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Íleo paralítico: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução

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O que é íleo paralítico1?

O íleo2 é o segmento do intestino delgado3 que vem logo após o duodeno4 e o jejuno5 e que normalmente, por seus movimentos peristálticos6, impulsiona o bolo alimentar até a primeira porção do intestino grosso7. O íleo paralítico1, ou íleo adinâmico8, é uma situação em que esses movimentos cessam temporariamente e então os alimentos não conseguem ser propelidos normalmente através do seu lúmen9. Os efeitos clínicos são semelhantes aos de uma obstrução intestinal mecânica, com a diferença de que enquanto nesta é de se esperar que possa haver perfuração intestinal, isso raramente acontece no íleo paralítico1.

Quais são as causas do íleo paralítico1?

O íleo paralítico1 pode ser causado por condições locais ou gerais. Entre as primeiras, está uma infecção10 ou um distúrbio circulatório local, com diminuição do suprimento de sangue11, e entre as segundas estão as de natureza metabólica, como as devidas à baixa concentração de potássio ou à elevada concentração de cálcio e aquelas ocasionadas por uma insuficiência renal12.

O uso de certos fármacos e uma glândula13 tireoide14 hipofuncionante também podem ser causas de íleo paralítico1. Após uma cirurgia abdominal é comum que o íleo2 fique paralisado por até 72 horas, como uma resposta fisiológica15 à intervenção. Essa condição se deve à manipulação do intestino e a certas medicações usadas na anestesia16. Mais raramente o íleo paralítico1 pode dever-se a lesões17, traumas, pneumonias e ataques cardíacos.

Quais são os principais sinais18 e sintomas19 do íleo paralítico1?

Os principais sinais18 e sintomas19 do íleo paralítico1 são: dor moderada, obstipação20, distensão abdominal, ausência de sons intestinais e da eliminação de gases.

Como o médico diagnostica o íleo paralítico1?

O médico faz o diagnóstico21 de íleo paralítico1 com base na história clínica do paciente e nos sinais18 apresentados no exame físico. Além disso, se baseará em análises de exames de sangue11, radiografias e colonoscopias. O diagnóstico21 diferencial entre íleo paralítico1 e obstrução intestinal mecânica nem sempre é fácil e depende da evolução do quadro clínico, do exame físico e da avaliação dos exames complementares.

Como o médico trata o íleo paralítico1?

O tratamento do íleo paralítico1 pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento clínico é eminentemente22 conservador. Inclui o tratamento dos sintomas19 e a eliminação de qualquer agente etiológico23 específico. A intubação nasogástrica (colocação de uma sonda gástrica através do nariz24) é eficaz para minimizar a distensão e o desconforto. Outra sonda pode ser introduzida no cólon25, através do ânus26, com a mesma finalidade. O paciente deve ser mantido sem comer nem beber nada até que o problema seja resolvido. Líquidos e eletrólitos27 devem ser administrados por via endovenosa, deve ser feita uma reposição hidroeletrolítica adequada e devem ser tomados cuidados para a prevenção de infecções28. Pode-se empregar medicamentos na tentativa de estimular o peristaltismo29 abolido, mas os laxativos30 e colinérgicos são contraindicados. Além do tratamento conservador apropriado deve-se conceder um tempo para a resolução espontânea do íleo paralítico1, principalmente se de causa pós-cirúrgica.

O tratamento cirúrgico só deve ser realizado excepcionalmente, ante a iminência de ruptura intestinal e na presença de infecção10 abdominal. Em pacientes graves pode ser feita uma ileostomia (remoção do íleo2) ou uma colostomia31 (exteriorização do intestino grosso7 através da parede abdominal32).

Como prevenir o íleo paralítico1?

O íleo paralítico1 pós-cirúrgico pode ser evitado por uma manipulação intestinal que seja a menor possível durante cirurgias abdominais e pela deambulação33 pós-operatória precoce.

Como evolui o íleo paralítico1?

O íleo paralítico1 pós-cirúrgico normalmente resolve-se por si mesmo, no máximo em 72 horas. Se ele se tornar muito prolongado, pode converter-se numa complicação pós-operatória e tem de ser diferenciado de uma eventual obstrução intestinal mecânica. Ao contrário da obstrução mecânica o íleo paralítico1 raramente evolui para uma perfuração. Nos outros casos, não relacionados a cirurgias, a enfermidade primária que causou o íleo paralítico1 necessita também ser tratada.

