A resistência aos antibióticos e as superbactérias
O que é resistência aos antibióticos?
A “resistência aos antibióticos” é a resistência cada vez maior das bactérias à ação terapêutica1 dos antibióticos, as quais se tornam mais fortes por causa do uso deles de forma errada. A resistência aos antimicrobianos, de modo geral, e especialmente aos antibióticos, é um tema que preocupa o mundo todo, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, porque ela está criando bactérias resistentes.
Este termo geralmente é usado em relação às bactérias, contra as quais são usados os antibióticos, mas há também uma resistência antimicrobiana mais ampla que é a capacidade que adquire qualquer micróbio de resistir aos efeitos da medicação que anteriormente era utilizada para extingui-lo. Fala-se em resistência aos antibióticos quando se trata de resistência às bactérias, mas há também uma resistência aos fungos (resistência antifúngica), aos vírus2 (resistência antiviral), aos protozoários3 (resistência antiprotozoária) e até aos defensores agrícolas.
Saiba mais sobre "Usos e abusos dos antibióticos", "Bactérias", "Vírus2" e "Fungos".
A resistência bacteriana surge através de uma das três maneiras seguintes:
- Resistência natural de certos tipos de bactérias.
- Mutações genéticas das bactérias.
- Por uma espécie que adquire resistência de outra.
A resistência tanto pode aparecer espontaneamente ou mais comumente após o acúmulo gradual e devido ao mau uso de antibióticos ou outros antimicrobianos.
Além disso, outros fatores contribuem para o surgimento de superbactérias:
- Tratamento maior ou menor que o recomendado.
- Uso popular de antibiótico para tratar doenças que não são infecções4 bacterianas como, por exemplo, a gripe5.
- Uso de antibiótico não indicado para o tipo de bactéria6 que está causando a infecção7.
- Uso inadequado de antibióticos na área veterinária, especialmente em animais utilizados para o consumo humano.
- Falta de um bom controle de infecções4 nos serviços de saúde8.
Os serviços de saúde8, aliás, são os locais de maior preocupação das autoridades de saúde8 quando o assunto é resistência aos antibióticos. Isso porque são locais com alta concentração de microrganismos que causam doenças e também de antibióticos de diferentes tipos.
No que tange às bactérias, os antibióticos só devem ser utilizados quando necessário, conforme julgamento de profissionais da saúde8 e prescritos por eles. Atendendo a isso, no Brasil os antibióticos só podem ser vendidos mediante a apresentação de receita médica.
O que são as superbactérias?
Superbactérias são bactérias que se tornaram resistentes aos antibióticos comuns, cada vez mais difíceis de tratar, exigindo doses mais elevadas ou medicamentos alternativos, em geral mais tóxicos. A explicação para o surgimento de bactérias mais resistentes está na teoria da seleção natural das espécies elaborada por Charles Darwin.
Os antibióticos matam mais seletivamente as bactérias mais vulneráveis e com isto sobrevivem as mais “fortes”, que crescem e se reproduzem, aumentando a porcentagem das bactérias resistentes. Quando contaminam uma pessoa são de muito difícil tratamento e frequentemente levam à morte.
Como agem os antibióticos? Quais são os mecanismos da resistência aos antibióticos?
Os antibióticos devem ser capazes de:
- Alcançar os alvos moleculares intracelulares, para o que ele precisa ultrapassar a membrana celular9 bacteriana.
- Interagir com uma molécula-alvo de modo a desencadear a morte da bactéria6.
- Evitar a ação das bombas que jogam os antimicrobianos para fora da célula10 bacteriana.
- Evitar a ação de enzimas capazes de modificar o fármaco11 no ambiente extracelular ou no interior da célula10 bacteriana. Cada tipo particular de antibiótico usa uma estratégia diferente para evitar a ação das bactérias; assim, a ação conjunta de dois ou mais antibióticos com múltiplos mecanismos de ação pode produzir um acentuado aumento da eficácia dos antimicrobianos.
Em síntese, a resistência aos antibióticos depende:
- Da não permeabilidade12 da membrana celular9, dependente da presença de proteínas13 especiais.
- Da alteração do local-alvo onde atua o antibiótico, de modo a impedir a ocorrência de qualquer efeito inibitório ou bactericida.
- Do bombeamento do antibiótico do meio intracelular para o extracelular.
- Da degradação do antibiótico por determinadas enzimas.
Embora não se possa eliminar o uso de antibióticos, a administração racional desses agentes não apenas exige uma seleção criteriosa deles e da duração da terapia, como também sua indicação apropriada. Por isso, é muito importante que sejam administrados sob supervisão próxima de um médico.
Leia também sobre "Meios de cultura e antibiograma", "Infecções4 oportunistas" e "Septicemia14".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da ANVISA, da Faculdade de Atenas, da World Health Organization (WHO) e do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.