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Aerofagia

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O que é aerofagia?

Aerofagia é o termo médico para a deglutição1 excessiva e repetitiva de ar. Todas as pessoas ingerem uma certa quantidade de ar quando conversam, comem, falam ou riem, mas aquelas com aerofagia engolem ar em excesso. Algumas engolem tanto ar que têm o seu abdômen distendido, o que as leva a arrotar com frequência ou perturba seu estômago2, produzindo outros sintomas3 gastrointestinais desconfortáveis.

Quais são as causas da aerofagia?

As causas mais comuns são:

  1. Mecânicas: comer rapidamente, conversar enquanto come, mascar chicletes ou outras substâncias, beber através de um canudo e fumar.
  2. Respiração bucal: praticar exercícios físicos vigorosos, ingerir bebidas carbonatadas e usar dentaduras frouxas.
  3. Médicas: pessoas com certas condições médicas que usam máquinas para ajudá-las a respirar são mais propensas a ter aerofagia.
  4. Mentais: 19% das pessoas com aerofagia têm ansiedade, contra apenas 6% das pessoas com outros distúrbios digestivos.

Quase um quarto dos adultos e cerca de 7% das crianças sofrem de aerofagia.

Quais são as principais características clínicas da aerofagia?

Toda pessoa engole cerca de 2 litros de ar por dia, apenas comendo e bebendo, e arrota em torno de metade disso. O resto transita através do intestino delgado4 e é eliminado pelo reto5 na forma de gases. A maioria das pessoas não têm problemas para processar e expulsar esse gás, mas aquelas com aerofagia experimentam alguns sintomas3 desconfortáveis.

Cerca de 56% dos indivíduos com aerofagia se queixam de arrotos, 27% de inchaço6 e 19% de dor e distensão abdominais. Essa distensão tende a ser menor pela manhã e progredir ao longo do dia. Outro sintoma7 é a flatulência. Uma pessoa normal elimina gás pelo ânus8 em média 13 a 21 vezes por dia, esse número está aumentado em pessoas com aerofagia.

A aerofagia pode ser uma experiência crônica ou aguda.

Leia sobre "Parar de fumar", "Ansiedade" e "Flatulência".

Como o médico diagnostica a aerofagia?

A aerofagia compartilha alguns dos sintomas3 de distúrbios digestivos comuns, como a doença do refluxo gastroesofágico9, as alergias alimentares e os bloqueios intestinais, podendo ser confundida com eles. Por isso, o médico pode primeiro afastar essas condições e se nenhuma causa física for encontrada e os sintomas3 persistirem, poderá fazer o diagnóstico10 de aerofagia.

A aerofagia é um efeito colateral11 perigoso da ventilação12 artificial não invasiva (sondas ou máscaras de oxigênio), quase sempre usada em tratamentos para problemas respiratórios e cuidados cardiovasculares críticos ou em cirurgias quando é necessária anestesia13 geral. No caso da aerofagia durante a ventilação12 artificial, ela é normalmente diagnosticada por especialistas médicos experientes que examinam regularmente os pacientes durante o tratamento. O diagnóstico10 é baseado no som escutado por meio de um estetoscópio colocado na parede da cavidade abdominal14.

Como o médico trata a aerofagia?

Não existe nenhum medicamento ou procedimento que cure a aerofagia, mas é possível obter alívio dos problemas com o ar engolido com o uso de medicamentos para reduzir a formação de gases no intestino.

A maioria dos especialistas aconselha psicoterapia para melhorar a respiração enquanto a pessoa fala e para a modificação de comportamento, visando a tornar-se consciente do ato de engolir ar, praticar respiração lenta e aprender maneiras novas e eficazes de lidar com o estresse e a ansiedade.

Como prevenir a aerofagia?

Para prevenir ou minorar a aerofagia, a pessoa deve procurar reduzir o estresse, evitar mascar chicletes ou outras substâncias e tratar a depressão ou ansiedade, se a aerofagia for causada por elas. Se a aerofagia for causada por refluxo ácido, os antiácidos15 podem ajudar. Por último, se a pessoa fuma, deve parar de fumar.

Quais são as complicações possíveis da aerofagia?

A detecção tardia da aerofagia pode levar à distensão gástrica que, por sua vez, pode elevar o diafragma16, ou causar aspiração do conteúdo estomacal nos pulmões17, ou causar ruptura pneumática do esôfago18 devido à insuflação gástrica extrema.

Saiba mais sobre "Refluxo ou Doença do Refluxo Gastroesofágico9", "Ventilação12 mecânica", "Alergia19 alimentar" e "Psicoterapia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da International Foundation for Gastrointestinal Disorders, da American Sleep Apnea Association e do Digestive Center for Wellness.

ABCMED, 2019. Aerofagia. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1354168/aerofagia.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Deglutição: Passagem dos alimentos desde a boca até o esôfago; ação ou efeito de deglutir; engolir. É um mecanismo em parte voluntário e em parte automático (reflexo) que envolve a musculatura faríngea e o esfíncter esofágico superior.
2 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
3 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
4 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
5 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
6 Inchaço: Inchação, edema.
7 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
9 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
10 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
11 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
12 Ventilação: 1. Ação ou efeito de ventilar, passagem contínua de ar fresco e renovado, num espaço ou recinto. 2. Agitação ou movimentação do ar, natural ou provocada para estabelecer sua circulação dentro de um ambiente. 3. Em fisiologia, é o movimento de ar nos pulmões. Perfusão Em medicina, é a introdução de substância líquida nos tecidos por meio de injeção em vasos sanguíneos.
13 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
14 Cavidade Abdominal: Região do abdome que se estende do DIAFRAGMA torácico até o plano da abertura superior da pelve (passagem pélvica). A cavidade abdominal contém o PERiTÔNIO e as VÍSCERAS abdominais, assim como, o espaço extraperitoneal que inclui o ESPAÇO RETROPERITONEAL.
15 Antiácidos: É uma substância que neutraliza o excesso de ácido, contrariando o seu efeito. É uma base que aumenta os valores de pH de uma solução ácida.
16 Diafragma: 1. Na anatomia geral, é um feixe muscular e tendinoso que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. 2. Qualquer membrana ou placa que divide duas cavidades ou duas partes da mesma cavidade. 3. Em engenharia mecânica, em um veículo automotor, é uma membrana da bomba injetora de combustível. 4. Na física, é qualquer anteparo com um orifício ou fenda, ajustável ou não, que regule o fluxo de uma substância ou de um feixe de radiação. 5. Em ginecologia, é um método contraceptivo formado por uma membrana de material elástico que envolve um anel flexível, usado no fundo da vagina de modo a obstruir o colo do útero. 6. Em um sistema óptico, é uma abertura que controla a seção reta de um feixe luminoso que passa através desta, com a finalidade de regular a intensidade luminosa, reduzir a aberração ou aumentar a profundidade focal.
17 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
18 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
19 Alergia: Reação inflamatória anormal, perante substâncias (alérgenos) que habitualmente não deveriam produzi-la. Entre estas substâncias encontram-se poeiras ambientais, medicamentos, alimentos etc.
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