-D na coagulação do sangue e na covid-19

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O que é o dímero-D?

O dímero-D, ou D-dímero, é um produto da decomposição da fibrina1, que é uma proteína envolvida na formação e degradação de coágulos. Ele está presente no sangue2 depois que um coágulo3 sanguíneo é desfeito pela fibrinólise4.

A dosagem do dímero-D é normalmente solicitada pelo médico com o objetivo de descartar a possibilidade de trombose venosa profunda5tromboembolismo6 pulmonar, uma vez que esse marcador está aumentado nessas situações. No entanto, o Dímero-D pode também ser solicitado com o objetivo de avaliar o funcionamento da cascata de coagulação7 em outras situações.

Qual é o papel do Dímero-D na coagulação7?

Dímeros D não estão normalmente presentes no plasma sanguíneo8 humano, exceto quando o sistema de coagulação7 foi ativado, por exemplo, devido à presença de trombose9 ou coagulação7 intravascular10 disseminada.

A formação de um coágulo3 sanguíneo ocorre quando as proteínas11 da cascata da coagulação7 são ativadas, seja pelo contato com a parede de um vaso sanguíneo danificado (via intrínseca), seja pela ativação de algum tecido12 orgânico (via extrínseca). Ambas as vias levam à geração de trombina13, uma enzima14 que transforma o fibrinogênio15, a proteína solúvel do sangue2, em fibrina1, que se agrega em proteofibrilas.

Leia sobre "Coagulograma", "Anticorpos16 anti-SARS-COV-2", "Reações às vacinas contra a covid-19" e "Eventos trombóticos17 na Covid-19".

O que significam os resultados do exame de dímero-D?

O valor de referência de dímero-D no sangue2 é de até 500 ng/ml (nanogramas por mililitro) e sua dosagem pode ser feita por meio de exames de sangue2. Um resultado de dímero D normal ou "negativo" significa que é mais provável que a pessoa testada não tenha uma condição ou doença aguda que cause a formação e decomposição anormais de coágulos. A maioria dos médicos concorda que um dímero-D negativo é mais válido e útil quando o exame é feito para pessoas que são consideradas de baixo a moderado risco de trombose9. O teste é usado para ajudar a descartar a coagulação7 como a causa dos sintomas18 eventualmente relatados.

Um resultado positivo do dímero-D pode indicar a presença de um nível anormalmente alto de produtos da degradação da fibrina1. Indica que pode haver formação e degradação significativas de coágulos e trombos19 sanguíneos no corpo, mas não informa a causa ou a localização deles. Por exemplo, pode ser devido a uma trombose venosa profunda5, tromboembolismo6 pulmonar ou coagulação7 intravascular10 disseminada, pode ocorrer após grandes traumas e também em alguns casos de Covid-19.

No entanto, um dímero-D elevado nem sempre indica a presença de um coágulo3, porque vários outros fatores podem causar essa alteração. Níveis elevados podem ser observados em condições nas quais a fibrina1 é formada e decomposta, sem a formação de coágulos, como cirurgia recente, trauma, infecção20, ataque cardíaco, alguns tipos de câncer21, algumas doenças hepáticas22 ou renais ou condições em que a fibrina1 não é eliminada normalmente.

A fibrina1 também é formada e decomposta durante a gravidez23, de modo que essa condição também pode resultar em um nível elevado de dímero-D. No entanto, se houver suspeita de coagulação7 intravascular10 disseminada em uma mulher grávida ou no período pós-parto imediato, o teste de dímero-D pode ser usado, junto com outros, para ajudar a diagnosticar a condição.

A dosagem do dímero-D é recomendada como um exame auxiliar a outros. No entanto, como se trata de um exame muito sensível, mas de pouca especificidade, ele só deve ser usado para descartar a formação de trombos19, não para confirmar a existência deles. Tanto os níveis aumentados quanto os normais de dímero-D podem exigir e levar a mais exames diagnósticos. Pessoas com testes de dímero-D positivos e aquelas com risco moderado ou alto de formação de coágulos precisam de mais estudos com imagens para diagnóstico24.

