Gás Sarin - o que é importante saber?
O que é o gás Sarin?
O sarin é um composto organofosforado líquido, insípido, incolor e inodoro, altamente volátil quando puro, que se transforma em gás quando exposto ao ar. Ele é um composto sintético, não encontrado normalmente na natureza. Deve esse nome a uma combinação de letras retiradas dos nomes de seus criadores: Schrader, Ambros, Rüdiger e Van der Lin.
Com que finalidade se usa o gás Sarin?
O gás sarin foi originalmente desenvolvido em 1938 na Alemanha nazista, como pesticida, mas devido ao seu grande potencial letal (500 vezes mais potente que o cianeto) e seu comportamento especial na natureza, ele foi usado muitas vezes nas guerras como arma química. Ele possui certas característica físico-químicas que o tornam especialmente adaptado para esse fim e, como tal, foi e continua sendo usado em guerras, como arma de destruição em massa, apesar de que sua produção, armazenamento e uso tenham sido proibidos pela Convenção Sobre Armas Químicas de 1993.
Quais são as principais características físico-químicas do gás Sarin?
O sarin é um líquido que se transforma em vapor quando exposto ao ar. Algumas características físico-químicas do gás sarin ajudam a fazer dele um agente altamente mortífero: é absorvido por todas as vias de absorção (inalação, ingestão, contato com a pele1 e com os olhos2, etc.); é insípido, inodoro e incolor; mais pesado que o ar, o que faz com que permaneça por horas em camadas mais baixas da atmosfera; relativamente barato para ser produzido; pode ser usado de diversas formas, pelo ar, por vapor, por contaminação da água, comida e plantações; é um composto muito volátil, solúvel em água e miscível em solventes orgânicos.
Qual é o mecanismo de ação do gás Sarin sobre os seres humanos?
O gás sarin é um poderoso agente neurotóxico que age evitando o funcionamento correto de uma enzima3 que atua como um "interruptor" capaz de interromper periodicamente os estímulos entre os nervos, os músculos4 e as glândulas5. Sem esse “interruptor” as pessoas ficam constantemente estimuladas e sem conseguir respirar.
Como foi dito, o sarin é altamente mortífero (a dose letal mediana para matar uma pessoa é de apenas 0,010 miligramas por quilo de peso. Apenas 1 ml em contato com a pele1 pode matar uma pessoa). Ele é um potente inibidor da acetilcolinesterase, uma proteína que degrada a acetilcolina6 (neurotransmissor que atua transmitindo os impulsos entre a junção nervo-músculo) depois que ela é liberada na fenda sináptica. Normalmente, a acetilcolina6 é libertada do neurônio para estimular o músculo e depois degradada pela acetilcolinesterase, permitindo assim o relaxamento do músculo. A inibição da colinesterase, pois, significa que os impulsos nervosos são transmitidos continuamente, mantendo o músculo em situação de permanente contração.
Quais são os principais sintomas7 da intoxicação pelo gás Sarin?
Os principais sintomas7 de intoxicação não letal pelo gás sarin são coriza8, olhos2 lacrimejantes e doloridos, pupilas muito contraídas, visão9 turva ou em túnel, salivação e transpiração10 excessivas, tosse, aperto no peito11, respiração rápida, diarreia12, náuseas13 e vômitos14 e/ou dor abdominal, aumento da frequência urinária, confusão mental, sonolência, fraqueza, fortes dores de cabeça15, frequência cardíaca e pressão sanguínea baixas ou elevadas, convulsões, paralisias dos músculos da respiração16 e perda da consciência.
Mesmo em concentrações muito baixas, o sarin pode ser fatal. A morte pode seguir cerca de um minuto após a ingestão direta de uma dose letal.
Como o médico diagnostica a intoxicação não letal pelo gás Sarin?
Além dos sintomas7 e da história médica, alguns testes de laboratório podem ajudar. A sarina no sangue17 é rapidamente degradada in vivo ou in vitro e seus principais metabólitos18 inativos tem meia-vida sérica in vivo de aproximadamente 24 horas. Tanto a sarina como os seus metabólitos18 podem ser medidos no sangue17 ou na urina19, por cromatografia gasosa ou líquida, enquanto a atividade da colinesterase é geralmente medida por métodos enzimáticos.
Um método mais recente chamado "regeneração (ou reativação) do flúor" detecta a presença de agentes nervosos por um período mais longo após a exposição do que os métodos descritos acima. Essa técnica elimina algumas das deficiências dos procedimentos mais antigos. O sarin não só reage com a água no plasma sanguíneo20 através da hidrólise (formando os chamados "metabólitos18 livres"), como também reage com várias proteínas21 para formar "compostos proteicos", os quais não são tão facilmente removidos do corpo e permanecem por um período de tempo mais longo que os metabólitos18 livres. Esse processo permite diagnosticar a exposição mesmo em 5 a 8 semanas depois dela ter ocorrido.
Como o médico trata a intoxicação não letal pelo gás Sarin?
O tratamento da intoxicação não letal pelo gás sarin é tipicamente feito com os antídotos, atropina e pralidoxima. A atropina é administrada para tratar os sintomas7 fisiológicos da intoxicação e não contra-ataca os sintomas7 musculares. A pralidoxima pode regenerar as colinesterases, se administrada dentro de aproximadamente cinco horas a partir do início do episódio. O biperideno, um antagonista22 sintético da acetilcolina6, tem sido sugerido como uma alternativa à atropina devido à sua melhor penetração na barreira hematoencefálica e maior eficácia.
Leia também "Falta de ar", "Convulsões" e "Consequências da inalação de fumaça".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.