Hirsutismo: conceito, causas, fisiopatologia, sinais e sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução
O que é hirsutismo1?
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o hirsutismo1 (também chamado de frazonismo) é o crescimento excessivo de pelos na mulher, em áreas anatômicas características da distribuição masculina, como queixo, buço, abdome2 inferior, ao redor de mamilos3, entre os seios4, glúteos5 e parte interna das coxas6. Pode ser uma queixa isolada ou fazer parte de um quadro clínico mais florido, acompanhado de outros sinais7 e sintomas8. O hirsutismo1 pode representar uma situação de grande desconforto psicológico, gerando conflitos que comprometem a qualidade de vida das pacientes acometidas. Ele nem sempre corresponde a uma patologia9 em si mesmo, mas é um sinal10 que pode aparecer em diversas enfermidades, sobretudo endócrinas.
Quais são as causas do hirsutismo1?
As causas mais frequentes do hirsutismo1 são de origem glandular: a síndrome11 dos ovários12 policísticos, a hiperplasia13 adrenal congênita14, a síndrome de Cushing15, os tumores virilizantes (ovarianos ou adrenais) e certos medicamentos. Muitos casos de hirsutismo1 ficam sem causa definida.
Qual é a fisiopatologia16 do hirsutismo1?
A maior parte dos pelos corporais pode ser classificada em dois tipos: velus e terminais. Os velus são pelos finos e não pigmentados. Os terminais são pelos mais grossos e escuros e, em geral, dependentes de hormônios sexuais. Define-se como hipertricose17 o crescimento uniforme de pelos velus em todo o corpo, frequentemente ocasionada por medicamentos ou doenças metabólicas ou nutricionais.
O hirsutismo1, por seu turno, é definido como o crescimento excessivo de pelos terminais na mulher, em áreas anatômicas características de distribuição masculina. Na mulher, os androgênios circulantes mais importantes são a androstenediona18, 50% secretada pelos ovários12 e 50% pelas glândulas19 adrenais, e a testosterona, 30% secretada pelos ovários12 e em menor proporção pelas adrenais. A maior parte dela é originária da conversão periférica ou hepática20 da androstenediona18.
Assim, a testosterona circula ligada a proteínas21 carreadoras, mas penetra na célula22 sob a forma livre. Situações que alterem a relação testosterona total/testosterona livre podem interferir com a ação sobre os folículos pilosos. No folículo piloso23 ela irá ativar a multiplicação celular e a síntese de proteínas21 específicas, ajudando a produzir o hirsutismo1, o qual depende também do grau de sensibilidade cutânea24, da capacidade de conversão de androgênios em estrogênios e de outras interconversões.
Quais são os principais sinais7 e sintomas8 que acompanham o hirsutismo1?
O hirsutismo1 costuma afetar as mulheres durante os anos férteis e após a menopausa25. Embora seja raro, geralmente está associado a irregularidades menstruais, alterações hormonais, infertilidade26, acne27, seborreia28, alopécia29, hipertrofia30 do clitóris, aumento da massa muscular, modificação do tom de voz ou ainda alterações metabólicas relacionadas com resistência insulínica.
Como o médico diagnostica o hirsutismo1?
Em si mesmo o hirsutismo1 pode ser diagnosticado pela simples observação. No entanto, a elucidação de suas causas exige uma história clínica e exame físico detalhados e alguns exames laboratoriais, como as dosagens hormonais de testosterona, androstenediona18, deidroepiandrosterona, sulfato de deidroepiandrosterona, hormônio31 folículo32 estimulante (FSH), hormônio31 luteinizante (LH), prolactina33 e cortisol. Exames de imagens, tais como ultrassonografia34 e tomografia computadorizada35 ajudam a confirmar ou excluir tumores.
Como o médico trata o hirsutismo1?
O passo inicial do tratamento do hirsutismo1 deve ser uma investigação hormonal. A partir daí, o médico irá planejar os demais passos, passando pelo reconhecimento da doença de base, caso exista. O tratamento tópico36 sempre bloqueia a ação dos hormônios sobre os pelos, o que causa uma redução na velocidade de crescimento deles. No tratamento oral os resultados são demorados. Paralelamente aos medicamentos, pode ser preciso que a paciente faça a remoção física dos pelos, por depilação com cera ou cremes depilatórios, utilização de pinças, eletrólise ou depilação a laser. Procedimentos cosméticos podem ser usados em associação com o tratamento hormonal. A terapia medicamentosa inibe o crescimento dos pelos, mas não faz cair aqueles já existentes.
Como evolui o hirsutismo1?
A resposta do tratamento ao hirsutismo1 é demorada, uma vez que ela depende do ciclo de crescimento do pelo. No tratamento oral os resultados só começam a aparecer entre três e seis meses.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.