Alexitimia - você é capaz de identificar as suas emoções?
O que é alexitimia?
Alexitimia (do grego a = prefixo que indica negação + lexis = palavra + thymus = emoções ou sentimentos), literalmente, significa “sem palavras para (definir) os sentimentos”. É uma característica de personalidade em que o indivíduo é incapaz de identificar e descrever suas emoções e sentimentos. Ademais, aqueles que sofrem de alexitimia também têm dificuldade de reconhecer e entender as emoções dos outros.
Embora a alexitimia seja um construto1 clínico já testado, ela não constitui uma doença em si mesma, mas sim um aspecto clínico associado a algum outro problema médico. Em 1967, Peter Sifneos, um dos primeiros estudiosos a se dedicarem ao assunto, criou a palavra alexitimia para explicar esse comportamento. Sua prevalência2 na sociedade é alta, estimada entre 10 e 20%.
Quais são as causas da alexitimia?
Ainda não há consenso sobre a etiologia3 da alexitimia. Existem teorias que a associam a algum trauma cerebral, a defeitos na formação neurológica, a influências socioculturais e outras que acreditam numa origem psicológica como, por exemplo, traumas na formação infanto-juvenil, ou mesmo mais tarde.
Contudo, as pesquisas mais atuais permitem a proposta segundo a qual nas pessoas com alexitimia existiria um rompimento na comunicação entre os dois hemisférios cerebrais (comissurotomia espontânea), refletindo uma limitada capacidade de coordenar e integrar atividades inter-hemisféricas.
Mesmo que alguma causa orgânica como essa possa contribuir para a alexitimia, a perspectiva da maioria dos autores dessa área é a de que esse transtorno surja a partir de interações da pessoa com o ambiente, principalmente no seu período de formação. Afinal, no nascimento o cérebro4 ainda não está totalmente desenvolvido e sua completa maturação física e psíquica ainda demanda muitos anos de desenvolvimento pós-natal. Depois de evoluir no útero5 biológico, a criança deve terminar sua evolução num “útero social”, que exige a participação de outras pessoas, especialmente da mãe, que ajudam a criança a aprender a identificar e regular suas emoções.
Nas teorias psicodinâmicas, a alexitimia é vista como mecanismo de defesa ou como um déficit na organização psíquica.
Veja sobre "Nível de estabilidade emocional", "Neurose6" e "Depressões".
Quais são as principais características clínicas da alexitimia?
As pessoas que sofrem de alexitimia são limitadas em sua capacidade de fantasiar ou pensar de forma imaginativa. Em vez disso, elas exibem uma forma de pensar focada no exterior, dependendo de fatos e especificidades concretas, incapazes de generalizações abstratas.
As pessoas com a alexitimia são muitas vezes descritas por outros, incluindo seus entes queridos, como frios e distantes. Eles são severamente carentes de habilidades empáticas e têm grande dificuldade em entender e responder eficazmente aos sentimentos de outras pessoas.
As principais características da alexitimia são disfunções marcadas na consciência emocional, no apego social e nas relações interpessoais. Além disso, os indivíduos que sofrem de alexitimia também têm dificuldade em distinguir e apreciar as emoções dos outros, o que leva a respostas emocionais ineficazes.
As pessoas com alexitimia têm falta de empatia; pobre capacidade para imaginar e fantasiar; indecisão; pensamento e comunicação simples e concretos; aparência distante e fria; escassa comunicação verbal e não-verbal; dificuldade em manter relações interpessoais e ausência de desejo sexual.
Como o médico diagnostica a alexitimia?
Esta condição muitas vezes é caracterizada pelos pesquisadores e psicólogos através de questionários de múltipla escolha. As pessoas que pontuam alto são severamente limitadas em sua capacidade de formar e manter relações íntimas. Menor pontuação mostra apenas dificuldade nos relacionamentos.
Além disso, é feita uma análise e avaliação clínica dos sintomas7 e características de comportamento relatadas pelo paciente e por seus familiares.
Leia sobre "Saúde8 mental", "Distimia" e "Ansiedade normal e patológica".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Scientific American, da US National Library of Medicine e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.