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Glândulas adrenais

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O que são as glândulas1 adrenais?

As glândulas1 adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas glândulas endócrinas2 situadas acima dos polos superiores de ambos os rins3, que secretam hormônios na corrente sanguínea. A glândula4 adrenal direita tem formato triangular, enquanto a esquerda assemelha-se a uma meia-lua.

Elas são envolvidas por uma cápsula fibrosa, têm cerca de 5 centímetros e dividem-se em duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de colesterol5) e medula6 (parte central).

Como funcionam as glândulas1 suprarrenais?

As glândulas1 adrenais são parcialmente controladas pelo hipotálamo7, uma pequena área do cérebro8 envolvida na regulação hormonal. Ele produz o hormônio9 liberador de corticotrofina (CRH) e a vasopressina (também conhecida como hormônio9 antidiurético). A vasopressina e o CRH induzem a hipófise10 a secretar corticotrofina (também chamada de hormônio9 adrenocorticotrófico ou ACTH), que estimula as glândulas1 adrenais a produzirem corticosteroides.

O sistema renina-angiotensina-aldosterona, regulado principalmente pelos rins3, faz com que as glândulas1 adrenais produzam uma quantidade maior ou menor de aldosterona. O corpo controla os níveis de corticosteroides de acordo com sua necessidade. Os níveis tendem a ser muito mais altos de manhã cedo do que no fim do dia. Quando o organismo está estressado devido a uma doença, por exemplo, ocorre um aumento drástico nos níveis de corticosteroide.

A medula6 suprarrenal, a parte interna da glândula4, secreta hormônios, como a adrenalina11 (ou epinefrina), que ajudam a controlar a pressão arterial12, a frequência cardíaca, a produção de suor e outras atividades que também são reguladas pelo sistema nervoso13 simpático14.

O córtex, sua parte externa, secreta vários hormônios como corticosteroides (hormônios semelhantes à cortisona, como cortisol) e os mineralocorticoides (sobretudo a aldosterona, que controla a pressão arterial12 e os níveis de sal e de potássio no organismo). O córtex adrenal também produz uma pequena quantidade de hormônios esteroides sexuais masculinos (testosterona e similares).

Saiba mais sobre "Síndrome de Cushing15", "Síndrome16 de Sheehan","Corticoides" e "Tumores da hipófise10".

Quais são os principais distúrbios das glândulas1 adrenais?

Os distúrbios adrenais podem estar relacionados ao excesso ou à insuficiência17 de secreção hormonal. No caso de uma secreção insuficiente de hormônio9, o problema pode estar relacionado com as próprias glândulas1 adrenais (uma doença primária, como, por exemplo, a doença de Addison), ou pode ser decorrente de um problema com a hipófise10 ou o hipotálamo7, que não estão estimulando adequadamente as adrenais.

No caso de excesso de hormônio9, o distúrbio resultante depende do tipo de hormônio9 excedente: a secreção excessiva de glicocorticoides gera a síndrome de Cushing15; a secreção excessiva de aldosterona provoca o hiperaldosteronismo; a secreção excessiva de adrenalina11 e noradrenalina18 leva ao feocromocitoma19 e a secreção excessiva de andrógenos20 (hormônios sexuais masculinos) resulta na virilização.

A doença de Addison (ou insuficiência17 adrenal crônica, ou hipocortisolismo) ocorre por uma atrofia21 das glândulas1 suprarrenais. Essa condição pode afetar tanto homens como mulheres em qualquer idade. A doença é rara, atingindo apenas uma ou duas pessoas num grupo de 100.000 indivíduos. Ela deve ser distinguida da insuficiência17 suprarrenal secundária, na qual a hipófise10 não produz o hormônio9 adrenocorticotrófico (ACTH) suficiente para estimular a glândula4 suprarrenal. É assim denominada em homenagem ao médico inglês Thomas Addison, que a descreveu em 1855.

A síndrome de Cushing15 ocorre quando o indivíduo é exposto a altos níveis de cortisol durante um longo tempo. Quando isso ocorre em razão de um tumor22, a condição é dita doença de Cushing. A síndrome de Cushing15 é um conjunto de sinais23 e sintomas24 semelhantes aos da doença de Cushing, mas causada por outro motivo, inclusive devido ao uso de certos medicamentos. A doença de Cushing é, pois, diferente da síndrome de Cushing15, não tanto quanto aos sintomas24, mas quanto à causa e, consequentemente, ao tratamento.

O hiperaldosteronismo é a produção excessiva de aldosterona pelas glândulas1 suprarrenais. Há dois tipos de hiperaldosteronismo: (1) hiperaldosteronismo primário, em que as suprarrenais são originalmente afetadas por um adenoma25 geralmente não canceroso e (2) hiperaldosteronismo secundário, em que elas são afetadas secundariamente, em consequência de outras doenças ou condições.

feocromocitoma19 é um tumor22 raro e diminuto de células26 cromafins que se desenvolvem na camada medular das glândulas1 suprarrenais ou, em casos ainda mais raros, em outros locais. Esses tumores secretam catecolaminas tais como adrenalina11, noradrenalina18 e dopamina27, todas elas tendo a ação de elevar a pressão arterial12. Embora geralmente benigno, o risco desse tumor22 está na possibilidade de desencadear crises hipertensivas potencialmente fatais.

