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O que é sarcoidose? Quais são suas causas e sintomas? Como é o tratamento? Existe prevenção?

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O que é sarcoidose1?

A sarcoidose1 é uma doença autoimune2 crônica que aparece mais comumente em adultos jovens, entre 25 e 40 anos, embora possa afetar pessoas em qualquer idade, sendo rara na infância. Caracteriza-se pelo surgimento de granulomas3 epitelioides (pequenos nódulos inflamatórios ou grupos de células4 imunológicas) que podem afetar qualquer órgão, mais frequentemente os pulmões5 e os linfonodos6.

Nos Estados Unidos, a incidência7 da doença entre os negros apresentou-se cerca de quatro vezes superior à observada nos brancos, sobretudo em mulheres negras. Os negros também apresentam a doença com evolução mais grave e aguda, sendo frequente a doença extratorácica.

Quais são as causas da sarcoidose1?

A causa do aparecimento dos granulomas3 ainda é desconhecida. Tampouco foi possível identificar fatores desencadeantes. Embora pareçam existir componentes genéticos implicados, ainda não foi isolado nenhum gene responsável pela doença. Sugere-se, sem confirmação, que haja alelos8 (formas alternativas de um mesmo gene) que conferem susceptibilidade9 à doença e outros que sejam protetores em relação a ela. Pessoas que têm sarcoidose1 entre parentes próximos têm cerca de cinco vezes mais chances de desenvolver a doença que as demais. A hipótese da influência de agentes ambientais é sustentada pela variação sazonal da doença e pela sua ocorrência em grupos fechados, expostos às mesmas condições ambientais.

Quais são os principais sinais10 e sintomas11 da sarcoidose1?

Muitos pacientes com sarcoidose1 são assintomáticos. Os sintomas11 dependem do órgão afetado e da extensão das lesões12. Os pulmões5 são, de longe, os órgãos mais afetados e por isso os sintomas11 relativos a eles são mais fequentes, mas pode haver também comprometimento cutâneo13, cardíaco, ocular, nervoso, musculo-esquelético, renal14, hepático, etc. Habitualmente os sintomas11 mais comuns da sarcoidose1, pelo menos em grau inicial, são vagos, como fadiga15; perda de peso; dores generalizadas; secura dos olhos16; visão17 borrada; tosse; dispneia18; lesões12 na pele19.

Como o médico diagnostica a sarcoidose1?

Muitas vezes um exame físico cuidadoso poderá evidenciar sinais10 visíveis da doença, além de sons anormais na respiração e aumento do volume do fígado20, das glândulas21 linfáticas e do baço22. A propedêutica com exames complementares pode ser necessária, na dependência dos órgãos envolvidos; radiografia, tomografia computadorizada23, ressonância magnética24 e cintilografia25 podem ser solicitadas.

As radiografias do tórax26 para examinar os pulmões5 podem ser normais ou mostrar linfonodos6 aumentados. A tomografia computadorizada23 do tórax26 pode precisar melhor esses achados. Para fechar o diagnóstico27, pode ser feita uma biópsia28 do pulmão29 (ou de qualquer outro órgão ou tecido30, conforme o caso). O diagnóstico27 mais preciso da sarcoidose1 baseia-se no achado histológico31 de granulomas3 epitelioides.

A sarcoidose1 costuma alterar os resultados dos seguintes exames laboratoriais: hemograma, cálcio urinário, fósforo sérico, imunoeletroforese, provas de função hepática32 e imunoglobina quantitativa.

Frequentemente a sarcoidose1 é associada com doenças autoimunes33 como o lúpus34 eritematoso35, a esclerose36 sistêmica, a dermatomiosite, a doença de Addison, a tireoidite, a colite37 ulcerativa, o vitiligo38 e a trombocitopenia39.

Como o médico trata a sarcoidose1?

Em geral os sintomas11 da sarcoidose1 desaparecem lentamente, sem tratamento. Em alguns pacientes pode ser necessário o uso de corticoides orais, inalatórios ou tópicos (prednisona, metilprednisolona e outros), às vezes pelo resto da vida. Muitas vezes, também são necessários medicamentos citotóxicos40 ou imunossupressores como o metotrexato, os antimaláricos41, a azatioprina, o clorambucil, a ciclofosfamida, a ciclosporina e a pentoxifilina. Várias outras drogas têm sido utilizadas na sarcoidose1 cutânea42.

Como prevenir a sarcoidose1?

Como não se conhece precisamente suas causas, não há uma maneira segura de prevenir a sarcoidose1.

Como evolui a sarcoidose1?

Frequentemente ela é uma doença autolimitada que dura espontaneamente de 12 a 36 meses, embora em uma minoria de pacientes ela possa durar décadas.

A evolução da sarcoidose1 pode variar desde casos em que ela é assintomática e que se curam por si mesmos, até outros que evoluem para a debilitação crônica.

Raramente a sarcoidose1 causa a morte. A taxa de mortalidade43 da doença é menor que 5% e se deve às complicações da doença.

