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Arterite de Takayasu

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O que é a arterite de Takayasu?

A arterite de Takayasu, também conhecida como aortite1 de Takayasu, doença sem pulso ou síndrome2 do arco aórtico3, é uma doença inflamatória crônica rara (2-3/1.000.000) que afeta a aorta4 e seus ramos. Embora já tenha sido relatada em todo o mundo, ela mostra uma predileção por mulheres jovens de descendência asiática ou mexicana. Foi assim nomeada em homenagem ao médico Mikito Takayasu, que primeiro a descreveu em 1905.

Quais são as causas da arterite de Takayasu?

A arterite de Takayasu é uma vasculite5 crônica desencadeada por uma reação autoimune6 em pessoas com predisposição genética. Ela afeta oito vezes mais mulheres que homens e a idade de surgimento está entre os 15 e 30 anos. Acomete principalmente a aorta4 e seus ramos principais, as maiores artérias7 do corpo.

Qual é a abrangência da arterite de Takayasu?

Na Ásia, a arterite de Takayasu é uma importante causa de pressão arterial8 elevada em jovens. No entanto, na Europa e na América do Norte ela é uma doença muito rara. Quase sempre afeta a aorta4 e os seus ramos principais em direção ao cérebro9, braços e rins10. Num pequeno número de casos, a artéria pulmonar11 e as artérias coronárias12 (artérias7 do coração13), renais, mesentéricas14 ou femorais também encontram-se envolvidas.

Quais são as principais características clínicas da arterite de Takayasu?

A arterite de Takayasu leva ao espessamento inflamatório e ao dano da parede dos vasos, com subsequente estenose15 ou formação de aneurisma16. Raramente afeta outras artérias7, como as coronárias, renais, mesentéricas14 ou femorais. Numa primeira fase, que pode durar anos, os sintomas17 principais são fadiga18, perda de peso não intencional, dores generalizadas e febre19 baixa.

Numa segunda fase, que começa quando a obstrução das artérias7 impede a oxigenação e a nutrição20 adequadas dos tecidos, inclui fraqueza ou dor nos membros após esforço, vertigens21, tonturas22, desmaios, dores de cabeça23 ou dor no peito24, problemas de memória, dificuldade para raciocinar, falta de ar, alterações visuais, hipertensão arterial25, diferença na pressão arterial8 entre os braços, ausência de um ou ambos pulsos radiais, anemia26 e ruído arterial no foco aórtico.

A arterite de Takayasu é oito vezes mais comum nas mulheres do que nos homens. A média etária em que é diagnosticada é de cerca de 29 anos, embora os sintomas17 possam começar na adolescência.

Saiba mais sobre "Tontura27", "Desmaios", "Dor no peito24", "Dor de cabeça23", "Perda de memória" e "Febre19".

Como o médico diagnostica a arterite de Takayasu?

No exame físico é possível notar uma pressão arterial8 elevada sem outra causa explicativa, dificuldade em medir a pressão arterial8 em um dos lados, uma diferença dos valores da pressão arterial8 entre os dois braços e uma diferença entre os pulsos radiais esquerdo e direito. Quase sempre um deles está ausente e o outro tem sua intensidade aumentada. O sopro produzido pela estenose15 dos ramos afetados da aorta4 pode ser auscultado.

Segundo o American College of Rheumatology, o médico deve suspeitar de arterite de Takayasu se o paciente apresentar três dos seis sinais28 ou sintomas17 seguintes:

  • Início dos sintomas17 antes dos 40 anos de idade.
  • Fraqueza muscular e dor quando o doente move os braços ou as pernas.
  • Pulso fraco na artéria29 braquial.
  • Sopro, que indica um fluxo de sangue30 turbulento, à ausculta31 da aorta4 ou da artéria29 subclávia.
  • Sinais28 de lesão32 da aorta4 ou de outras artérias7 na angiografia33.
  • Uma diferença de, pelo menos, 10 mmHg na pressão arterial sistólica34 entre o braço direito e o esquerdo.

Imagens de radiografia, ressonância magnética35, ecografia36 com Doppler e angiograma, por exemplo, mostram a localização e a gravidade da inflamação37 e possíveis aneurismas nas artérias7.

Como o médico trata a arterite de Takayasu?

