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Apendagite - quais são os sintomas?

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O que é a apendagite?

A apendagite epiplóica é uma condição clínica pouco comum, uma inflamação1 benigna e autolimitada, que resulta da torção2 ou trombose3 venosa das veias4 que drenam os apêndices epiplóicos. É também chamada de apendicite5 epiplóica, embora estes termos sejam menos usados agora, a fim de evitar confusão com apendicite5 aguda.

Os apêndices epiplóicos são evaginações6 peritoneais semelhantes a um dedo, cheios de gordura7, que se originam da camada serosa do cólon8, na sua face9 anterior ou antero-lateral, desde o ceco10 até a junção retossigmoidea11. Eles podem estar presentes ao longo de todos os segmentos do cólon8, porém existem em maior quantidade no cólon8 esquerdo. Foi reconhecida como entidade nosológica em 1956 por Linn.

Quais são as causas da apendagite?

A apendagite é causada por alguma interferência física com apêndices epiplóicos, como uma torção2 ou tensão excessiva. Embora a causa desta tensão/torção2 seja desconhecida, a doença é autolimitada e, portanto, não é perigosa. A torção2 é mais provável com apêndices que são anormalmente longos.

Quais são as principais características clínicas da apendagite?

A apendagite atinge principalmente pessoas entre os 20 e os 40 anos, sem predomínio quanto ao sexo. O quadro clínico habitualmente se caracteriza pela presença de dor abdominal aguda em quadrante inferior esquerdo do abdômen, em paciente com bom estado geral e afebril. A dor pode também ser no meio do abdômen ou na área abdominal inferior direita. Às vezes, há náuseas12 e vômitos13. Algumas pessoas relatam se sentirem inchadas. O quadro clínico pode mimetizar o quadro de abdome agudo14.

Saiba mais sobre "Apendicite5", "Abdome agudo14", "Peritonite15" e "Dor abdominal".

Como o médico diagnostica a apendagite?

A exploração diagnóstica deve começar pela história clínica do paciente. Estudos laboratoriais iniciais são geralmente normais. O exame de sangue16 mostrará uma contagem de leucócitos17 e VHS18 normais ou pouco elevados. Atualmente, o diagnóstico19 é feito por tomografia computadorizada20, mas há relatos de diagnóstico19 por ultrassonografia21 e por ressonância nuclear magnética. Anteriormente ao advento dessas técnicas, o diagnóstico19 era intra-operatório.

O diagnóstico19 incorreto pode levar a intervenções desnecessárias, sejam elas hospitalizações, antibioticoterapia ou cirurgias. Um diferencial deve ser feito com apendicite5, diverticulite22, ruptura de cisto ovariano, torção2 de ovário23, gravidez ectópica24, câncer25 de cólon8, abscesso26, ileíte27 de Crohn e adenite mesentérica28.

Leia sobre "Diverticulite22", "Cistos ovarianos", "Gravidez ectópica24", "Câncer25 colorretal" e "Doença de Crohn29".

Como o médico trata a apendagite?

O tratamento da apendagite é conservador e ambulatorial e consiste na administração de analgésicos30 e anti-inflamatórios. A melhora completa dos sintomas31 ocorre em torno de 3 a 14 dias.

A cirurgia só deve ser usada como forma de prevenir a recorrência32 e aderências ou para confirmação diagnóstica. Preferencialmente ela deve ser realizada por via laparoscópica, com ligadura e excisão do apêndice33 inflamado. Muitas vezes a apendagite é leve e não necessita de qualquer intervenção médica ou, no máximo, o uso de analgésicos30.

Quais são as complicações possíveis da apendagite?

Mesmo a cirurgia por via laparoscópica pode levar a complicações graves, tais como sangramento excessivo, infecção34, perfuração acidental de vísceras ocas ou reações adversas à anestesia35 geral.

Veja também sobre "Laparoscopia36", "Perfuração intestinal" e "Anestesia35 geral".

 

