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Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

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O que é Língua1 Brasileira de Sinais2 - LIBRAS?

Libras é a sigla para Língua1 Brasileira de Sinais2, que é a forma de comunicação e expressão dos surdos no Brasil. A Libras é uma língua1 gestual-visual, que se exprime através da combinação de sinais2 com gestos manuais e expressões faciais, mas não é uma simples gestualização da língua1 portuguesa, e sim uma língua1 autônoma, à parte.

Libras é estruturada em níveis fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos e, por isso, é reconhecida pela linguística como uma língua1, e não simplesmente como uma linguagem. Para entender-se as diferenças entre língua1 e linguagem, pensemos numa pessoa que está num país estrangeiro sem saber o idioma local. Ela poderá se fazer entender através de gestos e sinais2, mas essa comunicação não é sistematizada, não tem regras permanentes e é individual: é uma linguagem de sinais2, não uma língua1.

A Libras constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, para as pessoas surdas do Brasil. Ela não é universal, assim como nenhuma outra língua1 de sinais2; cada país tem a sua própria língua1 de sinais2.

Veja também sobre "Implante3 coclear", "Aparelho auditivo ancorado no osso" e "Surdez congênita4".

Um pouco da história da Língua1 Brasileira de Sinais2 – LIBRAS

Na pré-história, a comunicação era feita usando as mãos5. Ainda hoje, mesmo as pessoas que dispõem da fala usam as mãos5 para tornar mais expressivas as suas comunicações. Aos poucos, a comunicação manual foi substituída pela oralidade e, por causa da predominância da língua1 oral, os surdos começaram a ser excluídos do convívio humano.

Na Grécia antiga, os surdos eram abertamente marginalizados, pois, para os gregos, sem a fala, não havia linguagem e nem conhecimento. Na Roma antiga, os surdos também eram privados de seus direitos. Na Idade Média, até o século XII, a Igreja Católica considerava que a alma dos surdos não era imortal, pois eles não podiam pronunciar os sacramentos. Foi somente na Idade Moderna que surgiu o primeiro professor de surdos, o monge beneditino Pedro Ponce de León, nascido na Espanha. Outras contribuições vieram de John Bulwer, médico inglês que viveu até 1656. Bulwer é considerado um dos primeiros a defender o uso de sinais2 gestuais para a criação de uma língua1 para surdos, embora o grande nome no desenvolvimento de uma língua1 de surdos foi o do abade e professor francês Charles-Michel de l'Épée. Ele foi o primeiro a criar, em 1755, um alfabeto de sinais2 para alfabetizar surdos.

O método criado por l'Épée, teve grande importância na consolidação da Libras. O pioneiro na educação de surdos no Brasil foi o professor francês Ernest Huet, que também era surdo, a partir de 1855, tendo vindo para cá a convite do imperador Pedro II. Dois anos depois (1857), foi criado o Imperial Instituto de Surdos-Mudos, a primeira escola voltada para a educação de surdos.

Foi por meio da Língua1 de Sinais2 Francesa que se estabeleceram as bases para a formulação de uma língua1 de sinais2 própria do Brasil. Em 1911, contudo, o Instituto Nacional de Educação de Surdos, antigo Imperial Instituto de Surdos-Mudos, aceitou a determinação de que o oralismo puro deveria ser a única forma de educação dos surdos no país e a língua1 de sinais2 foi, então, marginalizada.

Foi somente no final da década de 1970 que passou a ser utilizado um método mais global, caracterizado pela utilização da língua1 de sinais2, linguagem oral e outros meios que facilitavam a comunicação. Novos avanços aconteceram com a Constituição Brasileira de 1988 e com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996.

No ano 2000, a Libras foi “reconhecida como meio legal de comunicação e expressão de pessoas surdas do Brasil”, embora esse fato só tenha tido efeitos práticos a partir de 2002. Assim, o Brasil tem, atualmente, duas línguas oficiais: o português e a Libras, que é a língua1 oficial dos surdos.

Principais características da Língua1 Brasileira de Sinais2

A Libras é a língua1 materna do surdo brasileiro, isto é, a primeira língua1 com a qual ele tem contato. A Libras está diretamente ligada a movimentos e expressões faciais para ser compreendida pelo receptor da mensagem. Uma frase negativa, por exemplo, será interpretada graças ao movimento da cabeça6, e uma pergunta será entendida como questionamento pela expressão facial de dúvida. As expressões faciais são complementos dos sentidos das frases ditas em Libras e, por isso, essa língua1 pertence à modalidade gestual-visual.

Como foi dito, ao contrário do que muitos acreditam, a Libras não é uma linguagem e sim uma língua1, pois possui regras, estruturas, sintaxe, semântica e pragmática próprias bem definidas, e é falada por um povo, inclusive com variações regionais, como acontece com a língua1 oral natural. As suas estruturas frasais, por exemplo, não obedecem à estrutura da língua1 portuguesa, e são mais objetivas e flexíveis, mesmo que, em sua maioria, sigam o padrão sujeito-verbo-objeto.

As expressões faciais e corporais transmitem os sentimentos, o que nas línguas orais é transmitido pela entonação da voz. Por exemplo, a frase “Eu vou ao cinema hoje logo mais à noite”, em Libras pode ser transmitida como “Eu-cinema-hoje-noite” ou ainda mais sinteticamente. Na Libras cada palavra possui um sinal7 próprio e, quando ainda não há um sinal7, podemos identificá-la por meio do alfabeto em Libras. Atualmente, está sendo desenvolvido um sistema de caracteres especiais com o objetivo de dotar a língua1 de sinais2 de uma estrutura escrita.

Com a evolução da tecnologia, no entanto, é importante lembrar que muitos bebês8 que nasceram surdos e muitas pessoas que perderam a audição mais tarde podem voltar a ouvir através, por exemplo, de um implante3 coclear. E algumas pessoas adaptadas à língua1 de sinais2 deixam de recorrer a esses recursos.

Leia sobre "A vergonha e a deficiência auditiva", "Remédios que podem levar à perda auditiva" e "Novas perspectivas no tratamento da surdez neurossensorial".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da USP – Universidade de São Paulo e da Câmara Municipal de São Paulo.

ABCMED, 2021. Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1396935/lingua-brasileira-de-sinais-libras.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Língua:
2 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
3 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
4 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
5 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
6 Cabeça:
7 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
8 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
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