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Infertilidade masculina

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O desejo de se reproduzir

O desejo de ter filhos existe de uma maneira ingente em praticamente todas as pessoas e ultrapassa a deliberação consciente de cada um. Embora ele pareça mais intenso nas mulheres, ele é igualmente forte nos homens. As diferenças são apenas sociais. Os homens procriam na mesma proporção que as mulheres, afinal, eles são necessários para que haja a concepção1.

Reproduzir-se é um mandato da natureza e não uma mera decorrência da sexualidade e por isso muitos casais engravidam “sem querer”, tanto fora quanto dentro do casamento, apesar da racionalidade que possam ter em sentido contrário. Os homens que não geram filhos constituem raras exceções e sabe-se lá a que preço. Quando “decidem” ter um filho não estão fazendo mais do que recobrir com a vontade aquele mandato.

Mesmo pares homossexuais, embora satisfeitos em seus desejos libidinais, anseiam por um filho e procuram obtê-lo, ainda que por adoção. Quando a reprodução2 natural encontra obstáculos por motivos orgânicos, geralmente os homens buscam torná-la viável ou realizá-la por outros meios, a despeito dos grandes sofrimentos e gastos econômicos que isso implica.

O que é infertilidade3 masculina?

Infertilidade3 masculina é a dificuldade, mas não a impossibilidade total, de um homem se reproduzir, promovendo uma gravidez4 numa mulher sadia por meios naturais ou artificiais. Esterilidade5, por seu turno, implica a noção de incapacidade absoluta de promover a concepção1.

A infertilidade3 refere-se à situação em que um casal não consegue obter gravidez4 após um ano de relações sexuais frequentes, ao menos 2 vezes por semana, no período fértil feminino. A chance de um casal fértil engravidar é de 15 a 25% por mês (em cada ciclo menstrual) e, assim, após um ano de tentativas essa taxa terá atingido pelo menos 80%. Por isso, deve-se esperar esse tempo para iniciar uma investigação médica sobre infertilidade3, sendo que alguns médicos optam por esperar um ano e meio.

Em princípio, a infertilidade3 é do casal e a investigação das causas deve abranger a mulher e o homem. Só se pode falar em infertilidade3 masculina depois que alguma causa seja localizada no homem.

Saiba mais sobre "Diferenças entre infertilidade3 e esterilidade5", "Relações sexuais" e "Ciclo menstrual".

Quais são as causas da infertilidade3 masculina?

A infertilidade3 masculina pode ter várias causas. A primeira delas é a baixa produção ou a produção inadequada de espermatozoides6, decorrente de alterações hormonais, varicocele7 ou processos infecciosos e/ou inflamatórios. Normalmente, o homem deve ter 20 milhões de espermatozoides6 por mililitro de esperma8, e pelo menos 50% deles devem ser móveis, sendo capazes de viajar pela vagina9 e chegar à trompa para encontrar o óvulo10.

A varicocele7 (varizes11 que aparecem no cordão espermático12) pode atrapalhar a produção dos espermatozoides6, embora 60% dos portadores da doença não apresentem nenhuma alteração de fertilidade. O tabagismo requer uma atenção especial porque pode influenciar negativamente as chances de sucesso de uma gravidez4, reduzindo a qualidade do sêmen13, além de causar alterações nos níveis hormonais.

Outras causas muito habituais são o uso de certos medicamentos (tais como anabolizantes, medicamentos usados para combater a queda de cabelo14 e no tratamento de gastrites15, úlceras16, hipertensão arterial17 e infecções18 por fungos, por exemplo) e o abuso de álcool e drogas, que afetam diretamente o funcionamento dos gametas19 masculinos.

A obesidade20 e as dietas ou exercícios extremados também contribuem para uma queda na taxa de fertilidade masculina. O estresse pode ser outro fator relevante, causando problemas de impotência21, dificuldades de ejaculação22 e alterações na qualidade dos espermatozoides6.

Leia sobre "Varicocele7", "Parar de fumar", "Alcoolismo", "Dependência às drogas", "Obesidade20" e "Estresse".

Existem também vários tipos de processos infecciosos, tumores e malformações23 congênitas24 que podem alterar a anatomia sexual e/ou obstruir os canais que transportam os espermatozoides6 desde os testículos25 até o exterior, provocando infertilidade3 no homem.

Na maioria das vezes ocorrem problemas que podem ser detectados pelo exame do sêmen13. Pode haver diminuição do número de espermatozoides6, conforme o homem fica mais velho, ou os espermatozoides6 podem se tornar menos móveis ou mesmo perder totalmente a mobilidade, tornando-se incapazes de viajar através do útero26 até as trompas de Falópio. Em razão de causas genéticas ou adquiridas, pode haver alterações morfológicas dos espermatozoides6 ou uma total ausência de produção deles.

A vasectomia, voluntariamente provocada, impede os espermatozoides6 de chegarem ao sêmen13. Quando há alterações de temperatura nos testículos25, como ocorre na criptorquidia27, orquite28, varicocele7 ou permanência do homem em temperaturas ambientais elevadas, a qualidade do sêmen13 produzido também é afetada.

Como o médico diagnostica a infertilidade3 masculina?

Em se tratando de infertilidade3 masculina, o importante é determinar as suas causas e removê-las, quando possível. Como as causas da infertilidade3 são das mais diversas naturezas, os exames para diagnosticá-las são muito variados. A seleção deles deve partir de uma hipótese diagnóstica levantada a partir da história médica do paciente e do exame físico do mesmo.

