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Depressão pós-parto

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O que é depressão pós-parto?

Depressão pós-parto é uma variação negativa do estado de ânimo que ocorre logo após o parto. Mais raramente, pode ocorrer uma forma grave de depressão pós-parto acompanhada de sintomas1 psicóticos, conhecida como psicose2 pós-parto. Anteriormente, acreditava-se que somente as mulheres pudessem sofrer depressões pós-parto, mas estudos mais recentes mostram que essa condição também pode afetar os homens.

Quais são as causas da depressão pós-parto?

Acredita-se que não haja uma causa única para a depressão pós-parto e que fatores físicos, emocionais e de estilo de vida possam influenciar de alguma forma no surgimento da condição. Após o parto, ocorre uma mudança brusca da constelação hormonal da mulher, o que por si só contribui para um quadro de grande variabilidade do humor. Estas alterações hormonais podem produzir alterações químicas no cérebro3 que resultam em depressão. Somam-se a isto fatores emocionais próprios do nascimento de uma criança: privação de sono, pressão psicológica de natureza variada, sentimento de estar menos atraente, de que perdeu o controle sobre sua vida etc. Quanto ao estilo de vida, muitos fatores interferem: um bebê que exige muito, dificuldades de amamentação4, ciúmes dos filhos mais velhos, problemas financeiros, falta de apoio de pessoas próximas etc. Além disso os inúmeros ajustes na rotina que seguem o nascimento de um bebê e as próprias emoções da experiência do parto podem contribuir para este estado de depressão.

Os fatores de risco para depressão pós-parto incluem história anterior de depressão, falta de apoio de pessoas próximas, estresse com um recém-nascido eventualmente doente, problemas financeiros ou familiares, limitações físicas, depressão durante a gravidez5, antecedente de transtorno bipolar, história familiar de depressão, disforia6 (alterações de humor) pré-menstrual e violência doméstica.

Qual é a fisiopatologia7 da depressão pós-parto?

Ao final da gravidez5, ocorrem alterações hormonais relativamente bruscas que motivam grandes alterações do humor. Por isso, muitas mulheres apresentam disforias8 e crises de choro após o parto que, geralmente, desaparecem rapidamente. No entanto, algumas mães experimentam esses sintomas1 com mais intensidade, dando origem à depressão pós-parto. A esses fatores bioquímicos somam-se outros, psicológicos e ambientais.

Quais são as principais características clínicas da depressão pós-parto?

Os sintomas cardinais9 da depressão pós-parto são tristeza, desesperança e perda do interesse ou não sentir prazer na maioria das atividades diárias. Um sintoma10 particularmente grave de depressão é pensar na morte e no suicídio. Algumas pessoas com depressão pós-parto também podem ter uma vontade súbita e assustadora de prejudicar seus bebês11. A paciente afetada poderá perder ou ganhar peso, ter alterações no apetite e no sono, ter inquietação, indisposição, cansaço, falta de energia, sentimentos de culpa, dificuldades de concentração e de tomar decisões, ansiedade e excesso de preocupação. Os ritmos psicológicos estão todos lentificados. Na psicose2 pós-parto os sintomas1 podem ser: sentir-se desconectada de seu bebê e das pessoas à volta; sono perturbado; pensamento confuso e desorganizado; mudanças drásticas de humor e comportamento bizarro, agitação ou inquietação; alucinações12 visuais, auditivas e/ou olfativas e pensamento delirante que não se baseia na realidade.

Como o médico diagnostica a depressão pós-parto?

O diagnóstico13 se baseia fundamentalmente nos sintomas1 e na história clínica da paciente. O Manual Diagnóstico13 e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria, considera depressão pós-parto um subtipo da depressão maior. De acordo com o manual, para que se fale em depressão pós-parto, os sinais14 e sintomas1 da depressão devem aparecer dentro de quatro semanas após o parto. Além disso, o médico provavelmente irá realizar exames de sangue15 para determinar se há alguma disfunção orgânica que esteja contribuindo para o quadro. Se houver suspeitas de alguma outra alteração orgânica, exames de imagens também podem ser solicitados.

Como o médico trata a depressão pós-parto?

Os antidepressivos são frequentemente utilizados no tratamento das depressões pós-parto. Em geral, leva de uma a três semanas após o início do tratamento para a paciente começar a sentir-se melhor, prazo este que pode prolongar-se até oito semanas. Para evitar uma recaída, os antidepressivos devem ser utilizados por, pelo menos, seis meses, mesmo que a paciente apresente grandes melhoras antes disso. Pacientes que tenham tido várias crises anteriores de depressão podem precisar tomar o medicamento por um tempo maior. Ainda é discutível se a reposição hormonal pode prevenir ou tratar a depressão pós-parto. Pacientes com depressão pós-parto moderada a grave devem combinar a medicação com a psicoterapia ou aconselhamento interpessoal. A psicose2 pós-parto requer tratamento imediato, muitas vezes no hospital, com antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor. Às vezes, mesmo a eletroconvulsoterapia pode ser recomendável.

Quais são as complicações possíveis da depressão pós-parto?

A psicose2 pós-parto ou o seu tratamento podem fazer com que a mãe tenha de afastar-se do seu bebê por muito tempo, tornando a amamentação4 difícil. Entre outras razões, porque alguns medicamentos utilizados no tratamento não devem ser usados por mulheres que estejam amamentando. A depressão pós-parto não tratada pode durar meses ou anos, por vezes tornar-se um distúrbio depressivo crônico16 e, mesmo quando tratada, ela aumenta o risco de futuros episódios depressivos.

ABCMED, 2016. Depressão pós-parto. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/829569/depressao-pos-parto.htm>. Acesso em: 15 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
3 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
4 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
5 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
6 Disforia: Estado caracterizado por ansiedade, depressão e inquietude.
7 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
8 Disforias: Estado caracterizado por ansiedade, depressão e inquietude.
9 Sintomas cardinais: Sintomas principais ou fundamentais.
10 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
12 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
13 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
14 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
15 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
16 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.

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