Gostou do artigo? Compartilhe!

Anestesia geral: como é este procedimento?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é a anestesia1 geral?

A anestesia1 geral é uma técnica que usa medicamentos inalatórios administrados por meio de uma máscara que cobre o nariz2 e a boca3 e/ou venosos, para promover uma completa abolição da consciência e consequentemente da memória, ausência do sentimento de dor e um estado de intenso relaxamento e paralisia4 muscular do paciente, com cessação dos seus reflexos. Essas vias de administração de remédios são mantidas durante toda a cirurgia ou outro procedimento, para administração de mais medicamentos, quando necessário. Nessas condições o médico pode fazer intervenções cirúrgicas ou outras, em qualquer parte do corpo, sem que o paciente nada sinta.

Considerações sobre a anestesia1 geral

O nível de profundidade da anestesia1 geral depende do procedimento a ser realizado. Por exemplo: uma cirurgia que envolva manipulação ou corte de vísceras requer uma anestesia1 mais profunda que outra que apenas implique numa incisão5 cutânea6 (na pele7) ou na intervenção em estruturas superficiais.

A anestesia1 geral compreende quatro fases mais ou menos distintas:

  • Pré-medicação: geralmente se passa ainda fora do centro cirúrgico e é realizada para que o paciente chegue à cirurgia calmo e relaxado. Quase sempre é feita por meio de um ansiolítico de curta duração que proporciona ao paciente uma leve sedação8.
  • Indução: feita com medicação endovenosa que induz a passagem do paciente ao estado de inconsciência9. Contudo, a anestesia1 ainda precisa ser aprofundada porque nesse estágio o paciente ainda pode sentir dor. Para que a cirurgia ou outro processo em causa possa ser realizado, o anestesista normalmente associa um potente analgésico10 opioide (derivado do ópio). Na fase inicial da indução o paciente é intubado (uma cânula é colocada em sua traqueia11) e a respiração passa a se fazer mecanicamente.
  • Manutenção: como os fármacos em geral têm uma duração menor que o procedimento a ser realizado, é necessário que continuem a ser administrados durante a execução do mesmo. Isso pode ser feito por via inalatória ou endovenosa.
  • Recuperação: consiste na retirada dos anestésicos, objetivando findar a anestesia1 junto ao término do procedimento que está sendo executado. Alguns fármacos que atuam como antídotos do relaxamento muscular podem ser administrados, assim como também podem ser novamente administrados fármacos opioides para que o paciente não acorde com dores. O paciente deve permanecer por algum tempo em uma sala de recuperação do centro cirúrgico até que os anestésicos sejam eliminados e o paciente comece a recobrar a consciência, voltando a respirar por si mesmo. Nesse momento, o tubo de intubação traqueal pode ser removido.

Os riscos da anestesia1 geral num paciente saudável são muito pequenos. Quando existem riscos importantes, eles derivam de más condições fisiológicas12 prévias do paciente, de doenças que comprometam o fígado13, os rins14, o pulmão15 e o coração16, da natureza do procedimento a ser realizado e da própria doença que levou o paciente à cirurgia. Alguns fatores pessoais, como histórico prévio de reação anafilática17, alergias, consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou drogas, tabagismo, apneia18 do sono e obesidade19 podem aumentar o risco de complicações, mas não chegam a contraindicar a anestesia1 geral.

Antes da anestesia1 o paciente será entrevistado pelo anestesista que avaliará esses fatores junto a ele. O que os pacientes mais temem na anestesia1 geral é a inconsciência9 e a ausência de reações aos estímulos, o que os deixa por um período, que pode ser de poucos minutos a muitas horas, inteiramente à mercê das outras pessoas. 

ABCMED, 2013. Anestesia geral: como é este procedimento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/513274/anestesia-geral-como-e-este-procedimento.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
2 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
3 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
4 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
5 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
6 Cutânea: Que diz respeito à pele, à cútis.
7 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
8 Sedação: 1. Ato ou efeito de sedar. 2. Aplicação de sedativo visando aliviar sensação física, por exemplo, de dor. 3. Diminuição de irritabilidade, de nervosismo, como efeito de sedativo. 4. Moderação de hiperatividade orgânica.
9 Inconsciência: Distúrbio no estado de alerta, no qual existe uma incapacidade de reconhecer e reagir perante estímulos externos. Pode apresentar-se em tumores, infecções e infartos do sistema nervoso central, assim como também em intoxicações por substâncias endógenas ou exógenas.
10 Analgésico: Medicamento usado para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
11 Traqueia: Conduto músculo-membranoso com cerca de 22 centímetros no homem e de 18 centímetros na mulher. Da traqueia distingue-se uma parte que faz continuação direta à laringe (porção cervical) e uma parte que está situada no tórax (porção torácica). Possui anéis cartilaginosos em número variável de 12 a 16, unidos entre si por tecido fibroso. Destina-se à passagem do ar. A traqueia é revestida com epitélio ciliar que auxilia a filtração do ar inalado.
12 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
13 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
14 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
15 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
16 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
17 Reação anafilática: É um tipo de reação alérgica sistêmica aguda. Esta reação ocorre quando a pessoa foi sensibilizada (ou seja, quando o sistema imune foi condicionado a reconhecer uma substância como uma ameaça ao organismo). Na segunda exposição ou nas exposições subseqüentes, ocorre uma reação alérgica. Essa reação é repentina, grave e abrange o corpo todo. O sistema imune libera anticorpos. Os tecidos liberam histamina e outras substâncias. Esse mecanismo causa contrações musculares, constrição das vias respiratórias, dificuldade respiratória, dor abdominal, cãimbras, vômitos e diarréia. A histamina leva à dilatação dos vasos sangüíneos (que abaixa a pressão sangüínea) e o vazamento de líquidos da corrente sangüínea para os tecidos (que reduzem o volume de sangue) o que provoca o choque. Ocorrem com freqüência a urticária e o angioedema - este angioedema pode resultar na obstrução das vias respiratórias. Uma anafilaxia prolongada pode causar arritmia cardíaca.
18 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
19 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.