Gostou do artigo? Compartilhe!

Alterações ortopédicas em crianças obesas

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que são alterações ortopédicas em crianças obesas?

A obesidade1 infantil tem crescido muito e já é considerada um problema de saúde2 pública por quase sempre estar relacionada a um grande número de situações patológicas, nas quais se incluem disfunções do aparelho locomotor. As crianças obesas, em idade infanto-juvenil, podem ter alterações ortopédicas muito precocemente, sobretudo alterações posturais.

Nos últimos cinquenta anos, a prevalência3 de crianças obesas no Brasil e em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, aumentou mais de três vezes.

Saiba mais sobre "Obesidade1" e "Cálculo4 do IMC5".

Quais são as causas das alterações ortopédicas em crianças obesas?

Os principais fatores que causam esses problemas são o aumento da sobrecarga articular associado à fragilidade óssea da fase de crescimento.

Qual é o mecanismo fisiológico6 das alterações ortopédicas em crianças obesas?

O aumento da sobrecarga nas articulações7 dos membros inferiores, devido à obesidade1, pode afetar as articulações7 desses membros, causando desalinhamentos e dores em idades precoces.

A relação entre a obesidade1 e o sistema musculoesquelético em crianças não é inteiramente clara, mas acredita-se que ela afete o aparelho locomotor tanto estrutural quanto funcionalmente. O tecido ósseo8 sofre uma modelagem segundo a carga exercida sobre ele. Durante a infância, os ossos possuem uma maior quantidade de colágeno9 e são mais flexíveis e, por isso, são mais susceptíveis à deformação plástica.

Os indivíduos obesos exercem maior sobrecarga sobre os ossos do que os indivíduos com peso normal e, por isso, têm maiores chances de sofrerem alterações ortopédicas. E ainda, o abdome10 protruso dos obesos desloca o centro de gravidade para frente, ocasionando readaptações na coluna vertebral11 e nos membros inferiores.

Quais são as principais características clínicas das alterações ortopédicas em crianças obesas?

Em geral, as complicações ortopédicas da obesidade1 são menos abordadas que outras. No entanto, doenças musculoesqueléticas decorrentes do excesso de massa corporal aumentam as necessidades mecânicas do corpo e o gasto de energia, dificultando a realização de atividades físicas, inclusive da marcha. Assim, elas propiciam a instalação de quadros dolorosos e anomalias de postura.

Além dessas alterações, as crianças obesas podem mostrar outras alterações ortopédicas ou da marcha. Os problemas mais comuns nas crianças obesas são hiperlordose lombar, joelhos valgos12, dores, principalmente na coluna lombar e nos membros inferiores, epifisiólise da cabeça13 femoral, osteocondrites e tíbia14 vara.

Na coluna, pode haver um aumento da lordose15 lombar e da cifose dorsal compensatória, com hiperlordose cervical e projeção anterior da cabeça13. Pode estar presente também uma anteversão pélvica16, associada à rotação interna dos quadris, joelhos valgos12 e pés planos.

Essa postura, que inicialmente é temporária e flexível, surge de forma compensatória para melhorar a estabilidade e só é considerada patológica a partir do momento em que se torna fixa, resultante de adaptações musculares e retrações cápsulo-ligamentares, podendo causar dores no sistema osteomioarticular. A angulação em valgo17 do joelho pode levar ao desaparecimento do arco plantar medial, causando o pé pronado ou o pé plano.

Leia sobre "Pé plano", "Desvios da coluna" e "Joelhos tortos".

Como prevenir as alterações ortopédicas em crianças obesas?

As complicações ortopédicas das crianças obesas podem ser, se não totalmente prevenidas, minimizadas por um adequado controle do peso corporal.

Quais são as complicações possíveis das alterações ortopédicas em crianças obesas?

A ocorrência de fraturas ósseas é maior nas crianças obesas que nas demais. Elas podem cair com maior força e de maneira mais inusitada e drástica que crianças com peso adequado. Também nelas são mais frequentes as dores lombares, nos quadris, pernas, tornozelo18, pé ou joelho.

O estirão puberal aumenta a fragilidade óssea e altera a qualidade e arquitetura dos ossos. O desbalanço peso/massa óssea pode levar à osteoartrite19 nos anos posteriores, alterações na postura e diminuição do equilíbrio. Além disso, crianças que apresentam dores musculoesqueléticas são menos predispostas a gostar de atividades físicas, o que favorece ainda mais o aumento do peso.

A prática de atividades físicas, além de favorecer o controle do peso, aumentaria a noção do corpo no espaço, daria mais equilíbrio, aumentando o tônus muscular20 e a massa óssea. As complicações musculoesqueléticas podem persistir e progredir na vida adulta.

Veja também sobre "Fratura21 óssea", "Osteoartrite19", "Criança fora do peso ideal" e "Síndrome metabólica22".

 

ABCMED, 2017. Alterações ortopédicas em crianças obesas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1296343/alteracoes-ortopedicas-em-criancas-obesas.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
4 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
5 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
6 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
7 Articulações:
8 Tecido Ósseo: TECIDO CONJUNTIVO especializado, principal constituinte do ESQUELETO. O componente celular básico (principle) do osso é constituído por OSTEOBLASTOS, OSTEÓCITOS e OSTEOCLASTOS, enquanto COLÁGENOS FIBRILARES e cristais de hidroxiapatita formam a MATRIZ ÓSSEA.
9 Colágeno: Principal proteína fibrilar, de função estrutural, presente no tecido conjuntivo de animais.
10 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
11 Coluna vertebral:
12 Joelhos valgos: Joelho valgo ou genovalgo é a projeção dos joelhos para dentro da linha média do corpo, causada geralmente pela hipertrofia da musculatura lateral da coxa e/ou hipotonia da musculatura medial da coxa. Há uma rotação lateral do fêmur e da tíbia, hiperextensão dos joelhos e supinação dos pés.
13 Cabeça:
14 Tíbia: Osso localizado no lado ântero-medial da perna. Ela apresenta duas epífises e uma diáfise e articula-se proximalmente com o fêmur e a fíbula e distalmente com o tálus e a fíbula.
15 Lordose: 1. Convexidade anterior, normal, da coluna vertebral na região lombar. 2. Na ortopedia, é uma acentuação excessiva de tal convexidade.
16 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
17 Valgo: Que se desvia para fora, em relação ao eixo do corpo (diz-se de membro ou segmento de membro).
18 Tornozelo: A região do membro inferior entre o PÉ e a PERNA.
19 Osteoartrite: Termo geral que se emprega para referir-se ao processo degenerativo da cartilagem articular, manifestado por dor ao movimento, derrame articular, etc. Também denominado artrose.
20 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
21 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
22 Síndrome metabólica: Tendência de várias doenças ocorrerem ao mesmo tempo. Incluindo obesidade, resistência insulínica, diabetes ou pré-diabetes, hipertensão e hiperlipidemia.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.