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Alucinógenos

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O que são alucinógenos?

Alucinógenos são um grupo diversificado de drogas que alteram a consciência de uma pessoa sobre o ambiente ao redor, bem como seus próprios pensamentos e sentimentos. Eles podem causar alucinações1 ou sensações e imagens que parecem reais, embora não sejam. Além disso, podem fazer com que os usuários se sintam descontrolados ou desconectados do seu corpo e do ambiente.

Em suma, os alucinógenos produzem efeitos psicológicos associados a fenômenos parecidos a sonhos ou êxtases religiosos, ou a transtornos mentais como a esquizofrenia2. Em geral, eles aumentam os sinais3 sensoriais, mas isso geralmente é acompanhado pela perda de controle sobre o que é experimentado.

Alguns alucinógenos são extraídos de plantas ou cogumelos e outros são sintéticos e não são produzidos pela natureza. Historicamente, as pessoas têm usado há muito tempo alucinógenos para rituais religiosos ou de cura. Mais recentemente, as pessoas relatam o uso dessas drogas para fins sociais ou recreativos, inclusive para se divertir, lidar com o estresse, ter experiências espirituais ou apenas para se sentirem diferentes.

Os principais alucinógenos são:

  1. LSD ou dietilamida do ácido lisérgico, originalmente era derivado do Ergot (Claviceps purpurea), um fungo4 no centeio e no trigo.
  2. Mescalina, o princípio ativo do cacto peiote (Lophophora williamsii), que cresce no sudoeste dos Estados Unidos e no México.
  3. Psilocibina e psilocina, provenientes de certos cogumelos.
  4. N,N-dimetiltriptamina (DMT).
  5. 5-metoxi-N,N-di-isopropiltriptamina.
  6. Bufotenina, originalmente isolada da pele5 dos sapos.
  7. Harmine, a partir dos cascos de sementes de uma planta do Oriente Médio e da região do Mediterrâneo.
  8. Metilenodioxi-anfetamina (MDA), sintético.
  9. Metilenodioximetanfetamina (MDMA), sintético.
  10. Fenciclidina (PCP).

O tetra-hidrocanabinol (THC), o ingrediente ativo da Cannabis, obtido das folhas e copas das plantas do gênero Cannabis, também é às vezes classificado como alucinógeno. A cada dia, novos compostos estão sendo sintetizados e a lista de alucinógenos cresce continuamente.

Leia sobre "Alucinações1", "Maconha" e "Ácido lisérgico e seus efeitos no organismo".

Usos médicos e não-médicos dos alucinógenos

Nas décadas de 1950 e 1960, houve muita pesquisa científica sobre o uso dos alucinógenos em psicoterapia. O LSD chegou a ser usado no tratamento do alcoolismo, em pacientes com câncer6 terminal e no tratamento do autismo. No entanto, pesquisas posteriores indicaram que a experimentação em humanos foi um tanto prematura e cientificamente pouco embasada. Outras pesquisas subsequentes indicaram que os efeitos colaterais7 desses medicamentos foram mais graves do que se previa.

Muitos dos alucinógenos foram limitados ao uso científico, com fabricação farmacêutica estritamente regulamentada, mas a experimentação ilícita8 continuou nas décadas seguintes, em parte inspirada nos escritos místicos de Aldous Huxley, e uma subcultura vigorosa surgiu nos alucinógenos circundantes na década de 1960. Além disso, alguns indivíduos começaram a experimentar inúmeras substâncias novas, principalmente das famílias fenetilamina e triptamina.

O interesse científico pelos alucinógenos se desenvolveu lentamente. A mescalina foi finalmente isolada como princípio ativo do peiote em 1896. Em 1943, quando o químico suíço Albert Hofmann acidentalmente ingeriu uma preparação sintética de LSD e experimentou seus efeitos psicodélicos, a busca por uma substância natural responsável pela esquizofrenia2 se espalhou. Gordon Wasson, banqueiro e micologista de Nova York, chamou a atenção para os poderes dos cogumelos mexicanos em 1953, e rapidamente se descobriu que o princípio ativo era a psilocibina.

