Usos e abusos dos antibióticos
O que são antibióticos?
Antibióticos (do grego: anti = contra + biotikos = seres vivos) são substâncias naturais, sintéticas ou semissintéticas, capazes de combater uma infecção1 causada por microrganismos. O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que afetam as bactérias, mas que não destroem outros organismos, como vírus2, fungos, protozoários3 ou helmintos4.
Atuam alterando mecanismos vitais desses microrganismos, matando-os ou impedindo a reprodução5 deles. Os antibióticos alterados em laboratórios visam evitar resistências bacterianas e diminuir seus efeitos colaterais6. Ao mesmo tempo procuram atingir cada vez mais as cepas7 de bactérias que tenham mostrado resistência aos antibióticos anteriores.
Alexandre Fleming foi o descobridor do primeiro antibiótico, a penicilina, no final da década de 20 do século XX.
Saiba mais sobre "Bactérias", "Vírus2" e "Fungos".
O uso dos antibióticos
Nem todos os antibióticos agem igualmente contra todas as bactérias. Idealmente, o uso deles deve ser precedido de um antibiograma que indica a sensibilidade dos microrganismos a um ou a alguns dos antibióticos pesquisados. Como nem sempre isso é possível, seja pela urgência8 da condição clínica, pela indisponibilidade do exame ou, ao contrário, porque o quadro clínico é muito simples e facilmente discernível, o médico muitas vezes tem de medicar empiricamente, baseado nas experiências anteriores registradas na literatura médica.
Um antibiótico é dito bactericida quando tem efeito letal sobre a bactéria9 que ataca e bacteriostático se apenas interrompe a reprodução5 da bactéria9 ou inibe seu metabolismo10, mas não a destroi.
Alguns antibióticos (ciprofloxacina, ampicilina, amoxicilina ou azitromicina, por exemplo) eliminam a maior parte das bactérias e, por isso, são ditos antibióticos de largo espectro. Eles usualmente são usados para tratar infecções11 urinárias, infecções11 no ouvido, olhos12, rins13, pele14, ossos, órgãos genitais, cavidade abdominal15, articulações16, trato respiratório e digestivo, sinusite17, furúnculos, úlceras18 infectadas, amigdalite, rinite19, bronquite ou pneumonia20, por exemplo.
Outros antibióticos têm uma ação menos geral e são ditos de espectro restrito ou limitado. Existem diferenças de sensibilidade entre as bactérias Gram negativas (bactérias que não retêm a coloração pela violeta de genciana) e Gram positivas (que retêm a coloração pela violeta de genciana). Alguns antibióticos são direcionados a agentes infecciosos específicos.
Com uma tal variedade de possibilidades, deve caber sempre ao médico definir qual antibiótico deve ser usado, qual o modo de uso (oral, intramuscular, intravenoso, tópico21, etc.), qual a dose e por quanto tempo. Ao paciente cabe seguir estritamente o que lhe for recomendado.
Leia sobre "Antibiograma", "Infecção1 urinária", "Otites22", "Sinusites", "Furúnculos", "Amigdalites" e "Bronquites".
Algumas características clínicas do uso e abuso dos antibióticos?
Os antibióticos apenas devem ser tomados sob indicação médica, pois eles tanto podem eliminar as bactérias patogênicas como as bactérias benéficas e necessárias ao organismo, como as que vivem nos intestinos23, alterando a flora intestinal normal e provocando alterações no funcionamento do intestino, como a diarreia24, por exemplo. Na pele14 ou mucosas25 podem causar o surgimento de problemas como candidíase26 ou outras infecções11 fúngicas27. Também podem tornar as bactérias mais resistentes e a doença de mais difícil tratamento.
Alguns antibióticos podem interferir com a eficácia do anticoncepcional oral, sendo recomendável que a pessoa utilize outros métodos contraceptivos durante e algum tempo após o tratamento. O médico deve informar à paciente se um determinado antibiótico que ela deva usar interfere ou não com o efeito da pílula anticoncepcional.
O antibiótico deve sempre ser tomado durante o tempo que o médico indicar, mesmo quando existem sinais28 de melhoras passados apenas uns poucos dias de tratamento. Quase sempre eles são condicionados em embalagens que contêm a quantidade que deve ser consumida. Em geral, eles devem ser consumidos por 7 a 10 dias, mesmo que apareçam sinais28 de melhora já com 3 ou 5 dias. Se interrompidos antes do tempo devido, a infecção1 pode retornar, promovida agora por bactérias mais resistentes, aquelas que escaparam à ação inicial do antibiótico.
Os horários das tomadas também devem ser sempre respeitados, para garantir que haja uma taxa mais ou menos constante da substância no sangue29 e para que o tratamento tenha o efeito desejado.
Quais são os efeitos secundários e contraindicações dos antibióticos?
Os principais efeitos colaterais6 dos antibióticos são complicações gastrointestinais, incluindo diarreia24, alergias, micoses vaginais e outras, provocadas pela Candida albicans e erupções cutâneas30 ao sol (somente alguns antibióticos). A penicilina causa alergia31 em cerca de 5% dos indivíduos, constituindo uma contraindicação do seu uso nestas pessoas.
Um cuidado especial deve ser observado com as interações medicamentosas. Usados em conjunto com a pílula anticoncepcional os antibióticos podem diminuir a eficácia delas. Alguns antibióticos são incompatíveis com leite, pois este pode diminuir a boa absorção da medicação. O álcool com frequência pode diminuir a eficácia do antibiótico. Alguns antibióticos não devem ser tomados durante a gravidez32.
Um médico deve sempre ser consultado antes de usar um antibiótico.
Veja também sobre "Pílulas anticoncepcionais", "Diarreia24", "Alergias" e "Candidíase26".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.