O que é maconha? Ela pode causar dependência? Quais são seus usos terapêuticos? O que ela pode causar no organismo?
O que é maconha?
A maconha (Cannabis sativa) é uma planta própria de climas quentes e úmidos, originária da África, embora exista registro dela na índia, 7.000 AC. Um pé de maconha possui folhas verdes serrilhadas e pequenas flores amarelas sem perfume e pode atingir até cinco metros de altura. As primeiras notícias dessa erva no Brasil datam do século XVIII. A planta contém mais de 400 substâncias químicas, das quais 60 se classificam como canabinoides. A principal delas é o tetrahidrocanabinol (THC) e está associado aos efeitos que a maconha produz no cérebro1.
O que é dependência da maconha?
Não existe consenso se a maconha causa ou não vício, embora a maioria dos estudiosos opine que sim. Há alguns usuários que apesar de consumirem a droga diariamente não desenvolvem o vício, enquanto outros, usando menos, desenvolvem uma síndrome2 semelhante à dependência de outras drogas. Ela em geral é aspirada sob a forma de fumaça, a partir de cigarros enrolados em papel ou cachimbos preparados pelos usuários. Ao inalar a fumaça da maconha, o seu princípio ativo, o tetrahidrocanabinol (THC) vai diretamente para os alvéolos3 e minutos depois cai na corrente sanguínea, chegando até o cérebro1, onde causa sentimentos relaxantes agradáveis, sensação de leveza e alteração dos sentidos. A tendência a repetir esse estado, pode gerar dependência. Os casos registrados de dependência à maconha, no entanto, não são muito frequentes, em proporção ao grande número de usuários. O poder indutor de dependência da maconha é muito menor que o de outras drogas.
Quais são os usos terapêuticos da maconha?
Muitos pesquisadores acreditam que os efeitos negativos da maconha são maiores que seus efeitos positivos. Além disso, hoje em dia existem drogas mais modernas e mais ativas para aqueles casos que podem se beneficiar da maconha. O efeito mais notável da maconha se verifica sobre o controle da náusea4 e dos vômitos5 resultantes da quimioterapia6, que podem beneficiar-se dela quando o paciente não responde satisfatoriamente às outras drogas. Outro efeito significativo e inquestionável é sobre o aumento do apetite de pacientes caquéticos. É descrito também bons resultados da indicação da maconha sobre a esclerose múltipla7, no alívio das dores espasmódicas e neuropáticas. Ela também atua em doenças como o glaucoma8, aliviando a pressão ocular, e na epilepsia9, evitando as convulsões. Na esclerose múltipla7, diminui os espasmos10 musculares.
Para uso terapêutico, o THC, princípio ativo da maconha, pode ser consumido por via oral, sob a forma de comprimidos.
Quais são as causas da dependência da maconha?
Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que não há consenso entre os pesquisadores se há ou não uma dependência física da maconha. Se há, ela é muito menos intensa que a dependência a outras drogas. De qualquer forma, os sentimentos agradáveis propiciados pela maconha criam a tendência de usá-la reiteradamente.
Quais são os principais sinais11 e sintomas12 da dependência da maconha?
A maconha é um depressor da atividade cerebral. Os sintomas12 agradáveis que ela produz (relaxamento, sonolência, desconexão mental, etc.) predominam sobre os desagradáveis (alucinações13, delírios persecutórios, medos avassaladores, etc.). Os usuários da maconha sofrem uma distorção e acentuação geralmente agradáveis do tempo, das cores, dos sons e do espaço. As capacidades motoras ficam prejudicadas, tornando perigoso dirigir um automóvel ou operar máquina pesada. Qualquer usuário, mas especialmente aqueles com uma latência14 esquizofrênica, podem tornar-se confusos e desorientados, apresentar psicose15 tóxica e perder a noção de quem são, de onde estão ou em que tempo estão. Reações de pânico podem ocorrer ocasionalmente em consumidores novos. A maconha bloqueia a memória de curto prazo e, em homens, diminui a produção de espermatozoides16, mas não afeta a libido17. Em mulheres ela pode ocasionar ciclos menstruais irregulares e, se gestarem, produzir fetos de menor tamanho que o normal. Nas mulheres usuárias que estejam amamentando, o THC passa para a criança e pode afetá-la da mesma maneira que a mãe é afetada. Depois de consumir uma dose da maconha a pessoa apresenta, além disso, pouco equilíbrio e força muscular, perda da coordenação motora, aumento dos batimentos cardíacos, percepções distorcidas, ansiedade, olhos18 avermelhados, boca19 seca e dificuldade na solução de problemas. Como a maconha é eliminada lentamente do organismo, as reações de abstinência tendem a ser leves e muitas vezes nem chegam a ser perceptíveis para o consumidor moderado, mas podem incluir aumento da atividade muscular, espasmos10 e insônia. O hábito de fumar, por seu turno, torna os usuários mais suscetíveis à asma20, enfisema21 pulmonar, bronquite e câncer22 pulmonar.
Como o médico diagnostica a dependência da maconha?
O diagnóstico23 da dependência de maconha pode ser feito pelo relato do próprio paciente, pela captação de seus sintomas12 e pela dosagem sanguínea de seus derivados.
Como o médico trata a dependência da maconha?
O tratamento das pessoas dependentes da maconha deve ser voltado para o âmbito biológico, psicológico e social da questão. As medicações podem ser usadas para aliviar sintomaticamente alguns sintomas12, mas o tratamento de longo prazo deve ser, em sua maior parte, terapias psicológicas, como a entrevista motivacional, psicoterapia cognitiva24 comportamental e o manejo de contingências. O tratamento farmacológico deve abordar, sobretudo, os estados de intoxicação aguda, as psicoses induzidas pela maconha e as outras comorbidades25 psiquiátricas associadas a esta droga, como a depressão, a ansiedade, o pânico e o transtorno de déficit de atenção.
Como evolui a dependência da maconha?
Não é certo que haja sintomas12 de abstinência da maconha ou qual seja a natureza deles.
O consumo prolongado de maconha pode causar danos aos pulmões26 e ao sistema reprodutivo.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.