Apenas o isômero dextro do LSD mostrou-se psicodelicamente ativo. Pensa-se que o LSD, assim como a psilocibina, a psilocina, a bufotenina e o harmine agem de maneira antagônica em relação à serotonina, uma importante amina do cérebro9. No entanto, as evidências para isso eram contraditórias. Alguns produtos químicos que bloquearam os receptores de serotonina no cérebro9 não apresentaram atividade psicodélica. Descobriu-se que a mescalina estava estruturalmente relacionada aos hormônios adrenais epinefrina e norepinefrina, que são catecolaminas muito ativas no sistema nervoso periférico10 e são suspeitas de desempenhar um papel como neurotransmissores no sistema nervoso central11.

Alucinógenos clássicos podem fazer com que os usuários vejam imagens, ouçam sons e sintam sensações que parecem reais, mas que não existem. Os efeitos começam geralmente no prazo de 20 a 90 minutos e podem durar tanto como 12 horas, em alguns casos, ou tão curtos como 15 minutos em outros. Usuários de alucinógenos se referem às experiências trazidas por esses medicamentos como "viagens". Se a experiência é desagradável, os usuários às vezes chamam de "viagem ruim" ou "viagem errada".

Juntamente com as alucinações1, outros efeitos gerais de curto prazo incluem aumento da frequência cardíaca, náuseas12, sentimentos e experiências sensoriais intensificados e mudanças no sentido do tempo (por exemplo, a sensação de que o tempo está passando lentamente). Além disso, os efeitos a curto prazo específicos de alguns alucinógenos incluem aumento da pressão sanguínea, da taxa respiratória e da temperatura do corpo, perda de apetite, boca13 seca, problemas de sono, experiências espirituais, sentimentos de relaxamento, movimentos descoordenados, suor excessivo, pânico, paranoia, psicose14 (pensamento desordenado separado da realidade) e comportamentos bizarros.

Qual é o mecanismo fisiológico15 da atuação dos alucinógenos?

A pesquisa sugere que os alucinógenos clássicos funcionam interrompendo temporariamente a comunicação entre os sistemas químicos em todo o cérebro9 e na medula espinhal16. Alguns alucinógenos interferem na ação química da serotonina no cérebro9, que regula o humor, a percepção sensorial, o dormir, a fome, a temperatura corporal, o comportamento sexual e o controle muscular intestinal.

As drogas alucinógenas dissociativas interferem na ação do glutamato químico do cérebro9, que regula a percepção da dor, as respostas ao meio ambiente, a emoção, o aprendizado e a memória.

Quais são as características clínicas dos alucinógenos?

Os principais perigos são os efeitos psicológicos e o discernimento prejudicado que eles provocam. A maioria das pessoas tem consciência de que está tendo alucinações1 e é possível conversar racionalmente com elas. Isso diferencia radicalmente esses sintomas17 dos sintomas17 psicóticos.

Uma pessoa pode se tornar psicologicamente dependente de alucinógenos, mas a dependência física não costuma ocorrer.

Veja sobre "Paranoia", "Psicoses" e "Transtornos devidos ao abuso de drogas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Encyclopedia Britannica e do National Institute on Drug Abuse.

ABCMED, 2019. Alucinógenos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1352088/alucinogenos.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
2 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
3 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
4 Fungo: Microorganismo muito simples de distribuição universal que pode colonizar uma superfície corporal e, em certas ocasiões, produzir doenças no ser humano. Como exemplos de fungos temos a Candida albicans, que pode produzir infecções superficiais e profundas, os fungos do grupo dos dermatófitos que causam lesões de pele e unhas, o Aspergillus flavus, que coloniza em alimentos como o amendoim e secreta uma toxina cancerígena, entre outros.
5 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
6 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
7 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
8 Ilícita: 1. Condenada pela lei e/ou pela moral; proibida, ilegal. 2. Qualidade da que não é legal ou moralmente aceitável; ilicitude.
9 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
10 Sistema Nervoso Periférico: Sistema nervoso localizado fora do cérebro e medula espinhal. O sistema nervoso periférico compreende as divisões somática e autônoma. O sistema nervoso autônomo inclui as subdivisões entérica, parassimpática e simpática. O sistema nervoso somático inclui os nervos cranianos e espinhais e seus gânglios e receptores sensitivos periféricos. Vias Neurais;
11 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
12 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
13 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
14 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
15 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
16 Medula Espinhal:
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
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