Descolamento prematuro de placenta: quando ele acontece? Tem como evitar?
O que é a placenta?
A placenta é um anexo1 embrionário transitório, existente apenas durante a gestação e em alguns mamíferos (mamíferos placentários), por meio do qual o feto2 respira, alimenta-se e excreta os produtos de seu metabolismo3. Dela parte o cordão umbilical4, através do qual o feto2 é nutrido. É também um órgão endócrino5 importante, envolvido na produção de diversos hormônios necessários ao perfeito desenvolvimento da gravidez6. A placenta humana implanta-se na parede do útero7 e aí permanece fixada durante toda a gravidez6. No parto, ela se descola do útero7 e é espontaneamente eliminada logo após a saída do bebê.
A placenta funciona parcialmente como um filtro, não permitindo que o sangue8 da mãe se misture ao do feto2 e impedindo que algumas moléculas inconvenientes entrem em contato com o feto2. Infelizmente, isso nem sempre acontece e por isso a mãe deve tomar cuidados com certos alimentos, substâncias, medicamentos, vírus9 e bactérias que podem atravessar a placenta e atingir o feto2 durante a gravidez6.
O que é o descolamento prematuro da placenta?
O descolamento prematuro da placenta é a separação antecipada de parte ou da totalidade da placenta da parede do útero7, onde deveria se encontrar implantada até o nascimento do feto2. Esse descolamento é mais comum no terceiro trimestre da gestação, embora possa ocorrer a qualquer momento, depois da vigésima semana de gravidez6. Dependendo do grau do descolamento, o suprimento de oxigênio e de nutrientes para o bebê pode ser muito prejudicado e até mesmo cessar, ao tempo em que pode ocorrer um sangramento perigoso para o feto2 e para a gestante. O caso representa sempre uma urgência10 obstétrica porque pode ocasionar a morte do bebê, da mãe ou de ambos.
Quais são as causas do descolamento prematuro da placenta?
Não há uma causa única para o descolamento prematuro da placenta, mas pode-se apresentar alguns fatores de risco:
- Ocorrências anteriores de descolamentos de placenta.
- Hipertensão11 crônica ou hipertensão11 gestacional (pré-eclâmpsia12).
- Algum tipo de distúrbio de coagulação13 do sangue8.
- Rompimento prematuro da bolsa amniótica14.
- Excesso de líquido amniótico15 (hidrâmnio16 ou polidrâmnio17).
- Ocorrência de sangramentos prévios na gestação.
- Gravidez6 de gêmeos (o descolamento é mais comum logo depois do nascimento do primeiro bebê).
- Traumas na área da barriga.
- Uso de cigarro ou outras drogas.
- Gestantes mais velhas, porque o risco aumenta com a idade.
- Algum tipo de anomalia uterina anatômica.
Quais são os sinais18 e sintomas19 do descolamento prematuro da placenta?
Quase sempre o descolamento da placenta acontece na segunda metade da gestação e se anuncia por um sangramento vaginal de pequeno ou grande volume e, às vezes, por dor intensa no abdome20 e/ou nas costas21. Em sangramentos menores, pode acontecer que o sangue8 fique retido no útero7, atrás da placenta, e não seja percebido. Muitas vezes o útero7 torna-se mais sensível e há cólicas22 repetitivas, a pequenos intervalos, ou uma cólica contínua que não cede. Ante esses sinais18, procure prontamente seu médico ou vá direto para o hospital, porque quase sempre se trata de uma emergência23.
Como o médico diagnostica o descolamento prematuro da placenta?
O diagnóstico24 do descolamento de placenta começa pela coleta de uma detalhada história clínica e pode ser complementado pela ultrassonografia25 abdominal ou vaginal. Apesar da ultrassonografia25 nem sempre detectar pequenos descolamentos, ela pode excluir o quadro clínico de placenta prévia, parecido com esse, ou outra possível causa de sangramento uterino. Outros exames complementares que podem contribuir direta ou indiretamente para o diagnóstico24 são: hemograma, monitoramento fetal, dosagem do fibrinogênio26, avaliação do estado de coagulação13 sanguínea e exame pélvico27.
Como o médico trata o descolamento prematuro da placenta?
O tratamento médico do descolamento prematuro da placenta dependerá da sua intensidade e do tempo já decorrido de gestação. O obstetra saberá orientar a melhor conduta em cada caso.
Se a data da ocorrência deste sangramento estiver próxima da data prevista para o parto, ele deve ser adiantado, mesmo que o descolamento não seja grande, em virtude das suas possíveis complicações. Se o descolamento for pequeno, mas o bebê for ainda muito prematuro (menos de 28 semanas) e se mãe e filho estiverem bem, é possível esperar um pouco mais, mantendo a gestante em repouso, devidamente medicada e monitorada (tanto ela, quanto o bebê). Em casos mais sérios pode ser necessária uma cesariana de urgência10. Trata-se, no fundo, em muitos casos, de pesar riscos e benefícios para a gestante e para o bebê.
Como prevenir o descolamento prematuro da placenta?
A única medida capaz de prevenir o descolamento prematuro da placenta é diminuir a incidência28 dos fatores de risco citados acima.
Como evolui o descolamento prematuro da placenta?
Em cerca de ¼ dos casos, o descolamento leva a um parto prematuro.
Pode ocorrer a morte do feto2 e, eventualmente, da mãe. Principalmente se o diagnóstico24 e o tratamento forem postergados.
Quando o bebê sobrevive, o parto geralmente tem que ser feito por cirurgia cesariana e é necessário que ele receba, na maioria das vezes, transfusão29 de sangue8.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.