Parto a termo: o que é? Como é o trabalho de parto? Quais os tipos que existem?
O que é parto a termo?
Comumente chama-se parto a termo aquele que ocorre entre 37 e 42 semanas (258 a 293 dias) de gravidez1. Considera-se prematuro o parto que acontece antes de 37 semanas e parto pós-maturo o que só ocorre após 42 semanas de gestação. Ambos os casos são situações anômalas, que envolvem riscos para mãe e para a criança e que demandam cuidados especiais. Em geral, a mulher grávida conta esse tempo a partir da sua última menstruação2. Contudo, o National Institute of Child Health and Human Development, dos Estados Unidos, sugere que o parto só deve ser considerado rigorosamente a termo se o nascimento se dá entre a 39ª e a 41ª semanas de gestação e que as crianças nascidas entre 37 e 39 semanas ou entre a 41ª e 42ª semanas apresentam peculiaridades especiais, diferentes daquelas nascidas entre as semanas 39ª a 41ª, principalmente quanto à morbidade3 e à mortalidade4 infantis. Hoje em dia, a ultrassonografia5 é capaz de estabelecer com boa precisão a idade gestacional, de tal forma que havendo divergências entre ela e as informações da paciente é na ultrassonografia5 que o médico deve confiar.
Quais são os sintomas6 e os sinais7 do trabalho de um parto a termo?
Chama-se de trabalho de parto à sequência de acontecimentos fisiológicos que prenunciam e desencadeiam o parto (expulsão da criança do interior do útero8 materno). Os fenômenos que o constituem são comandados e programados pela natureza, mas a atuação do médico e da própria mãe pode facilitá-lo muito. De um modo geral, ele acontece na chamada data provável de parto (DPP), a qual, como se vê, compreende um período muito pequeno. O fenômeno mais chamativo do trabalho de parto e característico dele é uma série de contrações uterinas dolorosas, a intervalos mais ou menos regulares. Essas contrações tendem a aumentar progressivamente em número e intensidade, a acontecerem a intervalos menores à medida que o nascimento se aproxima e podem variar de acordo com o estado psicológico da mulher. Elas constituem as tão propaladas “dores do parto”. Além delas, ocorre dilatação do colo do útero9 e certa dilatação da bacia e dos músculos10 do períneo11, de modo a facilitar a expulsão do feto12.
Que tipos de parto a termo são possíveis?
Quase com certeza, todo mundo já ouviu falar em: parto normal, parto vaginal, parto a fórceps, parto na água, parto natural, parto de cócoras, parto humanizado, parto Leboyer, parto sem dor, parto por cesariana, etc. Algumas dessas expressões referem-se a um mesmo tipo de processo, mas outras nomeiam modalidades distintas de partos. Assim:
- Parto normal a termo é aquele em que o feto12 é expulso pela vagina13, depois do tempo normal de gestação. Por isso, é também dito parto vaginal. Ele é todo preparado e executado pela natureza e apenas facilitado pelo médico e, inclusive, algumas vezes prescinde dessa ajuda.
- Parto natural é um parto normal em que o médico simplesmente acompanha o nascimento sem fazer intervenções.
- Parto humanizado não é uma nova técnica, mas o respeito à fisiologia14 do parto e à mulher. Ele consiste em dar atenção às necessidades da mulher e não às conveniências ou burocracias do hospital, no momento do nascimento.
- Parto a fórceps, hoje em dia pouco utilizado, é o parto via vaginal no qual se utiliza um instrumento chamado fórceps, semelhante a uma colher, que se ajusta nos lados da cabeça15 do bebê e realiza uma pequena tração sobre ela, para ajudar a expulsão fetal. Mal utilizado, esse tipo de parto pode causar lesões16 neurológicas irreversíveis ao bebê.
- Parto na água também é um parto vaginal, realizado com a mãe imersa em uma banheira com água a 36° a 38ºC. Assim, ele proporciona relaxamento muscular profundo da mãe e alívio das dores que a gestante sente na fase final do trabalho de parto.
- Parto de cócoras é idêntico ao parto natural, mudando a posição da mãe, que em vez de ficar na posição ginecológica17 usual mantém-se de cócoras. Assim, o parto é mais rápido, pois a expulsão do bebê conta com a ajuda da gravidade, é mais cômodo para a mulher e mais saudável para o bebê.
- Parto Leboyer visa diminuir os impactos da transição entre o ambiente uterino e o ambiente exterior. Para isso, deve ser feito em ambiente com pouca luz, silencioso, ser dado o banho após o nascimento perto da mãe e o bebê dever ser colocado precocemente no colo18 da mãe.
- Parto sem dor é o parto realizado com a aplicação de anestesia19 peridural20 ou raquidiana.
- Parto por cesariana não é um parto vaginal. A cesariana é uma cirurgia abdominal de grande porte em que o obstetra realiza uma incisão21 no abdômen e no útero8 da mulher para retirar o bebê através desse espaço. Ela tem indicações médicas precisas, mas frequentemente é realizada como simples opção por gestantes e obstetras que não desejam o parto normal.
Como se dá o parto normal a termo?
Os primeiros sinais7 de que chegou a hora do bebê nascer são o rompimento da bolsa amniótica22 com expulsão do líquido amniótico23 pela vagina13 e o início de contrações uterinas rítmicas e cada vez mais intensas. Esse é o momento de se dirigir para a maternidade. Quando a mulher chegar ao hospital, devem ser adotados os procedimentos rotineiros como aferição de temperatura, da pressão arterial24 e da frequência cardíaca e, eventualmente, deve ser feita uma lavagem intestinal e a raspagem dos pelos pubianos. As contrações uterinas normalmente tornam-se mais frequentes e intensas à medida que o trabalho de parto evolui. Se as dores provocadas por elas forem muito intensas, pode-se aplicar uma anestesia19 peridural20. Durante elas o médico ou uma enfermeira especializada verificam periodicamente a dilatação do colo do útero9. Quando ele estiver suficientemente dilatado para possibilitar a passagem do bebê e as contrações se tornarem muito fortes, as paredes do útero8 farão pressão sobre o bebê e, em conjunto com o esforço da mãe e do médico, impulsionarão a criança para fora. Nessa fase, pode ser feita uma episiotomia25, que consiste em um corte cirúrgico feito na região perineal26 para aumentar o alargamento vaginal e auxiliar a saída do bebê, a qual é suturada imediatamente após o parto e, normalmente, cicatriza em poucos dias. Em muitos casos a episiotomia25 não é necessária. Após a expulsão do bebê, o útero8 se contrai mais uma vez para expulsar a placenta. Correndo tudo normalmente, está terminado o parto.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.