Quando usado para monitorar o tratamento de coagulação7 intravascular10 disseminada, níveis decrescentes indicam que o tratamento está sendo eficaz, enquanto níveis crescentes podem indicar que o tratamento não está funcionando.

Qual é o papel do Dímero-D na Covid-19?

É comum que a dosagem do dímero-D esteja aumentada em casos de Covid-19, devido à liberação de grande quantidade de citocinas25, que provoca inflamação26 dos vasos sanguíneos27 e ativa a coagulabilidade sanguínea intravascular10. Portanto, a formação de coágulos e trombos19 é uma eventualidade possível.

A maior quantidade de fibrina1 na circulação28, o principal componente dos coágulos, faz aumentar também os níveis de D-dímero, o principal responsável pela degradação dela. Dessa forma, o aumento dos níveis desse marcador no sangue2 pode também ser usado como indicador indireto de inflamação26 vascular29 e, dependendo dos valores do dímero-D, ser sugestivo da maior ou menor gravidade da Covid-19 e do risco de coagulação7 intravascular10 e trombose9.

Saiba mais sobre "Diferenças entre trombose venosa profunda5 e tromboembolismo6 venoso", "Trombose9 arterial" e "Coagulopatias".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2021. O papel do dímero-D na coagulação do sangue e na covid-19. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/covid-19/1397750/o-papel-do-dimero-d-na-coagulacao-do-sangue-e-na-covid-19.htm>. Acesso em: 11 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fibrina: Proteína formada no plasma a partir da ação da trombina sobre o fibrinogênio. Ela é o principal componente dos coágulos sanguíneos.
2 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
3 Coágulo: 1. Em fisiologia, é uma massa semissólida de sangue ou de linfa. 2. Substância ou produto que promove a coagulação do leite.
4 Fibrinólise: Processo de dissolução progressiva da fibrina e assim do coágulo, que posteriormente à sua formação deve ser dissolvido.
5 Trombose Venosa Profunda: Caracteriza-se pela formação de coágulos no interior das veias profundas da perna. O que mais chama a atenção é o edema (inchaço) e a dor, normalmente restritos a uma só perna. O edema pode se localizar apenas na panturrilha e pé ou estar mais exuberante na coxa, indicando que o trombo se localiza nas veias profundas dessa região ou mais acima da virilha. Uma de suas principais conseqüências a curto prazo é a embolia pulmonar, que pode deixar seqüelas ou mesmo levar à morte. Fatores individuais de risco são: varizes de membros inferiores, idade maior que 40 anos, obesidade, trombose prévia, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, entre outras.
6 Tromboembolismo: Doença produzida pela impactação de um fragmento de um trombo. É produzida quando este se desprende de seu lugar de origem, e é levado pela corrente sangüínea até produzir a oclusão de uma artéria distante do local de origem do trombo. Esta oclusão pode ter diversas conseqüências, desde leves até fatais, dependendo do tamanho do vaso ocluído e do tipo de circulação do órgão onde se deu a oclusão.
7 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
8 Plasma Sanguíneo: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
9 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
10 Intravascular: Relativo ao interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situa ou ocorre.
11 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
12 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
13 Trombina: Enzima presente no plasma. Ela catalisa a conversão do fibrinogênio em fibrina, participando do processo de coagulação sanguínea.
14 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
15 Fibrinogênio: Proteína plasmática precursora da fibrina (que dá origem à fibrina) e que participa da coagulação sanguínea.
16 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
17 Trombóticos: Relativo à trombose, ou seja, à formação ou desenvolvimento de um trombo (coágulo).
18 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
19 Trombos: Coágulo aderido à parede interna de uma veia ou artéria. Pode ocasionar a diminuição parcial ou total da luz do mesmo com sintomas de isquemia.
20 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
21 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
22 Hepáticas: Relativas a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
23 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
24 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
25 Citocinas: Citoquina ou citocina é a designação genérica de certas substâncias segregadas por células do sistema imunitário que controlam as reações imunes do organismo.
26 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
27 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
28 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
29 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
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