ABCMED, 2013. O que é sarcoidose? Quais são suas causas e sintomas? Como é o tratamento? Existe prevenção?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/348664/o-que-e-sarcoidose-quais-sao-suas-causas-e-sintomas-como-e-o-tratamento-existe-prevencao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sarcoidose: Sarcoidose ou Doença de Besnier-Boeck é caracterizada pelo aparecimento de pequenos nódulos inflamatórios (granulomas) em vários órgãos. A doença pode afetar qualquer orgão do corpo, mas os mais atingidos são os pulmões , os gânglios linfáticos (ínguas ), o fígado, o baço e a pele.
2 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
3 Granulomas: Formação composta por tecido de granulação que se encontra em processos infecciosos e outras doenças. É, na maioria das vezes, reacional a algum tipo de agressão (corpo estranho, ferimentos, parasitas, etc.).
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
6 Linfonodos: Gânglios ou nodos linfáticos.
7 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
8 Alelos: 1. Que ocupa os mesmos loci (locais) nos cromossomos (diz-se de gene). 2. Em genética, é cada uma das formas que um gene pode apresentar e que determina características diferentes.
9 Susceptibilidade: 1. Ato, característica ou condição do que é suscetível. 2. Capacidade de receber as impressões que põem em exercício as ações orgânicas; sensibilidade. 3. Disposição ou tendência para se ofender e se ressentir com (algo, geralmente sem importância); delicadeza, melindre. 4. Em física, é o coeficiente de proporcionalidade entre o campo magnético aplicado a um material e a sua magnetização.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
13 Cutâneo: Que diz respeito à pele, à cútis.
14 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
15 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
16 Olhos:
17 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
18 Dispnéia: Falta de ar ou dificuldade para respirar caracterizada por respiração rápida e curta, geralmente está associada a alguma doença cardíaca ou pulmonar.
19 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
20 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
21 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
22 Baço:
23 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
24 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
25 Cintilografia: Procedimento que permite assinalar num tecido ou órgão interno a presença de um radiofármaco e acompanhar seu percurso graças à emissão de radiações gama que fazem aparecer na tela uma série de pontos brilhantes (cintilação); também chamada de cintigrafia ou gamagrafia.
26 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
27 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
28 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
29 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
30 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
31 Histológico: Relativo à histologia, ou seja, relativo à disciplina biomédica que estuda a estrutura microscópica, composição e função dos tecidos vivos.
32 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
33 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
34 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
35 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
36 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
37 Colite: Inflamação da porção terminal do cólon (intestino grosso). Pode ser devido a infecções intestinais (a causa mais freqüente), ou a processos inflamatórios diversos (colite ulcerativa, colite isquêmica, colite por radiação, etc.).
38 Vitiligo: Doença benigna da pele, caracterizada pela ausência de pigmentação normal nas regiões afetadas, frequentemente face e mãos. Hoje já há tratamento, porém este é demorado e com resultados variáveis de pessoa para pessoa. CÓDIGO INTERNACIONAL DE DOENÇAS (CID): L80- VITILIGO.
39 Trombocitopenia: É a redução do número de plaquetas no sangue. Contrário de trombocitose. Quando a quantidade de plaquetas no sangue é inferior a 150.000/mm³, diz-se que o indivíduo apresenta trombocitopenia (ou plaquetopenia). As pessoas com trombocitopenia apresentam tendência de sofrer hemorragias.
40 Citotóxicos: Diz-se das substâncias que são tóxicas às células ou que impedem o crescimento de um tecido celular.
41 Antimaláricos: Agentes usados no tratamento da malária. Geralmente são classificados com base na sua ação contra os plasmódios nas diferentes fases de seu ciclo de vida no homem. São exemplos, a cloroquina e a hidroxicloroquina.
42 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
43 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
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Comentários

04/06/2016 - Comentário feito por marcos
Utilíssimas informações pa...
Utilíssimas informações para um leigo como eu ! Minha filha tem a doença e não sabia nada a respeito !
Matéria clara de fácil compreensão para quem não é da área da saúde .
Vou ler diversas vezes para poder discutir o problema com meus pares .
Muito obrigado.

20/05/2016 - Comentário feito por Fernando
Oliveira Costa - 20-05-2016 Médico (...
Oliveira Costa - 20-05-2016 Médico (Medicina Interna e Oncologia Médica)

Artigo muito bem estruturado pois permite transmitir uma informação importante e fazer-se compreender qualquer que seja o nível do leitor. Tem várias palavras sublinhadas que depois dão informação o que significam. Parabéns aos autores

11/01/2015 - Comentário feito por Alexandre
Parabéns pela matéria ,muito bem ...
Parabéns pela matéria ,muito bem explicada,de fácil entendimento o que é difícil em várias postagens...!!!

18/04/2013 - Comentário feito por Edmilson
Re: O que é sarcoidose? Quais são suas causas e sintomas? Como é o tratamento? Existe prevenção?
Olá!
Amigos, esta materia foi muito importante para mim, pois foi descoberto atraves de um raio X que eu tenho sacoidose no ano de 1974, mais atraves desta reportagem foi que fiquei sabendo mais detalhadamente o que e sarcoidose, mais eu estou bem hoje com 58 anos as vespera dos 59.
Abraços.

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