Doenças psicossomáticas - como elas são?
O que são doenças psicossomáticas?
As doenças psicossomáticas, também conhecidas como somatizações ou transtornos somatiformes, são desordens emocionais ou psiquiátricas que afetam também o funcionamento dos órgãos do corpo. Esses desajustes provocam múltiplas queixas físicas em diferentes partes do corpo, as quais não podem ser explicadas por nenhuma alteração orgânica. O termo psicossomático se consolidou na Medicina em meados do século passado, com as contribuições de Franz Alexander e da Escola de Chicago no seu todo.
Quais são as doenças psicossomáticas?
As doenças psicossomáticas são entendidas como manifestações do inconsciente e sinalizam questões psicológicas mal resolvidas. Quase sempre, o problema está associado a emoções mal canalizadas para a solução dos conflitos. Assim, ainda que não sejam bem esclarecidas, as origens das enfermidades psicossomáticas têm como base as causas emocionais e os distúrbios psicológicos a elas associados.
São fatores que influenciam a origem das doenças psicossomáticas: herança familiar; tendência à negatividade (pessimismo) e aos distúrbios de personalidade; questões genéticas e fisiológicas1, como maior sensibilidade à dor; influência ambiental em relação à visão2 da vida de forma positiva ou negativa; modo de enfrentamento dos problemas; menor controle das emoções ou dificuldade no processamento dos problemas psicológicos; fatores como depressão, ansiedade e estresse excessivo; isolamento e tristeza, que alimentam as emoções negativas e hábito ou desenvolvimento de “comportamentos de dor”.
Algumas questões que podem gerar o desequilíbrio emocional e atuar como gatilhos de doenças psicossomáticas são: traumas de infância, depressão crônica, mudança nos padrões de relacionamento, questões profissionais, perdas financeiras, influência genética e luto.
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Qual é o substrato fisiológico4 das doenças psicossomáticas?
As doenças psicossomáticas surgem como consequência de descontrole das emoções, sentimentos e modo de pensar. Elas são, pois, devidas a desequilíbrios mentais que sobrecarregam as funções orgânicas e atrapalham o funcionamento do corpo. Esse desequilíbrio ocorre por diversas razões, especialmente por aquelas ligadas a experiências ruins e traumas não superados. Elas afetam o normal funcionamento cerebral e impedem a liberação das substâncias importantes para o necessário ajuste da fisiologia5 do organismo. A somatização6 desses fatores tem como consequência o estabelecimento de um círculo vicioso que se manifesta por meio de múltiplas doenças físicas.
Os estados emocionais normalmente têm a sua contraparte orgânica, as quais são mais intensas ou distorcidas nos casos de afetos anômalos. A ansiedade, a raiva7, a depressão, etc. são acompanhadas de aumento de tensão muscular, aceleração dos batimentos cardíacos, do ritmo respiratório e do peristaltismo8 intestinal, contração da parede das artérias9, alterações do sono, etc.
Quais são as principais características clínicas das doenças psicossomáticas?
Na maioria das vezes, os sintomas10 surgem sem estarem relacionados a um substrato orgânico demonstrável; outras vezes podem estar sobreajuntados a doenças incuráveis. Os sintomas10 podem variar de suaves a muito intensos e podem ser únicos ou múltiplos.
Mais comumente, os sintomas10 psicossomáticos se expressam por alterações gástricas, como enjoos, dores, queimação ou gastrite11 nervosa; insônia, com muita dificuldade para relaxar e começar a dormir; manchas roxas ou avermelhadas espalhadas pelo corpo; dores de cabeça12 constantes e sem motivo aparente; sensação de sufocamento ou de falta de ar; desinteresse pelas atividades de rotina; batimentos cardíacos acelerados; queixas de dores generalizadas; fadiga13 sem causa aparente; falta de concentração; irritabilidade; sonolência excessiva; desânimo e fraqueza, sem que seja possível encontrar uma razão somática para eles.
