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Nova cepa do coronavírus (SARS-CoV-2)

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O que é a nova cepa1 do coronavírus?

Os coronavírus estão novamente assustando o mundo com uma nova cepa1, o novo coronavírus nomeado SARS-CoV-2. Os coronavírus são conhecidos desde meados dos anos 1960 e normalmente causam infecções2 respiratórias em seres humanos e em animais. As infecções2 causam doenças respiratórias leves ou moderadas, semelhantes a um resfriado comum, mas que podem ser muito graves também.

A maioria das pessoas se infecta com esses vírus3 comuns em algum momento da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem. Algumas mutações dos coronavírus podem causar síndromes respiratórias graves, muitas vezes mortais, como a SARS-CoV (sigla em inglês de “Severe Acute Respiratory Syndrome”) e a MERS-CoV ("Middle East Respiratory Syndrome" ou síndrome4 respiratória do Oriente Médio). Os primeiros casos de SARS foram relatados na China em 2002 e se disseminaram rapidamente para mais de doze países, infectando mais de 8.000 pessoas e causando em torno de 800 mortes. A epidemia foi controlada em 2003 e, desde 2004, nenhum caso novo foi relatado.

A coronovirose é uma zoonose5. Investigações detalhadas descobriram que o SARS-CoV foi transmitido de civetas (gatos selvagens) para humanos na China, em 2002, e o MERS-CoV de dromedários para humanos na Arábia Saudita, em 2012. Porém, existem vários coronavírus que causam infecção6 animal. Na maioria, infectam apenas uma espécie ou algumas espécies intimamente relacionadas, como morcegos, aves, porcos, macacos, gatos, cães e roedores, entre outros.

Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal com secreções contaminadas. Porém, outros coronavírus não são transmitidos para humanos sem que haja uma mutação7. Na maior parte dos casos, a transmissão é limitada e se dá por contato próximo, ou seja, qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde8 ou membro da família, que tenha tido contato físico com o paciente ou tenha permanecido no mesmo local que o paciente doente.

Em dezembro de 2019, uma nova mutação7 ocasionou o aparecimento de uma nova cepa1 do vírus3, primeiramente denominado 2019-nCoV e depois oficialmente nomeado SARS-CoV-2 pela OMS, sendo a doença ocasionada pelo vírus3 denominada COVID-19. Este vírus3 passou a infectar pessoas na cidade chinesa de Wuhan, onde ocasionou a primeira morte em 11 de janeiro deste ano (2020). Na China, já matou mais de 100 pessoas e vem se espalhando para outras regiões deste país, de países próximos (Vietnã, Tailândia, Japão, Malásia, Singapura) e para países distantes (França, Austrália, Canadá e Estados Unidos, por exemplo).

A transmissão parece dar-se também durante o período de incubação9 do vírus3, que se acredita durar cerca de 10 a 14 dias, antes que a pessoa infectada tenha quaisquer sintomas10. Ou seja, nem sabe estar infectada.

Como se manifesta a infecção6 pelo novo coronavírus?

De início, os sintomas10 da infecção6 pelo coronavírus são parecidos com os de um resfriado comum: dificuldade de respirar, coriza11, tosse, dor de garganta12 e febre13, que podem evoluir para SARS, pneumonia14 e morte. Grupos de maior risco, como idosos, imunodeprimidos e crianças, podem desenvolver doenças mais graves ao serem contaminados com o coronavírus, como pneumonia14, SARS, insuficiência renal15 e morte.

Recomenda-se não usar o termo “nova gripe”, já que a gripe16 é causada por outro tipo de vírus3, o vírus3 Influenza17.

Até o momento são consideradas suspeitas as pessoas que apresentem febre13, tosse e dificuldades de respiração, e tenham estado em região de transmissão nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas10.

Ainda não há tratamentos específicos eficazes para combater o coronavírus. Por ora, não há também uma vacina18 que impeça a contaminação pelo vírus3, embora ela esteja sendo pesquisada e tenha sido prometida pelos chineses para dentro de 2 a 3 meses e pelos americanos para dentro de um ano.

A principal maneira de evitar a infeção pelo atual coronavírus é evitar viajar para áreas conhecidas de contaminação, evitar o contado com pessoas contaminadas ou suspeitas e quando isso for inevitável (equipe de saúde8, por exemplo), usar máscaras e roupas especiais.

Do ponto de vista da Saúde8 Pública, a China e os demais países afetados vêm tomando medidas como impedir a concentração e a movimentação de pessoas, inclusive dentro da própria cidade de Wuhan, fazer o isolamento (quarentena) de pessoas suspeitas ou contaminadas, etc. Algumas dessas medidas, contudo, não podem perdurar por um tempo indefinido. Outras medidas, de ordem geral, válidas para quaisquer vírus3 capazes de transmitir doenças respiratórias, são: frequente lavagem e higienização das mãos19, utilização de lenço descartável para higiene nasal, cobrir nariz20 e boca21 quando espirrar ou tossir, evitar tocar mucosas22 de olhos23, nariz20 e boca21, não compartilhar objetos de uso pessoal e manter os ambientes bem ventilados.

