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Ibuprofeno e Coronavírus

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O que é o Ibuprofeno?

O ibuprofeno é um fármaco1 do grupo dos anti-inflamatórios não esteroides, bastante utilizado para o tratamento da dor, febre2, inflamações3 e cólicas4 menstruais. Normalmente, o ibuprofeno é usado também em diversos casos de artrites, inclusive artrite5 reativa e artrite reumatoide6, espondilose e espondilite anquilosante.

No entanto, pessoas que tenham pressão arterial7 alta, colesterol8 elevado, excesso de peso e diabetes9 devem ter cuidados especiais ao tomar ibuprofeno. O medicamento é contraindicado para pessoas com antecedentes de problemas cardíacos e/ou gástricos, pacientes idosos e gestantes. Muitas mulheres têm dúvidas se o ibuprofeno prejudica ou inibe a ação dos métodos contraceptivos.

Apesar do uso muito difundido, algumas dúvidas são recorrentes, relacionadas às formas de uso, apresentações e interações medicamentosas, entre outras. Agora, surge a dúvida ainda não totalmente esclarecida sobre qual é o verdadeiro papel desempenhado pelo medicamento nas pessoas infectadas pela COVID-19, havendo sido levantada a suspeita de que ele possa agravar essa doença.

Como se vê, o ibuprofeno é uma medicação que tem algumas complicações. Quando o médico indica o medicamento, avalia os benefícios e os malefícios que poderá trazer ao paciente.

Seu nome deriva das iniciais do ácido isobutilpropanoicofenólico, sua substância básica.

Leia sobre "COVID-19 no Brasil", "Espondilose lombar", "Espondilose cervical" e "Espondiloartrites".

Quais são as relações entre o Ibuprofeno e o coronavírus?

Muitas dúvidas e questionamentos têm surgido quanto ao uso do ibuprofeno no combate aos sintomas10 do novo coronavírus. Como a questão ainda não está definitivamente decidida, a OMS, numa primeira consideração do assunto, disse que a entidade não recomenda o remédio para quem decidir se automedicar, mas alertou que os cientistas ainda estão investigando a questão e que isso não quer dizer que haja uma contraindicação formal para o uso de ibuprofeno no momento. Diante de cada caso específico, o médico deve ser consultado.

O Ministério da Saúde11 brasileiro alegou não ter motivos para fazer uma contraindicação do ibuprofeno, mas disse que diante das incertezas e da falta de evidências comprovadas sobre o tema, recomenda que, por enquanto, não se use ibuprofeno e outros anti-inflamatórios não-esteroides. E acrescenta que "a relação causal entre o uso de ibuprofeno e outros anti-inflamatórios não-esteroidais e o agravamento de infecção12 por COVID-19 ainda não está bem estabelecida".

Investigações em andamento procuram saber como os anti-inflamatórios (como o ibuprofeno) agem na infecção12 em uma pessoa contaminada por coronavírus. Como ainda não há uma conclusão científica, a opinião majoritária sobre o assunto é que é melhor, por precaução, dar preferência para o paracetamol ou a dipirona em caso de febre2 e suspeita de coronavírus.

No momento, aliviar os sintomas10 e tratar possíveis complicações geradas pela COVID-19 são as únicas formas de tratamento para o indivíduo doente. Em teoria, os anti-inflamatórios, ao lado dos analgésicos13 e antitérmicos14, poderiam ser usados para combater os sintomas10 do coronavírus. Contudo, um artigo da prestigiosa revista científica The Lancet citou a possibilidade de anti-inflamatórios, incluindo o ibuprofeno, agravarem a infecção12 pelo coronavírus. Segundo a revista, os coronavírus parecem usar uma enzima15 específica (enzima15 conversora da angiotensina-2) que há no organismo humano como forma de entrar nas células16, e que os anti-inflamatórios, incluindo o ibuprofeno, poderiam aumentar a produção dessa enzima15. Assim, o coronavírus teria mais facilidade de se alastrar no organismo de uma pessoa que tenha contato com ele, tornando mais difícil a recuperação da pessoa. No entanto, por enquanto, isso é só uma suspeita. Por via das dúvidas, é melhor evitar os anti-inflamatórios.

No dia 19 último (março 2020), a OMS voltou atrás de sua posição anterior e declarou não ter por que recomendar que não se use o ibuprofeno, uma vez que não existe nenhuma evidência de que ele seja prejudicial nos casos de infecção12 pelo coronavírus.

Ninguém deve interromper por conta própria o remédio que já venha tomando. Os anti-inflamatórios são medicações essenciais no combate a algumas doenças como asma17 e artrite reumatoide6, por exemplo, e quem usa o medicamento, prescrito contra essas doenças, não deve deixar de tomá-lo sem ouvir o médico. Pode ser mesmo que os benefícios do ibuprofeno sejam maiores que possíveis riscos. Isso deve ser avaliado caso a caso pelo médico.

Veja também sobre "Cuidados necessários ao tomar anti-inflamatórios não esteroides (AINES)" e "Mapeando o coronavírus SARS-CoV-2".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da BBC News – UK, do COFEN – Conselho Federal de Enfermagem e da Global News – Canadá.

ABCMED, 2020. Ibuprofeno e Coronavírus. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/covid-19/1363773/ibuprofeno-e-coronavirus.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fármaco: Qualquer produto ou preparado farmacêutico; medicamento.
2 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
3 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
4 Cólicas: Dor aguda, produzida pela dilatação ou contração de uma víscera oca (intestino, vesícula biliar, ureter, etc.). Pode ser de início súbito, com exacerbações e períodos de melhora parcial ou total, nos quais o paciente pode estar sentindo-se bem ou apresentar dor leve.
5 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
6 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
7 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
8 Colesterol: Tipo de gordura produzida pelo fígado e encontrada no sangue, músculos, fígado e outros tecidos. O colesterol é usado pelo corpo para a produção de hormônios esteróides (testosterona, estrógeno, cortisol e progesterona). O excesso de colesterol pode causar depósito de gordura nos vasos sangüíneos. Seus componentes são: HDL-Colesterol: tem efeito protetor para as artérias, é considerado o bom colesterol. LDL-Colesterol: relacionado às doenças cardiovasculares, é o mau colesterol. VLDL-Colesterol: representa os triglicérides (um quinto destes).
9 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
12 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
13 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
14 Antitérmicos: Medicamentos que combatem a febre. Também pode ser chamado de febrífugo, antifebril e antipirético.
15 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
16 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
17 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
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