ABCMED, 2017. Apendagite - quais são os sintomas?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1302568/apendagite-quais-sao-os-sintomas.htm>. Acesso em: 12 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
2 Torção: 1. Ato ou efeito de torcer. 2. Na geometria diferencial, é a medida da derivada do vetor binormal em relação ao comprimento de arco. 3. Em física, é a deformação de um sólido em que os planos vizinhos, transversais a um eixo comum, sofrem, cada um deles, um deslocamento angular relativo aos outros planos. 4. Em medicina, é o mesmo que entorse. 5. Na patologia, é o movimento de rotação de um órgão sobre si mesmo. 6. Em veterinária, é a cólica de alguns animais, especialmente a do cavalo.
3 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
4 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
5 Apendicite: Inflamação do apêndice cecal. Manifesta-se por abdome agudo, e requer tratamento cirúrgico. Sua complicação mais freqüente é a peritonite aguda.
6 Evaginações: Saída de uma parte ou de um órgão de sua posição normal.
7 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
8 Cólon:
9 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
10 Ceco: Bolsa cega (ou área em fundo-de-saco) do INTESTINO GROSSO, localizada abaixo da entrada do INTESTINO DELGADO. Apresenta uma extensão em forma de verme, o APÊNDICE vermiforme.
11 Junção Retossigmoidea: Também chamada de Flexura retossigmoidea. É onde termina o cólon sigmoide e se inicia o reto. O reto acaba no canal anal que apresenta apenas dois a três centímetros de extensão.
12 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
13 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
14 Abdome agudo: Dor abdominal, em geral de início súbito, progressiva que costuma associar-se a doenças de resolução cirúrgica. Necessita de avaliação médica urgente. Algumas causas de abdome agudo são apendicite, colecistite, pancreatite, etc.
15 Peritonite: Inflamação do peritônio. Pode ser produzida pela entrada de bactérias através da perfuração de uma víscera (apendicite, colecistite), como complicação de uma cirurgia abdominal, por ferida penetrante no abdome ou, em algumas ocasiões, sem causa aparente. É uma doença grave que pode levar pacientes à morte.
16 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
17 Leucócitos: Células sangüíneas brancas. Compreendem tanto os leucócitos granulócitos (BASÓFILOS, EOSINÓFILOS e NEUTRÓFILOS) como os não granulócitos (LINFÓCITOS e MONÓCITOS). Sinônimos: Células Brancas do Sangue; Corpúsculos Sanguíneos Brancos; Corpúsculos Brancos Sanguíneos; Corpúsculos Brancos do Sangue; Células Sanguíneas Brancas
18 VHS: É a velocidade com que os glóbulos vermelhos se separam do “soro†e se depositam no fundo de um tubo de ensaio, se este tubo com sangue é deixado parado (com anticoagulante). Os glóbulos vermelhos (hemácias) são puxados para baixo pela gravidade e tendem a se aglomerar no fundo do tubo. No entanto, eles são cobertos por cargas elétricas negativas e, quando vão se aproximando do fundo, repelem-se umas às outras, como cargas iguais de ímãs. Essa força magnética de repulsão se contrapõe à gravidade e naturalmente diminui a velocidade com que as hemácias caem. Se junto com as hemácias, nadando no plasma, haja outras estruturas de cargas positivas, estas vão anular as cargas negativas das hemácias e também a repulsão magnética entre elas, permitindo sua aglutinação. Neste caso a gravidade age sozinha e a velocidade com que elas caem (velocidade de hemossedimentação) é acelerada. O VHS é expresso como o número de milímetros que o sangue sedimentou (no tubo) no espaço de uma hora (mm/h).
19 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
20 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
21 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
22 Diverticulite: Inflamação aguda da parede de um divertículo colônico. Produz dor no quadrante afetado (em geral o inferior esquerdo), febre, etc.Necessita de tratamento com antibióticos por via endovenosa e raramente o tratamento é cirúrgico.
23 Ovário: Órgão reprodutor (GÔNADAS) feminino. Nos vertebrados, o ovário contém duas partes funcionais Sinônimos: Ovários
24 Gravidez ectópica: Implantação do produto da fecundação fora da cavidade uterina (trompas, peritôneo, etc.).
25 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
26 Abscesso: Acumulação de pus em uma cavidade formada acidentalmente nos tecidos orgânicos, ou mesmo em órgão cavitário, em consequência de inflamação seguida de infecção.
27 Ileíte: Inflamação do íleo, que é a parte terminal do intestino delgado, localizada entre o jejuno e a primeira porção do intestino grosso.
28 Mesentérica: Relativo ao mesentério, ou seja, na anatomia geral o mesentério é uma dobra do peritônio que une o intestino delgado à parede posterior do abdome.
29 Doença de Crohn: Doença inflamatória crônica do intestino que acomete geralmente o íleo e o cólon, embora possa afetar qualquer outra parte do intestino. A doença cursa com períodos de remissão sintomática e outros de agravamento. Na maioria dos casos, a doença de Crohn é de intensidade moderada e se torna bem controlada pela medicação, tornando possível uma vida razoavelmente normal para seu portador. A causa da doença de Crohn ainda não é totalmente conhecida. Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, diarreia, perda de peso, febre moderada, sensação de distensão abdominal, perda de apetite e de peso.
30 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
31 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
32 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
33 Apêndice: Extensão do CECO, em forma de um tubo cego (semelhante a um verme).
34 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
35 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
36 Laparoscopia: Procedimento cirúrgico mediante o qual se introduz através de uma pequena incisão na parede abdominal, torácica ou pélvica, um instrumento de fibra óptica que permite realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos.
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