É para nos preocuparmos?

Sim, mas não para entrar em pânico. O novo vírus3 é claramente um problema de saúde8 pública, e a velocidade com que se espalhou alerta o mundo todo, mas no Brasil o novo vírus3 ainda não chegou e talvez não chegue. Não temos voos diretos para a China e as viagens de chineses para Brasil ou de brasileiros para a China, embora crescentes, ainda são pouco significativas. Apesar disso, as autoridades públicas já adotaram medidas para impedir a importação do vírus3.

Quais são as recomendações gerais da OMS para reduzir a exposição a vírus3 e a transmissão de doenças e que devem também serem levadas em conta neste momento?

As recomendações padrão da Organização Mundial de Saúde8 (OMS) para que o público em geral reduza a exposição e a transmissão de uma série de doenças são as seguintes e incluem higiene das mãos19, higiene respiratória e práticas alimentares seguras:

  • Limpar frequentemente as mãos19 usando fricção de mãos19 à base de álcool ou água e sabão.
  • Ao tossir e espirrar, cobrir a boca21 e o nariz20 com cotovelo ou lenço dobrado. Então jogar o lenço fora imediatamente e lavar as mãos19.
  • Evitar o contato próximo com qualquer pessoa que tenha febre13 e tosse.
  • Se você tiver febre13, tosse e dificuldade para respirar, procurar cuidados médicos precocemente e compartilhar o histórico de viagens anteriores com seu provedor de saúde8.
  • Ao visitar mercados em áreas que atualmente apresentem novos casos de coronavírus, evitar o contato direto e sem proteção com animais vivos e superfícies em contato com animais.
  • O consumo de produtos animais crus ou mal cozidos deve ser evitado. A carne crua, leite ou órgãos de animais devem ser manuseados com cuidado para evitar a contaminação cruzada com alimentos não cozidos, de acordo com as boas práticas de segurança alimentar.

Como está a situação no relato da OMS do dia 28 de janeiro de 2020?

A situação do novo coronavírus em números:

 

Leia sobre "Como não espalhar germes", "O que são vírus3" e "Diferenças de endemia, epidemia e pandemia24".

 

ABCMED, 2020. Nova cepa do coronavírus (SARS-CoV-2). Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/covid-19/1358828/nova-cepa-do-coronavirus-sars-cov-2.htm>. Acesso em: 19 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cepa: Cepa ou estirpe é um termo da biologia e da genética que se refere a um grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas e/ou fisiológicas.
2 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
3 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
4 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
5 Zoonose: 1. Doença que se manifesta sobretudo em animais. 2. Doença que pode ser transmitida aos seres humanos pelos animais, como, por exemplo, a raiva e a toxoplasmose. Certas zoonoses podem ser transmitidas ao animal pelo homem.
6 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Mutação: 1. Ato ou efeito de mudar ou mudar-se. Alteração, modificação, inconstância. Tendência, facilidade para mudar de ideia, atitude etc. 2. Em genética, é uma alteração súbita no genótipo de um indivíduo, sem relação com os ascendentes, mas passível de ser herdada pelos descendentes.
8 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
9 Incubação: 1. Ato ou processo de chocar ovos, natural ou artificialmente. 2. Processo de laboratório, por meio do qual se cultivam microrganismos com o fim de estudar ou facilitar o seu desenvolvimento. 3. Em infectologia, é o período que vai da penetração do agente infeccioso no organismo até o aparecimento dos primeiros sinais da doença.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Coriza: Inflamação da mucosa das fossas nasais; rinite, defluxo.
12 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
13 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
14 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
15 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
16 Gripe: Doença viral adquirida através do contágio interpessoal que se caracteriza por faringite, febre, dores musculares generalizadas, náuseas, etc. Sua duração é de aproximadamente cinco a sete dias e tem uma maior incidência nos meses frios. Em geral desaparece naturalmente sem tratamento, apenas com medidas de controle geral (repouso relativo, ingestão de líquidos, etc.). Os antibióticos não funcionam na gripe e não devem ser utilizados de rotina.
17 Influenza: Doença infecciosa, aguda, de origem viral que acomete o trato respiratório, ocorrendo em epidemias ou pandemias e frequentemente se complicando pela associação com outras infecções bacterianas.
18 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
19 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
20 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
21 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
22 Mucosas: Tipo de membranas, umidificadas por secreções glandulares, que recobrem cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
23 Olhos:
24 Pandemia: É uma epidemia de doença infecciosa que se espalha por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando inúmeras mortes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia pode se iniciar com o aparecimento de uma nova doença na população, quando o agente infecta os humanos, causando doença séria ou quando o agente dissemina facilmente e sustentavelmente entre humanos. Epidemia global.
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