A virilização em geral decorre de uma hiperplasia28 adrenal congênita29. É uma doença hereditária rara, caracterizada pelo crescimento exagerado do córtex da glândula4 adrenal e um defeito hereditário na biossíntese do cortisol. A pessoa com essa doença produz em menor quantidade os hormônios cortisol e aldosterona e em excesso os androgênicos30, que são hormônios masculinizantes. Além disso, o decréscimo da produção de cortisol leva a um aumento do hormônio9 adrenocorticotrófico (ACTH) e estimula a produção de esteroides adrenais. A doença pode variar de uma forma leve, em que os indivíduos permanecem assintomáticos, até uma forma severa, com virilização ostensiva da genitália31.

Veja também sobre "Síndrome16 de Conn", "Hipertensão arterial32 na infância", "Hipertensão arterial32" e "Crises hipertensivas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH - National Institutes of Health e da Mayo Clinic.

ABCMED, 2023. Glândulas adrenais. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1433145/glandulas-adrenais.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
2 Glândulas endócrinas: Grupo de células especializadas em liberar hormônios na corrente sangüínea. Por exemplo, as células das ilhotas pancreáticas que secretam insulina são glândulas endócrinas.
3 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
4 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
5 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
6 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
7 Hipotálamo: Parte ventral do diencéfalo extendendo-se da região do quiasma óptico à borda caudal dos corpos mamilares, formando as paredes lateral e inferior do terceiro ventrículo.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
10 Hipófise:
11 Adrenalina: 1. Hormônio secretado pela medula das glândulas suprarrenais. Atua no mecanismo da elevação da pressão sanguínea, é importante na produção de respostas fisiológicas rápidas do organismo aos estímulos externos. Usualmente utilizado como estimulante cardíaco, como vasoconstritor nas hemorragias da pele, para prolongar os efeitos de anestésicos locais e como relaxante muscular na asma brônquica. 2. No sentido informal significa disposição física, emocional e mental na realização de tarefas, projetos, etc. Energia, força, vigor.
12 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
13 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
14 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
15 Síndrome de Cushing: A síndrome de Cushing, hipercortisolismo ou hiperadrenocortisolismo, é um conjunto de sinais e sintomas que indicam excesso de cortisona (hormônio) no sangue. Esse hormônio é liberado pela glândula adrenal (também conhecida como suprarrenal) em resposta à liberação de ACTH pela hipófise no cérebro. Níveis elevados de cortisol (ou cortisona) também podem ocorrer devido à administração de certos medicamentos, como hormônios glicocorticoides. A síndrome de Cushing e a doença de Cushing são muito parecidas, já que o que a causa de ambas é o elevado nível de cortisol no sangue. O que difere é a origem dessa elevação. A doença de Cushing diz respeito, exclusivamente, a um tumor na hipófise que passa a secretar grande quantidade de ACTH e, consequentemente, há um aumento na liberação de cortisol pelas adrenais. Já a síndrome de Cushing pode ocorrer, por exemplo, devido a um tumor presente nas glândulas suprarrenais ou pela administração excessiva de corticoides.
16 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
17 Insuficiência: Incapacidade de um órgão ou sistema para realizar adequadamente suas funções.Manifesta-se de diferentes formas segundo o órgão comprometido. Exemplos: insuficiência renal, hepática, cardíaca, respiratória.
18 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
19 Feocromocitoma: São tumores originários das células cromafins do eixo simpático-adrenomedular, caracterizados pela autonomia na produção de catecolaminas, mais freqüentemente adrenalina e/ou noradrenalina. A hipertensão arterial é a manifestação clínica mais comum, acometendo mais de 90% dos pacientes, geralmente resistente ao tratamento anti-hipertensivo convencional, mas podendo responder a bloqueadores alfa-adrenérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio e nitroprussiato de sódio. A tríade clássica do feocromocitoma, associado à hipertensão arterial, é composta por cefaléia, sudorese intensa e palpitações.
20 Andrógenos: Termo genérico para qualquer composto natural ou sintético, geralmente um hormônio esteróide, que estimula ou controla o desenvolvimento e manutenção das características masculinas em vertebrados ao ligar-se a receptores andrógenos. Isso inclui a atividade dos órgãos sexuais masculinos acessórios e o desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas. Também são os esteróides anabólicos originais. São precursores de todos os estrógenos, os hormônios sexuais femininos. São exemplos de andrógenos: testosterona, dehidroepiandrosterona (DHEA), androstenediona (Andro), androstenediol, androsterona e dihidrotestosterona (DHT).
21 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
22 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
23 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Adenoma: Tumor do epitélio glandular de características benignas.
26 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
27 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
28 Hiperplasia: Aumento do número de células de um tecido. Pode ser conseqüência de um estímulo hormonal fisiológico ou não, anomalias genéticas no tecido de origem, etc.
29 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
30 Androgênicos: Relativos à androgenia e a androgênios. Androgênios são hormônios esteroides, controladores do crescimento dos órgãos sexuais masculinos. O hormônio natural masculino é a testosterona.
31 Genitália: Órgãos externos e internos relacionados com a reprodução. Sinônimos: Órgãos Sexuais Acessórios; Órgãos Genitais; Órgãos Acessórios Sexuais
32 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
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