Hemotórax - definição, clínica, diagnóstico, tratamento, possíveis complicações
O que é hemotórax?
Hemotórax é uma coleção de sangue1 que se acumula entre a parede torácica2 e os pulmões3 ou, mais especificamente, entre as lâminas pleurais. Essa área onde o sangue1 pode se acumular é conhecida como cavidade pleural4. Normalmente é uma cavidade apenas virtual que, no entanto, pode ser preenchida com vários tipos de fluidos.
Quais são as causas do hemotórax?
O acúmulo de sangue1 no tórax5 pode ter várias causas. É mais comum após ferimentos contusos ou cirurgias que incluem a abertura da parede torácica2, especialmente a cirurgia cardíaca ou pulmonar e, também, grandes traumas no tórax5. Exemplos dessas eventualidades incluem queda para a frente ou um acidente de carro, por exemplo. Ser ferido ou esfaqueado no peito6 também pode causar vazamento de sangue1 na cavidade torácica e causar hemotórax.
O hemotórax também pode acontecer comumente como uma complicação de qualquer grande cirurgia que tenha de fazer uma abertura na parede torácica2, e não só na cirurgia cardíaca ou pulmonar. O sangue1 pode vazar para a cavidade torácica se não coagular7 adequadamente após o cirurgião fechar as incisões8, ou se um órgão ou vaso for seccionado e deixar vazar sangue1.
Certas condições patológicas que fazem com que o sangue1 não coagule adequadamente também podem causar hemotórax. Outras possíveis causas de hemotórax incluem câncer9 nos pulmões3, tumores cancerosos na parede torácica2, rompimento de uma grande veia por acidente quando um cateter é inserido nela, infarto10 pulmonar e tuberculose11. Um hemotórax espontâneo também pode acontecer durante a gravidez12 ou após o parto.
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Qual é a fisiopatologia14 do hemotórax?
O sangramento no espaço pleural pode ocorrer praticamente a partir de qualquer ruptura da parede torácica2 e da pleura15 ou de estruturas intratorácicas. A resposta fisiológica16 ao desenvolvimento de um hemotórax se manifesta em duas áreas: (1) hemodinâmica17 e (2) respiratória.
As alterações hemodinâmicas variam dependendo da rapidez da quantidade da perda de sangue1. Se essa perda de sangue1 for de até 750 ml, não deve causar alteração hemodinâmica17 significativa. Se ficar entre 750-1500 ml, causará os primeiros sintomas18 de choque19. Sinais20 significativos de choque19 ocorrem com perda sanguínea de mais de 1500 ml. Como a cavidade pleural4 pode conter 4 litros ou mais de sangue1, a hemorragia21 interna pode ocorrer sem evidências externas de perda sanguínea.
O acúmulo de uma grande quantidade de sangue1 dentro do espaço pleural pode dificultar os movimentos respiratórios normais. Nos casos de trauma, podem ocorrer anormalidades de ventilação22 e oxigenação, especialmente se associadas a lesões23 na parede torácica2. Uma coleção grande de sangue1 faz com que o paciente tenha dispneia24 (alterações respiratórias relatadas como “falta de ar”) e possa produzir taquipneia25 (aumento da frequência respiratória).
O volume de sangue1 necessário para produzir esses sintomas18 em um determinado indivíduo varia dependendo dos órgãos lesados, da gravidade da lesão26 e da reserva pulmonar e cardíaca subjacentes. A dispneia24 é um sintoma27 comum nos casos em que o hemotórax se desenvolve de maneira insidiosa, como os secundários à doença metastática28. A perda de sangue1 nesses casos não é tão aguda a ponto de produzir uma resposta hemodinâmica17 visível e a dispneia24 é frequentemente a queixa predominante.
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Quais são as principais características clínicas do hemotórax?
O acúmulo de sangue1 entre as lâminas da pleura15 pode eventualmente causar o colapso31 do pulmão32 quando o sangue1 comprime a parte externa do órgão. Os sintomas18 mais comuns do hemotórax incluem dor ou sensação de peso no peito6, ansiedade ou nervosismo, dispneia24 ou dificuldade em respirar, respiração rápida, pulso rápido, suores frios, pele33 pálida e febre34 acima de 38° C.
Como o médico diagnostica o hemotórax?
O médico pode solicitar vários exames de imagens do tórax5 e dos pulmões3 para compreender o que está causando o sangramento, especialmente se o paciente tiver uma lesão26 grave no peito6. A tomografia computadorizada35 pode mostrar as estruturas em torno do tórax5 e dos pulmões3. Radiografias podem mostrar se algum osso foi quebrado ou se o paciente foi ferido em qualquer outra parte do peito6 ou abdômen.
Se o médico suspeitar de uma condição subjacente que esteja causando o hemotórax, ele pode recomendar exames de sangue1 ou de imagem adicionais para diagnosticar e tratar adequadamente essa condição.
Como o médico trata o hemotórax?
A primeira providência deve ser garantir que o paciente receba oxigênio suficiente, o que pode ser garantido por um aerador ou um tubo inserido no nariz36 ou na traqueia37, para apoiar a respiração.
Em seguida, o tratamento mais importante para o hemotórax é drenar o sangue1 da cavidade torácica, mediante uma toracocentese38 (aspiração por agulha), com colocação de drenos. O tubo pode permanecer no peito6 por vários dias se o pulmão32 entrar em colapso31. Se o sangramento persistir, mesmo enquanto o tubo drena o sangue1, uma toracotomia (cirurgia torácica) pode ser necessária para tratar a causa do sangramento.
Quais são as complicações possíveis do hemotórax?
O sequestro de grande quantidade de sangue1 pode levar ao choque hipovolêmico29 (choque19 causado pela baixa quantidade de sangue1 circulante). Entrar em choque hipovolêmico29 pode causar danos orgânicos permanentes ou por longo prazo, incluindo ao coração39, aos pulmões3 e ao cérebro40.
O sangue1 que entra na cavidade torácica pode infectar o líquido na área em torno dos pulmões3. Este tipo de infecção41 é conhecido como empiema42. Uma infecção41 por empiema42 não tratada pode levar à sepse43, que ocorre quando a infecção41 ocorre em todo o corpo. A sepse43 pode ser fatal se não for tratada rapidamente.
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As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.