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Síndrome de Irlen

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O que é a síndrome1 de Irlen?

A Síndrome1 de Irlen, também chamada de síndrome1 de Irlen-Meares ou síndrome1 de sensibilidade escotópica, é uma alteração visoperceptual rara, pouco conhecida no Brasil, em que há uma sensibilidade extrema a certas ondas de luz, principalmente ao branco, que produz alterações no córtex visual, prejudicando a leitura e o aprendizado. A síndrome1 de Irlen não é um problema óptico, mas um problema com a capacidade do cérebro2 de processar informações visuais.

Foi inicialmente descrita pela psicóloga Helen Irlen, em 1983, nos Estados Unidos, embora em 1980 a professora neozelandesa Olive Meares tenha apontado distorções visuais em alguns indivíduos ao lerem em papel branco.

Quais são as causas da síndrome1 de Irlen?

A síndrome1 de Irlen é causada por um desequilíbrio na capacidade de adaptação às diferentes ondas da luz e, por isso, a diferentes cores e contrastes. A Síndrome1 tem caráter hereditário familiar, sendo que sempre um ou ambos os pais são portadores em graus e intensidade variáveis.

Veja também sobre "Incômodo com a claridade - pode ser fotofobia3", "Olho4 vermelho" e "Concentração mental".

Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Irlen?

A fisiopatologia5 da doença ainda é incerta. Não há ainda um consenso se a Síndrome1 de Irlen é uma entidade independente ou parte do espectro da dislexia visual. O defeito ocular da síndrome1 parece estar vinculado de alguma maneira à visão6 escópica, que é a visão6 produzida pelo olho4 em condições de baixa luminosidade.

A Síndrome1 de Irlen não é um problema dos olhos7, mas um problema do cérebro2. Nesse sentido, é mais uma anomalia neurológica que oftalmológica. Mesmo quando os olhos7 funcionam perfeitamente, o cérebro2 pode ter dificuldade em processar as informações visuais que recebe.

Quais são as características clínicas da síndrome1 de Irlen?

Calcula-se que a síndrome1 de Irlen atinge de 12% a 14% da população mundial, embora seja subdetectada. Muitas vezes, seus sintomas8 deixam de ser relatados, seja porque são muito discretos, seja porque são tidos como peculiaridades individuais normais. Os principais sintomas8 da Síndrome1 de Irlen são:

  • Sensibilidade à luz, sobretudo à luz branca, que faz com que algumas pessoas apresentem sintomas8 físicos e se sintam cansadas, sonolentas, tontas, ansiosas ou irritadas, enquanto outras sentem dores de cabeça9, mudanças de humor, inquietação ou têm dificuldade em manter o foco da visão6;
  • Problemas de leitura, que tornam essa atividade desagradável;
  • Desconforto, como tensão, fadiga10 e olhos7 que doem ou que ficam lacrimejantes;
  • Dificuldades para manter a atenção e a concentração;
  • Problemas de escrita;
  • Tensão ou fadiga10 excessivas ao usar computadores.

Normalmente aparece uma fotofobia3 em relação ao brilho do papel branco que desvia a atenção do texto lido. As luzes fluorescentes são particularmente difíceis de tolerar e até mesmo a luz solar, faróis de carros e postes à noite causam incômodo e cefaleias11 aos portadores da síndrome1 de Irlen. Essas alterações produzem sensação de perda de foco dos objetos e movimentos das letras, que pulsam, tremem, vibram, aglomeram-se ou desaparecem, prejudicando a compreensão do texto lido.

Dificuldades com percepção espacial tridimensional tornam mais difíceis atividades como dirigir, praticar esportes e outras, como descer e subir escadas, atravessar passarelas, usar escadas rolantes, etc.

Os sintomas8 oculares são lacrimejamento, prurido12, ardência, tendência a esfregar os olhos7 e fazer sombra enquanto lê, apertar ou piscar os olhos7 excessivamente, balançar ou tombar a cabeça9, sensação de cansaço após um pequeno tempo de leitura, além de história familiar de dificuldades com leitura e fotofobia3

Essas manifestações são mais evidentes nos períodos de maior demanda de atenção visual, como nas atividades acadêmicas e profissionais que envolvam leitura por tempo prolongado.

