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Ceratodermia palmoplantar

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O que é ceratodermia palmoplantar?

A ceratodermia palmoplantar corresponde a um grupo de condições da pele1 caracterizado pelo espessamento das palmas das mãos2 e sola dos pés. Ela também pode ser uma característica de várias síndromes subjacentes. Em formas raras da doença, outras regiões da pele1 e outros órgãos além da pele1 também podem ser afetados.

Quais são as causas da ceratodermia palmoplantar?

A ceratodermia palmoplantar pode, mais comumente, ser adquirida durante a vida ou ser herdada. As formas adquiridas podem surgir devido a mudanças na saúde3 ou no ambiente de uma pessoa e as formas herdadas são causadas por mutações genéticas que resultam em anormalidades da queratina, uma proteína da pele1.

As formas herdadas estão presentes em mais de um membro da família e, dependendo dos genes envolvidos, a herança pode ser autossômica4 dominante ou autossômica4 recessiva. A herança autossômica4 dominante significa ter uma mutação5 em apenas uma cópia do gene responsável em cada célula6. A pessoa afetada herda o gene mutado de apenas um dos pais. Em alguns casos, a mutação5 ocorre pela primeira vez em uma pessoa sem histórico familiar da doença.

Quando uma pessoa com uma mutação5 que causa uma condição autossômica4 dominante tem filhos, cada criança tem uma chance de 50% de herdar essa mutação5. A herança autossômica4 recessiva significa que, para ser afetada, uma pessoa deve ter uma mutação5 em ambas as cópias do gene responsável em cada célula6. As pessoas afetadas herdam uma cópia do gene mutado de cada um dos pais. Quando os dois pais portadores têm filhos, cada um deles tem 25% de chance de ser afetado, 50% de chance de ser um portador não afetado e 25% de chance de não ser afetado e não ser portador.

A forma adquirida da ceratodermia palmoplantar pode ser causada por drogas, desnutrição7, substâncias químicas, doenças sistêmicas, câncer8 ou infecções9.

Saiba mais sobre as "Diferenças entre inflamação10 e infecção11".

Quais são as principais características clínicas da ceratodermia palmoplantar?

Além do médico poder identificar a pele1 espessa nas palmas das mãos2 e solas dos pés, pode haver também envolvimento de outras áreas da pele1, assim como das unhas12, cabelos, dentes e outros órgãos do corpo. É importante distinguir entre ceratodermia palmoplantar adquirida e hereditária, porque o tratamento de cada uma é diferente da outra.

A ceratodermia palmoplantar pode apresentar-se sob as formas epidermolíticas, com destruição da pele1, não epidermolítica e em vários tipos diferentes:

  1. Ceratodermia palmoplantar difusa se caracteriza por uma hiperceratose13 espalhada sobre toda a palma das mãos2 e/ou sola dos pés.
  2. Ceratodermia focal é quando grandes massas de queratina se desenvolvem em locais de maior atrito dos pés, embora também nas palmas das mãos2 e outros locais, num padrão de calosidades discoides ou lineares.
  3. Ceratodermia palmoplantar pontuada é uma forma na qual muitas pequenas ceratoses, na forma de "gotas de chuva", envolvem as superfícies palmo plantares.

Como o médico diagnostica a ceratodermia palmoplantar?

O diagnóstico14 de ceratodermia palmoplantar envolve um exame clínico dos sintomas15, avaliação da história médica e familiar, uma biópsia16 da pele1 analisada ao microscópio e teste genético. A história familiar pode ser útil na identificação da forma hereditária e no estabelecimento do padrão de herança, mas a falta de um histórico familiar não é necessariamente evidência da forma adquirida.

Uma biópsia16 da pele1 afetada deve fazer parte do diagnóstico14 e pode mostrar características mais específicas de um subtipo da ceratodermia palmoplantar. A distinção entre as formas líticas e não líticas da ceratodermia palmoplantar é útil para se fazer diferentes opções de tratamento. A histopatologia17 (exame de biópsia16 ao microscópio) também é necessária para descartar outras condições com características sobrepostas. O teste genético permite um diagnóstico14 preciso, bem como aconselhamento em relação ao padrão de herança e risco de recorrência18.

Como o médico trata a ceratodermia palmoplantar?

O tratamento da ceratodermia palmoplantar hereditária ou adquirida não é fácil. O objetivo do tratamento é suavizar a pele1 espessa e torná-la menos perceptível. Em muitos casos, o tratamento só resulta em melhora de curto prazo e, frequentemente, tem efeitos colaterais19 indesejados.

Para pessoas com a forma adquirida, é importante rastrear doenças sistêmicas, infecções9, drogas e neoplasias20. Tratar a condição subjacente ou impedir possíveis fatores desencadeantes é o tratamento mais eficaz para a ceratodermia palmoplantar adquirida.

Pessoas com ceratodermia palmoplantar herdada devem ser encorajadas a falar com um conselheiro genético, que pode avaliar minuciosamente a história da família, avaliar riscos de recorrência18, facilitar o teste genético, se desejado, e discutir opções reprodutivas.

Leia também sobre "Por que temos calos", "Verrugas plantares" e "Frieira ou Pé de atleta".

 

ABCMED, 2019. Ceratodermia palmoplantar. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/pele-saudavel/1337248/ceratodermia-palmoplantar.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
2 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Autossômica: 1. Referente a autossomo, ou seja, ao cromossomo que não participa da determinação do sexo; eucromossomo. 2. Cujo gene está localizado em um dos autossomos (diz-se da herança de características). As doenças gênicas podem ser classificadas segundo o seu padrão de herança genética em: autossômica dominante (só basta um alelo afetado para que se manifeste a afecção), autossômica recessiva (são necessários dois alelos com mutação para que se manifeste a afecção), ligada ao cromossomo sexual X e as de herança mitocondrial (necessariamente herdadas da mãe).
5 Mutação: 1. Ato ou efeito de mudar ou mudar-se. Alteração, modificação, inconstância. Tendência, facilidade para mudar de ideia, atitude etc. 2. Em genética, é uma alteração súbita no genótipo de um indivíduo, sem relação com os ascendentes, mas passível de ser herdada pelos descendentes.
6 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
7 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
8 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
11 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
12 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
13 Hiperceratose: Em Dermatologia, é a hiperplasia da camada córnea da epiderme. E, em Oftalmologia, é a hipertrofia da córnea.
14 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
15 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
16 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
17 Histopatologia: Histologia de tecidos orgânicos que apresentam lesões. A histologia é uma disciplina biomédica que realiza estudos da estrutura microscópica, composição e função dos tecidos vivos.
18 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
19 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
20 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
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