Quando a ventilação mecânica é necessária? Como ela é? Quais são as possíveis complicações?
O que é ventilação1 mecânica?
Dentro dos pulmões2 o oxigênio do ar inspirado é transportado dos alvéolos3 para as hemácias4, presentes nos capilares5 pulmonares, através de um processo de difusão. No ciclo respiratório normal o sangue6, "rico" em oxigênio, chega até o átrio esquerdo7 pelas veias8 pulmonares e daí é levado para o ventrículo esquerdo, de onde é ejetado pela sístole ventricular9 até os tecidos. Em muitas situações patológicas o organismo pode se tornar incapaz de manter o ciclo respiratório normal. Nesses casos, a ventilação1 mecânica (ventilação1 assistida ou ventilação1 artificial) é o suporte oferecido ao paciente por meio de um aparelho mecânico, o ventilador, que auxilia ou permite as trocas gasosas normalmente feitas pela respiração espontânea. Este suporte pode ser oferecido em diferentes níveis de intensidade, desde uma grande até nenhuma participação do paciente, na dependência de sua condição clínica. A ventilação1 mecânica pode salvar vidas e é usada em várias situações críticas, desde a ressuscitação cardiopulmonar até a anestesia10 geral, passando por tratamentos intensivos.
Quando se deve indicar a ventilação1 mecânica?
Os limites precisos para indicar o início da ventilação1 mecânica nem sempre são nítidos. A ventilação1 mecânica deve ser indicada quando:
- A respiração espontânea do paciente já não é suficiente para manter a vida.
- Para reverter a hipoxemia11, a hipercapnia12 e a acidose13 respiratória.
- Para reverter ou prevenir atelectasias14 pulmonares.
- Para permitir sedação15 e/ou curarização.
- Para reduzir o consumo de oxigênio em condições graves de baixa perfusão.
- Para reduzir a pressão intracraniana ou para estabilização torácica.
- Também é indicada como profilaxia de colapso16 iminente de outras funções fisiológicas17 que dependem de uma boa oxigenação do sangue6.
A ventilação1 mecânica apenas presta assistência à respiração e deve ser mantida enquanto durar a deficiência, porque ela não cura a doença, a qual, se possível, deve ser corrigida. As indicações médicas mais comuns se dão em casos de lesão18 pulmonar aguda, apneia19 de várias causas, asma20 grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, acidose13 respiratória aguda, taquipneia21 significativa, retrações, sinais22 físicos de aflição respiratória, hipoxemia11, hipotensão23, choque24, insuficiência cardíaca congestiva25, doenças neurológicas, tais como a distrofia26 muscular e a esclerose27 lateral amiotrófica, etc. Essas indicações clínicas são apenas guias gerais e a decisão de iniciar a ventilação1 mecânica deve ser individualizada para cada paciente.
Como se realiza a ventilação1 mecânica?
A respiração mecânica é uma maneira de ajudar ou substituir por meio de aparelhos a respiração normal. É chamada "invasiva" quando qualquer instrumento penetra o corpo, através da boca28 (como um tubo endotraqueal, por exemplo) ou da pele29 (como um tubo de traqueostomia30, por exemplo). Há dois modos de ventilação1 mecânica: positiva, em que o ar (ou uma mistura gasosa) é insuflada no interior da traqueia31, e negativa, instituída por meio da criação de uma pressão subatmosférica ao redor do tórax32 e/ou do abdome33 do paciente, que aspira o ar para dentro dos pulmões2.
A ventilação1 mecânica se faz através da utilização de aparelhos que, intermitentemente, insuflam as vias respiratórias com volumes de ar. É preciso certos cuidados para fixar as vias aéreas durante a ventilação1 mecânica, a fim de que o ar se dirija para a traqueia31 e não passe para o esôfago34 e o estômago35. Para isso, normalmente, um tubo é introduzido na traqueia31 e é conectado a um aparelho que insufla ou suga o ar do interior dos pulmões2. Esse tubo pode ser inserido através da boca28 ou do nariz36 ou de uma traqueostomia30, abertura da traqueia31 feita através de uma incisão37 no pescoço38. Em algumas outras circunstâncias e em casos mais simples, uma máscara respiratória laríngea pode ser empregada.
A entrada de gás para dentro dos pulmões2 ocorre devido à geração de um gradiente de pressão entre as vias aéreas e os alvéolos3 e que pode ser conseguido por um equipamento que diminua a pressão alveolar (ventilação1 por pressão negativa) ou que aumente a pressão da via aérea proximal39 (ventilação1 por pressão positiva).
Quais são as consequências possíveis da ventilação1 mecânica?
A ventilação1 mecânica pode trazer complicações potenciais, como pneumotórax40, lesão18 das vias aéreas, dano alveolar e pneumonia41, além de outras complicações que incluem atrofia42 do diafragma43, diminuição do débito cardíaco44 e toxicidade45 do oxigênio. Umas das principais complicações que se apresentam em pacientes sob ventilação1 mecânica é a lesão18 pulmonar aguda e a síndrome46 do desconforto respiratório agudo47, contribuintes significativos para a morbidade48 e mortalidade49 dos pacientes.
A ventilação1 mecânica controlada pode conduzir a uma rápida atrofia42 por desuso do diafragma43, que pode desenvolver-se já dentro do primeiro dia. Entre as possíveis complicações da ventilação1 mecânica contam-se ainda o barotrauma (trauma gerado pela pressão), que é uma complicação da ventilação1 mecânica com pressão positiva e que inclui pneumotórax40, enfisema50 subcutâneo51, pneumomediastino52 e pneumoperitônio53. Também na ventilação1 com pressão positiva pode haver prejuízo da motilidade ciliar e, consequentemente, do muco nas vias aéreas, podendo causar pneumonia41.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.