Relação da síndrome inflamatória multissistêmica em crianças com a Covid-19
O que é a síndrome1 inflamatória multissistêmica?
A síndrome1 inflamatória multissistêmica (MIS, do inglês Multisystem Inflammatory Syndrome) ou simplesmente síndrome1 multissistêmica é uma doença que afeta preferentemente crianças, com inflamações2 agudas em diferentes partes do corpo (vasculite3 inflamatória primária), incluindo coração4, pulmões5, rins6, cérebro7, pele8, olhos9 ou órgãos gastrointestinais. Ela é chamada doença de Kawasaki porque foi descrita pela primeira vez pelo pediatra japonês Tomisaku Kawasaki, em 1961.
Quais são as causas da síndrome1 inflamatória multissistêmica?
Ainda não se sabe o que causa a MIS, no entanto, sabe-se que algumas crianças (4 a 17 anos) com coronavírus (COVID-19) ou que conviveram com alguém que portava o vírus10 apresentaram a síndrome1 inflamatória multissistêmica pediátrica (MIS-C, do inglês Multisystem Inflammatory Syndrome in Children) com frequência muito maior que normalmente.
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Quais são as características clínicas da síndrome1 inflamatória multissistêmica em crianças com Covid-19?
As crianças com essa doenca podem apresentar alguns ou todos os seguintes sintomas11: febre12 elevada e persistente (38 - 40ºC), exantemas13, conjuntivite14, dor abdominal, vômito15, diarreia16, dor no pescoço17, erupção18 cutânea19, olhos9 vermelhos, sensação de cansaço e disfunção de múltiplos órgãos.
Se houver sintomas11 como problemas respiratórios, dor ou pressão persistentes no peito20, confusão mental, incapacidade de acordar ou permanecer acordado, lábios azulados (cianose21) e dor abdominal forte, isso indica emergência22 clínica e o médico deve ser procurado imediatamente.
Algumas crianças apresentaram comprometimento inflamatório sistêmico23 de serosas e como consequência tiveram ascite24 e derrame25 pleural ou pericárdico. Os pacientes evoluíram para choque26, com hipotensão arterial27 e taquicardia28.
Como o médico diagnostica a síndrome1 inflamatória multissistêmica em crianças com Covid-19?
O diagnóstico29 da MIS-C e COVID-19 exige a presença de infecção30 atual ou recente pelo coronavírus, com exclusão de qualquer outra causa infecciosa. O médico poderá solicitar certos exames para detectar a inflamação31 ou outros sinais32 de doença, entre os quais, exames de sangue33 para verificar atividades inflamatórias e outras, radiografias do tórax34, ultrassonografia35 do coração4 e ultrassonografia35 abdominal. A MIS-C na COVID-19 deve ser diferenciada da doença de Kawasaki, Kawasaki incompleta e/ou síndrome1 do choque26 tóxico.
Como o médico trata a síndrome1 inflamatória multissistêmica em crianças com Covid-19?
Os pacientes devem receber cuidados de suporte para os sintomas11, como medicamentos e/ou fluidos para fazê-los se sentirem melhor, e usarem vários medicamentos para tratar a inflamação31, prescritos pelo médico. A maioria das crianças que adoecem com MIS-C e COVID-19 precisará ser tratada no hospital e algumas precisarão ser tratadas em unidade de terapia intensiva36 pediátrica (UTI).
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Como evolui a síndrome1 inflamatória multissistêmica em crianças com Covid-19?
A MIS-C pode ser uma doença grave e até mortal, mas embora a síndrome1 traga preocupação em relação à sua evolução em crianças e adolescentes, essas ocorrências foram raras até o momento ante o grande número de casos com boa evolução, pouca gravidade e desfechos clínicos excelentes da doença.
Como prevenir a síndrome1 inflamatória multissistêmica em crianças com Covid-19?
Com base no que se sabe até agora, a melhor maneira de proteger a criança da MIS-C e COVID-19 é tomar medidas para evitar que a criança contraia o vírus10 que causa a COVID-19. Usar máscara facial, lavar as mãos37 com frequência, usar álcool-gel e manter distanciamento social são algumas recomendações importantes até o momento.
Advertência
Todos os assuntos e descobertas sobre a COVID-19 são muito recentes e não passaram ainda por estudos e pesquisas aprofundados, nem sofreram ainda a prova do tempo. As ideias veiculadas sobre eles devem ser tidas como provisórias e sujeitas a verificações posteriores.
As crianças são pouco afetadas pela Covid-19 (menos de 2% dos casos, em diversos países do mundo) e/ou são assintomáticas ou pouco sintomáticas. Contudo, recentemente, o Ministério da Saúde38, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Pan Americana de Saúde38 liberaram publicações em que reconhecem a necessidade do diagnóstico29 e tratamento precoces de uma Síndrome1 Inflamatória Multissistêmica em Crianças e Adolescentes associada à COVID-19, a partir de informes vindos de alguns países europeus (Reino Unido, Espanha e Holanda, entre outros) e dos Estados Unidos.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Sociedade Brasileira de Pediatria, da Sociedade de Pediatria de São Paulo e da World Health Organization.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.