Intoxicação por mercúrio: causas, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, prevenção
O que é o mercúrio?
Na natureza, o mercúrio pode ser encontrado em diversas formas: elementar (metálico); inorgânico (cloreto de mercúrio, por exemplo) e orgânico (etil e metilmercúrio, por exemplo). O mercúrio elementar é o único metal líquido na temperatura ambiente, sendo altamente volátil. Evapora-se com facilidade para a atmosfera, de onde retorna com as chuvas, contaminando rios e lagos. Em seu estado elementar natural é um metal líquido prateado, muito denso, que possui uma tensão superficial muito alta, capaz de formar pequenas esferas. É bom condutor de eletricidade e mau condutor de calor (quando comparado a outros metais).
Seu uso industrial é bastante amplo podendo ser utilizado em termômetros, barômetros, lâmpadas, medicamentos, espelhos, detonadores e corantes, entre outros usos.
O mercúrio é um tóxico celular geral, provocando desintegração de tecidos e bloqueio dos sistemas enzimáticos fundamentais para a oxidação celular, agindo como veneno protoplasmático. Ele é tóxico para o homem em qualquer de suas formas, mas o mercúrio elementar representa a maior fonte de problemas, ou a mais identificável delas.
Graças à sua propriedade de ser solúvel em gorduras, o mercúrio atravessa as mucosas1 e assim se torna um metal muito perigoso quando em contato com o organismo humano, quer seja pela via aérea, cutânea2 ou por ingestão. Depois de absorvido por uma dessas vias ele cai na corrente sanguínea e se deposita em vários órgãos, aos quais danifica. Os danos causados por ele em geral são graves e permanentes.
Quais são as causas da intoxicação pelo mercúrio?
A pessoa que lida diretamente com o mercúrio elementar expõe-se a vapores invisíveis desprendidos pelo metal, os quais são aspirados e entram no organismo através do sangue3. Mas a contaminação por mercúrio pode também acontecer por ingestão. A utilização de peixes e crustáceos contaminados é uma das fontes de contaminação pelo metal. Os compostos solúveis do mercúrio são absorvidos pelas mucosas1, os vapores por via da inalação e os insolúveis pela pele4 e pelas glândulas sebáceas5. Uma vez no sangue3, ele se fixa às proteínas6 (albumina7) e aos glóbulos vermelhos, sendo daí distribuído para vários sistemas orgânicos. O mercúrio pode transpor a barreira placentária e atingir fetos em desenvolvimento em mulheres gestantes, causando grandes danos a eles.
Quais são os principais sinais8 e sintomas9 da intoxicação pelo mercúrio?
O mercúrio concentra-se nos rins10, fígado11, sangue3, medula óssea12, intestinos13, aparelho respiratório14, mucosa15 bucal, glândulas salivares16, cérebro17, ossos e pulmões18. A intoxicação aguda, se inalatória, pode provocar alguns dos seguintes sintomas9: bronquite, edema pulmonar19, salivação excessiva, gosto metálico na boca20, lesões21 renais, tremores, convulsões, sede, dor abdominal, vômito22, diarreia23, alucinações24, irritabilidade, perda de memória, confusão mental, anormalidades nos reflexos, coma25 e morte. Na pele4 pode surgir irritação cutânea2, edema26 e pústula27 ulcerosa. Na exposição prolongada (crônica) pode ocorrer inflamação28 da gengiva, amolecimento dos dentes, inchação das glândulas salivares16, excesso de saliva, tremores, vertigem29, rubor, irritabilidade, perda de memória, alucinações24, perda do controle muscular, insônia, depressão, pesadelos e lesões21 na pele4. O mercúrio pode atravessar também a barreira hematoencefálica e ter efeitos desastrosos sobre o sistema nervoso30, que vão desde lesões21 leves até à vida vegetativa e à morte.
Como o médico diagnostica a intoxicação por mercúrio?
O diagnóstico31 de intoxicação por mercúrio pode ser difícil porque os sintomas9 são comuns a uma grande gama de doenças, mas além dos sintomas9 a história de contatos com o metal tem uma importância decisiva.
Como o médico trata a intoxicação por mercúrio?
A intoxicação pode ser aguda ou crônica. Na intoxicação aguda deve-se fazer lavagem gástrica32 para remover o tóxico, usando-se água albuminosa ou leite de magnésia. Como vomitivo pode-se usar água morna (não no caso de cloreto de mercúrio, por ser cáustico). Pode-se usar também laxantes33 e eméticos para ajudar a eliminar a substância. Como antídoto34 pode ser usado o dimercaprol. No caso de intoxicação crônica deve-se afastar o paciente do local ou fonte de intoxicação, manter nutrição35 por via endovenosa ou oral, tratar a oligúria36 (diminuição do volume de urina37), se houver, fazer terapia de sustentação e ministrar substâncias queladoras (moléculas que se ligam ao metal têm uma taxa de excreção mais elevada do que os ligandos endógenos).
Quais são os primeiros socorros a serem prestados na intoxicação aguda?
Todos estes cuidados devem ser prescritos e indicados por um médico.
- Na inalação, retirar a pessoa do ambiente contaminado.
- Administrar oxigênio, se necessário.
- Administrar BAL (2-3 dimercaptopropanol), por via intramuscular.
- Na intoxicação crônica, embora não haja antídoto34 específico, pode-se tentar a penicilamina (250 mg, 4 vezes ao dia, durante 10 dias).
- Fazer controle da excreção urinária do mercúrio.
- Na ingestão recente é indicada a indução do vômito22, se o paciente está consciente e não tem convulsões.
- Pode ser usado xarope de ipeca ou água morna, como vomitivos.
- Fazer lavagem gástrica32, se necessário.
- No contato com a pele4, lavar bem com água e sabão.
- No contato com os olhos38, lavar bem com água corrente.
Como prevenir a intoxicação por mercúrio?
- Evitar manusear diretamente o metal.
- Evitar o consumo dos frutos do mar mais capazes de acumular esse metal (principalmente as espécies carnívoras), como tubarão, peixe espada, cavala, filé de atum, cação e arenque. Preferir os que têm menor chance de contaminação, como camarão, truta, salmão, atum enlatado e haddock.
- De preferência, usar alimentos orgânicos.
Como evolui a intoxicação pelo mercúrio?
A intoxicação por mercúrio pode gerar alterações orgânicas graves e irreversíveis, inclusive mortais.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.