As características mais marcantes do quadro clínico é que os sintomas10 são acompanhados de transtorno de ansiedade e depressão crônica, preocupação incomum com possíveis doenças futuras, ausência de resposta aos medicamentos e acentuação dos efeitos colaterais14, medo descontrolado sobre a gravidade de sintomas10 que nem representam tanto risco, sensação de que a avaliação clínica, diagnóstico15 ou o tratamento médico estão errados ou inadequados, receio de que os exercícios físicos ou a prática desportiva, mesmo leves, podem ser prejudiciais ao seu estado de saúde3, tendência a interpretar sensações físicas consideradas normais como um provável sinal16 de doença física grave ou incurável e hábito de manter consultas repetitivas com o mesmo médico ou buscar profissionais de diferentes especialidades que julga necessário e urgente.
Leia sobre "Somatização6", "Neurose17" e "Histeria conversiva".
Como o médico diagnostica as doenças psicossomáticas?
Devido às características típicas dessas doenças, os médicos têm muita dificuldade em diagnosticar a causa dessas desordens. Frequentemente, vários exames têm de ser pedidos para descartar possíveis condições somáticas anômalas. Se esses exames exibem resultados negativos, então o diagnóstico15 psicossomático é feito por exclusão. Algumas características clínicas das queixas psicossomáticas, embora não decisivas, podem ajudar na distinção com queixas de origem somática:
- Os sintomas10 físicos são mais bem delimitados no tempo e no espaço que os sintomas10 psicológicos.
- Os sintomas10 físicos oscilam de acordo com condições fisiológicas1; os sintomas10 psicológicos são mais dependentes de estados mentais.
- Os pacientes são mais “aderidos” aos sintomas10 psicológicos que aos físicos. Eles parecem “ter medo” dos sintomas10 físicos e procuram negá-los e “gostam” dos sintomas10 psicológicos, falando mais insistentemente sobre eles.
Como o médico trata as doenças psicossomáticas?
Os distúrbios psicossomáticos podem ser solucionados mediante intervenção terapêutica18 adequada. A meta do tratamento é a reabilitação gradativa do estado mental do paciente, de modo que ele consiga melhorar os principais sintomas10 e retome a autonomia sobre a vida.
As metodologias mais indicadas para a reestruturação da saúde3 mental e física dos pacientes com doenças psicossomáticas são: apoio psicológico e psicoterapia, para minimizar os desajustes emocionais que alimentam os sintomas10 físicos; tratamento psiquiátrico, com remédios para controlar a ansiedade e a depressão; mudança no estilo de vida, como melhorar a qualidade do sono e a forma de pensar e de enfrentar as adversidades da vida.
Como evolui em geral as doenças psicossomáticas?
Se não forem adequadamente tratadas, essas doenças podem evoluir gradativamente e comprometer a saúde3 do indivíduo de forma cada vez mais intensa.
Quais são as complicações possíveis das doenças psicossomáticas?
O transtorno psicossomático prejudica a saúde3 e o bem-estar do indivíduo em diferentes aspectos. Contudo, ainda que o afetado tenha consciência de que tem um problema de caráter emocional, ele se sente incapaz de revertê-lo. Por conseguinte, o quadro só tende a piorar e, em alguns casos, esse desequilíbrio mental pode até levar ao suicídio.
Além disso, esse transtorno está relacionado a outras complicações como: alcoolismo; desajustes conjugais ou familiares; uso de drogas; trocas constantes de emprego ou desemprego; estado geral de saúde3 ruim; problemas para manter relacionamentos afetivos ou no ambiente de trabalho; muita dificuldade para lidar com as intercorrências ou adversidades da vida diária; tendências a outros transtornos mentais, como ansiedade patológica, crises depressivas ou múltiplos transtornos de personalidade.
Veja também sobre "Diferenciação entre queixas orgânicas e psicogênicas" e "Psicoterapia".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Encyclopedia Britannica e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.