Os corticosteroides devem ser prontamente usados para inibir a resposta inflamatória. Se não forem bem tolerados, pode-se usar imunossupressores como alternativa. Podem igualmente ser necessários medicamentos para controlar a pressão arterial8 elevada, cirurgias para reparar aneurismas ou válvulas danificadas (valvuloplastia) ou angioplastia38 percutânea, inserindo um balão nos vasos afetados (stent) para melhorar o fluxo sanguíneo nas fases mais avançadas da doença.

Leia sobre "Hipertensão arterial25", "Aneurisma16 de aorta abdominal39" e "Stent".

Como evolui a arterite de Takayasu?

A duração da arterite de Takayasu é variada. Em muitos casos, a doença dura anos. A lesão32 das artérias7 pode ser permanente e continuar a perturbar o fluxo de sangue30 para os órgãos. Ao longo do tempo, a arterite de Takayasu pode ser fatal.

Naquelas pessoas tratadas com glicocorticoides, os sintomas17 geralmente desaparecem em cerca de 60% das pessoas, no entanto, recorrem em aproximadamente metade desses doentes. Habitualmente, cerca de 80 a 90% dos pacientes respondem a alguma forma de terapêutica40 médica. De um modo geral, aproximadamente 85% das pessoas sobrevivem durante pelo menos 15 anos após o diagnóstico41. Este número desce para 70% nos indivíduos com uma pressão arterial8 muito elevada ou com uma lesão32 significativa da aorta4.

Quais são as complicações possíveis da arterite de Takayasu?

Os aneurismas da aorta4 e os acidentes vasculares42 cerebrais são as maiores complicações da arterite de Takayasu.

Veja também sobre "Corticoides" e "Acidente Vascular Cerebral43".

 

ABCMED, 2017. Arterite de Takayasu. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1297048/arterite-de-takayasu.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Aortite: Inflamação da artéria aorta.
2 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
3 Arco Aórtico: Porção da aorta descendente que se extende do arco da aorta até o diafragma; eventualmente conecta-se com a AORTA ABDOMINAL.
4 Aorta: Principal artéria do organismo. Surge diretamente do ventrículo esquerdo e através de suas ramificações conduz o sangue a todos os órgãos do corpo.
5 Vasculite: Inflamação da parede de um vaso sangüíneo. É produzida por doenças imunológicas e alérgicas. Seus sintomas dependem das áreas afetadas.
6 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
7 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
8 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
9 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
10 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
11 Artéria Pulmonar: Vaso curto e calibroso que se origina do cone arterial do ventrículo direito e transporta sangue venoso para os pulmões. DF
12 Artérias coronárias: Veias e artérias do CORAÇÃO.
13 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
14 Mesentéricas: Relativo ao mesentério, ou seja, na anatomia geral o mesentério é uma dobra do peritônio que une o intestino delgado à parede posterior do abdome.
15 Estenose: Estreitamento patológico de um conduto, canal ou orifício.
16 Aneurisma: Alargamento anormal da luz de um vaso sangüíneo. Pode ser produzida por uma alteração congênita na parede do mesmo ou por efeito de diferentes doenças (hipertensão, aterosclerose, traumatismo arterial, doença de Marfán, etc.).
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
18 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
19 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
20 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
21 Vertigens: O termo vem do latim “vertere” e quer dizer rodar. A definição clássica de vertigem é alucinação do movimento. O indivíduo vê os objetos do ambiente rodarem ao seu redor ou seu corpo rodar em relação ao ambiente.
22 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
23 Cabeça:
24 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
25 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
26 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
27 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
28 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
29 Artéria: Vaso sangüíneo de grande calibre que leva sangue oxigenado do coração a todas as partes do corpo.
30 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
31 Ausculta: Ato de escutar os ruídos internos do organismo, para controlar o funcionamento de um órgão ou perceber uma anomalia; auscultação.
32 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
33 Angiografia: Método diagnóstico que, através do uso de uma substância de contraste, permite observar a morfologia dos vasos sangüíneos. O contraste é injetado dentro do vaso sangüíneo e o trajeto deste é acompanhado através de radiografias seriadas da área a ser estudada.
34 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
35 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
36 Ecografia: Ecografia ou ultrassonografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
37 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
38 Angioplastia: Método invasivo mediante o qual se produz a dilatação dos vasos sangüíneos arteriais afetados por um processo aterosclerótico ou trombótico.
39 Aorta Abdominal: Porção da aorta que tem início no DIAFRAGMA e termina na bifurcação em artérias ílicas comuns direita e esquerda.
40 Terapêutica: Terapia, tratamento de doentes.
41 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
42 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
43 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
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