Saiba mais sobre o papiledema ou edema da papila
O que é papiledema?
O papiledema é um inchaço1 da papila, ponto em que o nervo óptico entra no olho2, e que é o disco central da retina3, responsável pela visão4. O papiledema é secundário a uma pressão intracraniana aumentada e quase sempre se apresenta bilateralmente.
Quais são as causas do papiledema?
As causas que elevam a pressão endocraniana e produzem o papiledema podem ser infecciosas, infiltrativas ou inflamatórias e podem dever-se a tumores ou lesões5 que ocupem espaço no sistema nervoso central6, hipertensão7 intracraniana idiopática8, diminuição da reabsorção do líquor9 (líquido que banha o cérebro10) ou obstruções da sua circulação11, produção aumentada do líquor9, edema12 cerebral de diversas causas e uso de certas classes de medicamentos.
Muito frequentemente essas condições se devem a um tumor13 ou abscesso14 cerebral, a lesões5 traumáticas na cabeça15, a hemorragias16 no cérebro10, a uma infecção17 do cérebro10 ou das suas membranas, a uma trombose18 do seio cavernoso19, à pressão arterial20 alta ou a doenças pulmonares graves.
Qual é a fisiopatologia21 do papiledema?
O inchaço1 da papila é o resultado da estase22 intra-axonal na área do disco óptico23. O espaço subaracnoide do cérebro10 faz continuidade com a bainha do nervo óptico. Assim, como o fluido cerebroespinhal aumenta a pressão transmitida para o nervo óptico e para a bainha do nervo, isso leva a um inchaço1 da cabeça15 do nervo. Nos casos de atrofia24 no nervo ótico, o papiledema pode estar ausente, devido à diminuição no número de fibras nervosas fisiologicamente ativas.
Quais são as principais características clínicas do papiledema?
O papiledema agudo25 pode desenvolver-se rapidamente, em horas ou semanas. Em contraste com outras causas de inchaço1 do disco óptico23 central, a visão4 é geralmente bem preservada. Muitas vezes o papiledema é assintomático e é encontrado num exame oftalmológico de rotina. A maioria dos sintomas26 de um paciente com papiledema são secundários à elevação da pressão intracraniana subjacente e constam de dores de cabeça15, piores ao despertar e exacerbadas pela tosse, náuseas27 e vômitos28 e zumbido pulsátil.
Os sintomas26 visuais muitas vezes estão ausentes, mas podem ocorrer. Alguns pacientes experimentam obscurecimentos visuais ou cintilação transitórios. Também pode ocorrer visão4 turva, constrição29 do campo visual30 e diminuição da percepção de cores. A diplopia31 é rara e a acuidade visual32 geralmente é bem preservada, exceto na doença muito avançada. Outros sinais33 e sintomas26 podem incluir hiperemia34 discal, edema12 sutil das fibras nervosas com obscurecimento de finos vasos peripapilares, pequenas hemorragias16 e pulsações venosas espontâneas.
As manifestações tardias do papiledema que continua a agravar-se obscurecem as margens da papila e elas se tornam grosseiramente elevadas; desenvolve-se uma congestão venosa e hemorragias16 peripapilares, juntamente com exsudato35, manchas algodonosas e a retina3 desenvolve dobras radiais. Se o papiledema persiste por meses, o disco central se torna cinza ou pálido e com o tempo pode desenvolver depósitos cristalinos brilhantes. O campo visual30 comumente mostra um aumento do ponto cego e uma pseudo-hemianopsia36 bitemporal pode ser vista.
Como o médico diagnostica o papiledema?
De início, deve ser tomada uma detida história clínica e um exame físico minucioso, pela possibilidade de detectar a enfermidade subjacente. O paciente deve ser avaliado para problemas neurológicos e doenças febris, principalmente. Os exames de sangue37 geralmente não contribuem para o diagnóstico38 de edema de papila39, mas ajudam a levantar suspeitas sobre as enfermidades subjacentes.
As neuroimagens obtidas, por exemplo, com ultrassonografia40, tomografia computadorizada41 ou ressonância magnética42 do cérebro10 são de grande ajuda. A angiofluorescência pode ser usada para ajudar a estabelecer o diagnóstico38. Uma punção lombar deve ser realizada, sempre que possível, mesmo após imagens normais, para avaliar a pressão do líquido cefalorraquidiano43 e obter material para análise laboratorial. Um diferencial tem que ser feito com complicações agudas da sarcoidose44, neurite45 óptica, neuropatia46 óptica isquêmica anterior, oclusão da veia central da retina3, compressões exercidas por neuropatias ópticas, hipertensão7 intracraniana idiopática8, toxoplasmose47 e uveíte48.
Como o médico trata o papiledema?
O tratamento deve ser adaptado ao processo patológico subjacente e à progressão dos achados oculares. Pode ser necessário recorrer à medicação ou à cirurgia para aliviar a pressão. A terapia específica deve ser direcionada para a lesão49 da massa subjacente, se presente. Os diuréticos50 podem ser úteis em casos selecionados, especialmente casos de hipertensão7 intracraniana idiopática8. Nessa condição, a redução de peso é recomendada e pode ser curativa.
Os corticosteroides podem ser eficazes nos casos associados com doenças inflamatórias. Deve ser procedida a retirada de eventuais medicamentos causadores. Uma derivação ventrículo-peritoneal pode ser usada para drenar o líquido cefalorraquidiano43. A descompressão51 da bainha do nervo óptico pode ser usada para aliviar o agravamento de sintomas26 oculares em casos de hipertensão7 intracraniana idiopática8 não controlada com medicação.
Como evolui o papiledema?
O prognóstico52 visual é bom se a pressão intracraniana estiver controlada. Se a pressão alta intracranial não for bem controlada, o nervo óptico e o cérebro10 podem ficar lesados de forma permanente.
Quais são as complicações possíveis do papiledema?
O papiledema duradouro ou persistente pode, eventualmente, levar à cegueira permanente.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.