Como suspeitar da síndrome1 de Irlen?

As pessoas que mais frequentemente detectam as dificuldades visuais da Síndrome1 de Irlen nas crianças são os pais, professores ou pedagogos.

Além dos sinais13 e sintomas8 próprios da doença, deve-se observar também as peculiaridades comportamentais mais ou menos típicas. É comum que a pessoa com a síndrome1 de Irlen procure fazer sombra com as mãos14 sobre o papel que esteja lendo. O exercício da leitura pode se tornar uma atividade desconfortável e cansativa. Em razão disso, há um baixo rendimento escolar mesmo em crianças com um QI15 normal ou ainda maior.

Como tratar a síndrome1 de Irlen?

Não há como tratar a causa do transtorno. A síndrome1 de Irlen pode ser tratada por meio do uso de lentes e filtros coloridos, com o objetivo de aliviar o efeito do contraste luminoso e melhorar o desempenho de leitura dos pacientes. No entanto, parece não haver nenhuma evidência de eficácia desse tratamento.

Saiba mais sobre "Distúrbios de aprendizagem escolar", "Deficiência intelectual" e "Acromatopsia ou cegueira de cores".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Irlen Institute (USA) e da Irlen Syndrome Foundation (USA).

ABCMED, 2021. Síndrome de Irlen. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1396776/sindrome-de-irlen.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
3 Fotofobia: Dor ocular ou cefaléia produzida perante estímulos visuais. É um sintoma freqüente na meningite, hemorragia subaracnóidea, enxaqueca, etc.
4 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
5 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
6 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
7 Olhos:
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Cabeça:
10 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
11 Cefaléias: Sinônimo de dor de cabeça. Este termo engloba todas as dores de cabeça existentes, ou seja, enxaqueca ou migrânea, cefaléia ou dor de cabeça tensional, cefaléia cervicogênica, cefaléia em pontada, cefaléia secundária a sinusite, etc... são tipos dentro do grupo das cefaléias ou dores de cabeça. A cefaléia tipo tensional é a mais comum (acomete 78% da população), seguida da enxaqueca ou migrânea (16% da população).
12 Prurido: 1.    Na dermatologia, o prurido significa uma sensação incômoda na pele ou nas mucosas que leva a coçar, devido à liberação pelo organismo de substâncias químicas, como a histamina, que irritam algum nervo periférico. 2.    Comichão, coceira. 3.    No sentido figurado, prurido é um estado de hesitação ou dor na consciência; escrúpulo, preocupação, pudor. Também pode significar um forte desejo, impaciência, inquietação.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
15 QI: O QI é utilizado para dimensionar a inteligência humana em relação à faixa etária a que um sujeito pertence. Em 1905, os franceses Alfred Binet e Theodore Simon desenvolveram uma ferramenta para avaliar os potenciais cognitivos dos estudantes, tentando detectar entre eles aqueles que precisavam de um auxílio maior de seus mestres, criando a Escala de Binet-Simon. Outros estudiosos aperfeiçoaram esta metodologia. William Stern foi quem, em 1912, propôs o termo “QI“. O Quociente de Inteligência é a razão entre a Idade Mental e a Cronológica, multiplicada por 100 para se evitar a utilização dos decimais. Seguindo-se este indicador, é possível avaliar se um infante é precoce ou se apresenta algum retardamento no aprendizado. Os que apresentam o quociente em torno de 100 são considerados normais, os acima deste resultado revelam-se precoces e os que alcançam um valor mais inferior (cerca de 70) são classificados como retardados. Uma alta taxa de QI não indica que o indivíduo seja mentalmente são, ou mesmo feliz, e também não avalia outros potenciais e capacidades, tais como as artísticas e as de natureza espiritual. O QI mede bem os talentos linguísticos, os pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos, a facilidade de abstração em construções teóricas, o desenvolvimento escolar, o saber acadêmico acumulado ao longo do tempo. Os grandes gênios do passado, avaliados dessa forma, apresentavam uma taxa de aproximadamente 180, o que caracteriza um superdotado.
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