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic, da Mayo Clinic, da United Ostomy Associations of America e do Johns Hopkins Medicine.

ABCMED, 2014. Íleo paralítico: conceito, causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e evolução. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/577562/ileo-paralitico-conceito-causas-sintomas-diagnostico-tratamento-e-evolucao.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Íleo paralítico: O íleo adinâmico, também denominado íleo paralítico, reflexo, por inibição ou pós-operatório, é definido como uma atonia reflexa gastrintestinal, onde o conteúdo não é propelido através do lúmen, devido à parada da atividade peristáltica, sem uma causa mecânica. É distúrbio comum do pós-operatório podendo-se afirmar que ocorre após toda cirurgia abdominal, como resposta “fisiológica“ à intervenção, variando somente sua intensidade, afetando todo o aparelho digestivo ou parte dele.
2 Íleo: A porção distal and mais estreita do INTESTINO DELGADO, entre o JEJUNO e a VALVA ILEOCECAL do INTESTINO GROSSO. Sinônimos: Ileum
3 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
4 Duodeno: Parte inicial do intestino delgado que se estende do piloro até o jejuno.
5 Jejuno: Porção intermediária do INTESTINO DELGADO, entre o DUODENO e o ÍLEO. Representa cerca de 2/5 da porção restante do intestino delgado após o duodeno.
6 Movimentos peristálticos: Conjunto das contrações musculares dos órgãos ocos, provocando o avanço de seu conteúdo; peristalse, peristaltismo.
7 Intestino grosso: O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. Ele tem um papel importante na absorção da água (o que determina a consistência do bolo fecal), de alguns nutrientes e certas vitaminas. Mede cerca de 1,5 m de comprimento.
8 Íleo adinâmico: O íleo adinâmico, também denominado íleo paralítico, reflexo, por inibição ou pós-operatório, é definido como uma atonia reflexa gastrintestinal, onde o conteúdo não é propelido através do lúmen, devido à parada da atividade peristáltica, sem uma causa mecânica. É distúrbio comum do pós-operatório podendo-se afirmar que ocorre após toda cirurgia abdominal, como resposta “fisiológica“ à intervenção, variando somente sua intensidade, afetando todo o aparelho digestivo ou parte dele.
9 Lúmen: 1. Lúmen é um espaço interno ou cavidade dentro de uma estrutura com formato de tubo em um corpo, como as artérias e o intestino. 2. Na anatomia geral, é o mesmo que luz ou espaço. 3. Na óptica, é a unidade de fluxo luminoso do Sistema Internacional, definida como fluxo luminoso emitido por uma fonte puntiforme com intensidade uniforme de uma candela, contido num ângulo sólido de um esferorradiano.
10 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
11 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
12 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
13 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
14 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
15 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
16 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
17 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Obstipação: Prisão de ventre ou constipação rebelde.
21 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
22 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
23 Etiológico: Relativo à etiologia; que investiga a causa e origem de algo.
24 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
25 Cólon:
26 Ânus: Segmento terminal do INTESTINO GROSSO, começando na ampola do RETO e terminando no ânus.
27 Eletrólitos: Em eletricidade, é um condutor elétrico de natureza líquida ou sólida, no qual cargas são transportadas por meio de íons. Em química, é uma substância que dissolvida em água se torna condutora de corrente elétrica.
28 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
29 Peristaltismo: Conjunto das contrações musculares dos órgãos ocos, provocando o avanço de seu conteúdo; movimento peristáltico, peristalse.
30 Laxativos: Mesmo que laxantes. Que laxa, afrouxa, dilata. Medicamentos que tratam da constipação intestinal; purgantes, purgativos, solutivos.
31 Colostomia: Procedimento cirúrgico que consiste em seccionar uma extremidade do intestino grosso e expô-lo através de uma abertura na parede abdominal anterior, pela qual será eliminado o material fecal. É utilizada em diferentes doenças que afetam o trânsito intestinal normal, podendo ser transitória (quando em uma segunda cirurgia o trânsito intestinal é restabelecido) ou definitiva.
32 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
33 Deambulação: Ato ou efeito de deambular, passear ou marchar.
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