Usos e abusos dos diuréticos
O que são diuréticos1?
Os diuréticos1 são medicamentos que atuam nos rins2 aumentando o volume da excreção de urina3. Eles também promovem a eliminação de eletrólitos4 como o sódio, o potássio e o cloro. As substâncias diuréticas podem ser classificadas em (1) diuréticos1 propriamente ditos, quando aumentam a excreção de água, mas não de eletrólitos4; (2) natriuréticos, que aumentam a eliminação de sódio e (3) saluréticos, que aumentam a excreção de sódio e cloreto.
Existem também substâncias naturais que podem ter efeito diurético5, como a cafeína, o álcool e alguns tipos de chás, no entanto, o efeito diurético5 delas é muito fraco e não serve para tratar doenças que demandam um aumento relevante na excreção de sódio e água pelos rins2.
Qual é o mecanismo de atuação dos diuréticos1?
Resumidamente, eis alguns informes sobre a fisiologia6 renal7 que ajudam a compreender o mecanismo de ação dos diuréticos1: o rim8 tem cerca de um milhão de néfrons9. O néfron10 é a unidade funcional básica dos rins2, que é constituído por (1) glomérulo11, (2) túbulos contorcidos proximal12 e distal13, (3) alça de Henle14 e (4) ducto coletor.
O sangue15 é ultrafiltrado no glomérulo11 (120ml/minuto), deixando a urina3 livre de substâncias celulares não filtráveis, como as hemácias16, leucócitos17 e proteínas18 plasmáticas. Este fluido então passa pelo lúmen19 do néfron10, onde a água, os eletrólitos4, a glicose20 e a ureia21 em grande parte sofrem reabsorção no túbulo renal7. O que resta desse filtrado (cerca de 1,5L/dia) é, então, eliminado como urina3.
Os diversos diuréticos1 podem ter seu alvo de ação na filtração glomerular, na reabsorção tubular ou na excreção tubular. Embora possam ter diferentes mecanismos de ação, todos os diuréticos1 têm em comum o fato de fazerem os rins2 filtrarem mais água e sódio que o normal, por consequência aumentando a eliminação desses elementos através da urina3.
Grande parte dos diuréticos1 atuam diminuindo a reabsorção de sódio, o qual carrega com eles maior quantidade de água. Assim, promovem a redução dos edemas22 e, além disso, atuam também como anti-hipertensivos, diminuindo os níveis da pressão arterial23, ao diminuírem a quantidade de líquidos no organismo.
Como existem diferentes tipos de diuréticos1, cada qual com seus mecanismos específicos de ação, só um médico é capaz de dizer que tipo de diurético5 é melhor adaptado ao objetivo específico de um determinado tratamento. Quando usados incorretamente, os diuréticos1 podem provocar desequilíbrios eletrolíticos e outros problemas como desidratação24 ou arritmias25 cardíacas, por exemplo.
Por que usar e por que não usar os diuréticos1?
Os diuréticos1 são usados principalmente para o tratamento coadjuvante26 da hipertensão arterial27 e dos quadros de edema28. Também se aplicam ao tratamento da insuficiência renal29, insuficiênia cardíaca ou cirrose30 hepática31, todos quadros clínicos que requerem uma redução de líquidos no organismo.
Ademais, para que o diurético5 exerça integralmente seu papel, é preciso que o paciente limite sua ingestão de sal durante o uso da medicação. Para haver resposta clínica, é preciso sair mais sal na urina3 do que a quantidade que é consumida pela dieta. Dentre as doenças que podem requerer o uso de diuréticos1, destacam-se ainda a síndrome nefrótica32, hipercalemia33 (potássio elevado), hipocalemia34 (potássio baixo), diabetes35 insípidus, quadros edematosos, edema28 cerebral e glaucoma36.
Saiba mais sobre "Desidratação24", "Insuficiência renal29", "Insuficiência cardíaca37", "Cirrose30 hepática31", "Hipertensão arterial27", "Síndrome nefrótica32" e "Diabetes35 insípidus".
Muitas vezes, os diuréticos1 são usados de maneira indevida e sem orientação médica, especialmente por pessoas que desejam perder peso. O uso dos diuréticos1 deve ser administrado com cuidados especiais ou mesmo ser vedado a paciente com insuficiência renal29, pré-coma38 ou coma38 hepático, hipopotassemia39 severa (diminuição drástica do nível de potássio no sangue15), hiponatremia40 grave, desidratação24, queda de pressão sanguínea e alergia41 a qualquer dos componentes da fórmula da medicação.
Mesmo pessoas sem essas condições devem ser acompanhadas de perto pelo médico ao iniciarem o tratamento com diuréticos1, pois os níveis de sódio, potássio e creatinina42 tendem a ficar alterados. Mulheres grávidas, lactantes43, crianças e idosos devem receber cuidados especiais, pois são mais sensíveis aos efeitos dos diuréticos1.
Quais efeitos deletérios podem advir do uso dos diuréticos1?
Os diuréticos1 podem causar hipovolemia44 (diminuição do volume de sangue15), hipocalemia34, hiponatremia40 (nível baixo de sódio), alcalose45 ou acidose46 metabólica e hiperuricemia (níveis altos de ácido úrico no sangue15). Cada um desses efeitos são riscos próprios a certos tipos de diuréticos1 e se apresentam com sintomatologias diferentes.
Em geral, os sintomas47 que podem gerar são náuseas48, vômitos49, queda da pressão arterial23, principalmente ao se levantar, taquicardia50 ou arritmia51 cardíaca, sede, xerostomia52 (boca53 seca), câimbras54, fadiga55 muscular, sonolência, fraqueza e letargia56, tontura57, agitação, sensibilidade à luz, alterações na habilidade de concentração e de reação. Quando essas condições e sintomas47 são devidos apenas ao uso dos diuréticos1, eles são inteiramente reversíveis quando a medicação é suspensa.
Leia sobre outros tipos de medicamentos: "Laxantes58", "Antidepressivos", "Anti-inflamatórios não esteroides (AINES)" e "Corticoides".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.