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Distúrbios de aprendizagem escolar

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O que são distúrbios de aprendizagem escolar?

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde1), dificuldade de aprendizagem é um termo médico para um distúrbio neurológico inespecífico, permanente, que afeta, de alguma maneira, a capacidade de adquirir ensinamentos transmitidos pela escola. Uma dificuldade de aprendizagem é um comprometimento de uma ou mais funções neuropsicológicas, o que perturba a aquisição, o entendimento, o uso e o processamento de informações verbais ou não-verbais.

Fala-se em dificuldade de aprendizagem quando ela não é causada por uma deficiência intelectual ou por um déficit sensorial, falta de supervisão escolar, falta de motivação ou desvantagens socioeconômicas. Essas dificuldades são relativamente comuns, mas as crianças que vivem com estes problemas podem superar suas dificuldades através de uma abordagem personalizada.

As dificuldades de aprendizagem são marcadas por algumas características típicas: são de origem neurológica, não estão relacionados à inteligência ou falta de estímulos, podem ser leves, moderadas ou graves e não desaparecem com o tempo.

Leia sobre "Superproteção: como os pais (sem querer) prejudicam o desenvolvimento dos filhos" e "Dificuldades de adaptação das crianças à escola".

Quais são os principais distúrbios de aprendizagem escolar?

As principais dificuldades de aprendizagem são (1) transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), (2) dislexia, (3) disortografia2, (4) disgrafia e (5) discalculia.

1 - Trantorno de déficit de atenção e hiperatividade

O TDAH é um distúrbio neurobiológico crônico3 que se caracteriza por desatenção, desassossego e impulsividade. É considerado um distúrbio infantil muito comum e com bastante frequência prejudica o rendimento escolar, mesmo que, em alguns momentos, a criança demonstre ser capaz de aprender e pareça ser inteligente.

Habitualmente, o TDAH é um distúrbio que se estende até a idade adulta e se manifesta por três grupos de sintomas4: (a) desatenção, (b) hiperatividade e (c) impulsividade. O pensamento mais moderno é que o TDAH não é, simplesmente, uma deficiência de atenção, mas uma questão mais ampla, de comprometimento do autocontrole. Ele foi descrito pela primeira vez por George Still, um pediatra inglês, em 1902.

2 - Dislexia

A dislexia é um distúrbio específico de aprendizagem que afeta a aquisição da linguagem escrita. Há uma (1) dislexia do desenvolvimento e uma (2) dislexia adquirida. A dislexia do desenvolvimento se desenvolve como uma condição autônoma e perdura ao longo do tempo, enquanto a dislexia adquirida é secundária a alguma condição mórbida como, por exemplo, após uma lesão5 cerebral.

Segundo a OMS, a dislexia é uma desordem persistente da aquisição da linguagem escrita caracterizada por grandes dificuldades na aquisição e automação dos mecanismos necessários ao controle da escrita. Geralmente, a dislexia é um distúrbio duradouro da linguagem, mas esses distúrbios distinguem-se de um simples atraso de aquisição, de um retardo mental ou de um problema devido a um déficit perceptivo, um problema emocional ou de um problema de fala.

Resumindo, dislexia é o nome que se dá à dificuldade que algumas crianças apresentam para aprender a ler, escrever ou para compreender o texto que leem.

Saiba mais sobre "Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade" e "Dislexia".

3 - Disortografia2

A disortografia2, também chamada de desordem da aquisição da expressão escrita, é a dificuldade persistente do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem escrita expressiva. Ou seja, é uma dificuldade centrada na estruturação, organização e produção de textos. Esta dificuldade pode ocorrer associada ou não à dificuldade de leitura, isto é, à dislexia.

Como a dislexia, ela também aparece em crianças quando elas começam a aprender a ler e a escrever. É de origem neurológica e hereditária e, portanto, permanente, e não por deficiências culturais ou escolares, nem por problemas emocionais ou por déficits intelectuais ou sensoriais. Ou seja, ocorre em uma criança que não tem um distúrbio de personalidade intelectual, sensorial ou motora. O transtorno disortográfico geralmente segue a dislexia, mas a associação não é sistemática.

4 - Disgrafia

A disgrafia é uma anomalia do movimento cursivo, uma dificuldade em executar os gestos particulares da escrita como a manutenção da linha da escritura, dificuldades de coordenação, irregularidades de espaçamentos entre as letras e as palavras, malformações6 e discordâncias de todos os tipos, muitas vezes aliadas a uma qualidade caracteristicamente defeituosa, que pode levar a uma perda completa da capacidade de escrever.

A disgrafia costuma ser acompanhada por outros distúrbios, como distúrbio de fala, déficit de atenção ou dispraxia (transtorno específico do desenvolvimento motor, é uma disfunção neurológica que impede o cérebro7 de desempenhar os movimentos corretamente).

5 - Discalculia

A discalculia é um distúrbio específico do desenvolvimento que corresponde a um grave distúrbio na aprendizagem de cálculos numéricos, sem dano cerebral orgânico, sem transtornos invasivos do desenvolvimento e sem deficiência mental. Ela afeta a habilidade da pessoa compreender e usar os números, mesmo não havendo nenhuma deficiência mental, por isso é conhecida como "cegueira numérica".

No entanto, para ser classificada como discalculia, não pode ser causada por problemas de visão8 ou de audição. Alunos podem ter dificuldades em matemática sem discalculia, razão pela qual é importante diferenciar as dificuldades de transição de aprender, dos distúrbios de longa duração. Sua origem é desconhecida e pode ser encontrada em crianças que apresentam resultados escolares normais em outras áreas. Afeta igualmente meninas e meninos.

Como tratar os distúrbios de aprendizagem escolar?

A intervenção precoce é essencial, porque os distúrbios de aprendizado podem causar grandes transtornos na vida posterior da criança. Por exemplo, uma criança que não aprende a adicionar na escola primária não será capaz de lidar com álgebra. Além disso, crianças que têm distúrbios de aprendizagem geralmente têm também ansiedade, depressão e baixa autoestima.

Se os pais ou professores suspeitarem que a criança tenha um distúrbio de aprendizagem, devem fazê-lo passar por uma avaliação especializada, em geral com um psicopedagogo ou neuropsicopedagogo, o qual pode, também, implementar medidas de tratamento.

É importante que o tratamento seja multidisciplinar e conte com o envolvimento da criança, dos pais, da escola e dos profissionais especializados no quadro de dificuldades que a criança apresenta. O esforço deve ser diário e persistente.

Veja também sobre "Ansiedade infantil", "Depressão em crianças", "Ansiedade de separação" e "Distúrbios do processamento auditivo central".

 

ABCMED, 2019. Distúrbios de aprendizagem escolar. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/1337873/disturbios-de-aprendizagem-escolar.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Disortografia: É a dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem escrita, ela leva a alterações na planificação da linguagem escrita, causando transtorno na aprendizagem da ortografia, gramática e redação. Ela pode ocorrer associada ou não à dificuldade de leitura, isto é, à dislexia.
3 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
7 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
8 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
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