O principal exame é o espermograma, que mensura a quantidade, mobilidade e forma dos espermatozoides6. Análises hormonais também podem ser requeridas. A ultrassonografia29 da bolsa testicular ajuda a avaliar vários aspectos dos testículos25. Um exame de urina30 pode ser útil no caso de ejaculação22 retrógrada. Outro exame importante é a fragmentação de DNA espermático, para avaliar o material genético do espermatozoide31. Se houver alterações nesse exame, os homens apresentam menor possibilidade de gerar gravidez4.

Veja mais sobre "Criptorquidia27", "Orquite28", "Azoospermia32", "Espermograma", "Vasectomia" e "Ejaculação22 retrógrada".

Como o médico trata a infertilidade3 masculina?

O tratamento depende do tipo e da causa da infertilidade3 e, por isso, é muito variado. O primeiro passo é um diagnóstico33 correto da situação. Muitas causas de infertilidade3 masculina podem ser tratadas por meio de procedimentos simples, mas em situações mais complexas é necessária a indicação de inseminação artificial. Em alguns casos, torna-se necessária uma cirurgia corretiva para resolver o problema.

O espermograma, em que se avalia o sêmen13, é o principal exame auxiliar. Num primeiro momento é feita uma análise macroscópica dele: cor, odor, viscosidade34, volume e pH. Microscopicamente, identificam-se concentração, motilidade e morfologia dos espermatozoides6.

Como evolui a infertilidade3 masculina?

Há causas de infertilidade3 masculina que podem ser corrigidas com o tratamento e outras que são definitivas. Progressos recentes nos desenvolvimentos de medicamentos, microcirurgias e técnicas de reprodução2 assistida têm tornado a gravidez4 possível a partir de um homem com dificuldades anteriores de engravidar uma mulher sadia.

Leia também sobre "Fertilização35 in vitro", "Inseminação artificial", "Reprodução2 assistida" e "Infertilidade3 feminina".

 

ABCMED, 2017. Infertilidade masculina. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-do-homem/1303263/infertilidade-masculina.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Concepção: O início da gravidez.
2 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
3 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
4 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
5 Esterilidade: Incapacidade para conceber (ficar grávida) por meios naturais. Suas causas podem ser masculinas, femininas ou do casal.
6 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
7 Varicocele: Dilatação venosa do cordão espermático. Em geral é assintomática e manifesta-se pelo aumento de tamanho da bolsa escrotal, mas podem ser dolorosas e causar infertilidade.
8 Esperma: Esperma ou sêmen. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O esperma é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
9 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
10 Óvulo: Célula germinativa feminina (haplóide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO.
11 Varizes: Dilatação anormal de uma veia. Podem ser dolorosas ou causar problemas estéticos quando são superficiais como nas pernas. Podem também ser sede de trombose, devido à estase sangüínea.
12 Cordão Espermático: Cada um dos pares de estruturas tubulares formado por DUCTOS DEFERENTES, ARTÉRIAS, VEIAS, VASOS LINFÁTICOS e nervos. Estende-se do anel inguinal profundo (através do CANAL INGUINAL) até os TESTÍCULOS (no ESCROTO).
13 Sêmen: Sêmen ou esperma. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O sêmen é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
14 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
15 Gastrites: Inflamação aguda ou crônica da mucosa do estômago. Manifesta-se por dor na região superior do abdome, acidez, ardor, náuseas, vômitos, etc. Pode ser produzida por infecções, consumo de medicamentos (aspirina), estresse, etc.
16 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
17 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
18 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
19 Gametas: Células reprodutoras encontradas em organismos multicelulares.
20 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
21 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
22 Ejaculação: 1. Ato de ejacular. Expulsão vigorosa; forte derramamento (de líquido); jato. 2. Em fisiologia, emissão de esperma pela uretra no momento do orgasmo. 3. Por extensão de sentido, qualquer emissão. 4. No sentido figurado, fartura de palavras; arrazoado.
23 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
24 Congênitas: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
25 Testículos: Os testículos são as gônadas sexuais masculinas que produzem as células de fecundação ou espermatozóides. Nos mamíferos ocorrem aos pares e são protegidos fora do corpo por uma bolsa chamada escroto. Têm função de glândula produzindo hormônios masculinos.
26 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
27 Criptorquidia: 1. Falha na descida de testículo para o escroto, também conhecida como criptorquia.
28 Orquite: Inflamação de um ou ambos os testículos. Freqüentemente se produz como complicação de uma infecção do trato urinário ou sexual. A infecção pelo vírus da caxumba pode produzir orquite. As pessoas podem sentir dor, inchaço e coloração avermelhada do escroto.
29 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
30 Exame de urina: Também chamado de urinálise, o teste de urina é feito através de uma amostra de urina e pode diagnosticar doenças do sistema urinário e outros sistemas do organismo. Alguns testes são feitos em uma amostra simples e outros pela coleta da urina durante 24 horas. Pode ser feita uma cultura da urina para verificar o crescimento de bactérias na urina.
31 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
32 Azoospermia: Ausência de espermatozódes no líquido seminal.
33 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
34 Viscosidade: 1. Atributo ou condição do que é viscoso; viscidez. 2. Resistência que um fluido oferece ao escoamento e que se deve ao movimento relativo entre suas partes; atrito interno de um fluido.
35 Fertilização: Contato entre espermatozóide e ovo, determinando sua união.
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