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Doença de Dupuytren

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O que é a doença de Dupuytren?

A doença de Dupuytren é também chamada de síndrome1 de Dupuytren, contratura de Dupuytren2 ou Fibromatose Palmar3. É uma condição que produz degeneração4 da fáscia5 palmar3, o que leva a uma intensa contratura da mesma, prejudicando suas funções normais. Ela já havia sido descrita anteriormente por Cooper, na Inglaterra e por Boyer, na França, mas foi o cirurgião francês Guillaume Dupuytren quem a diferenciou das lesões6 dos tendões7 musculares e suas bainhas, em 1832, e que primeiro descreveu a cirurgia para tratá-la.

Quais são as causas da doença de Dupuytren?

As causas da doença de Dupuytren ainda são desconhecidas. Acredita-se que a doença incida mais em pessoas que tenham familiares afetados. A condição afeta os homens ligeiramente mais que as mulheres e incide principalmente após os 40 anos. Quanto mais cedo apareça a moléstia, mais grave ela tende a ser. Como fatores de risco, que aumentam a possibilidade de ocorrência dessa condição, temos o fumo, o álcool, a diabetes8, a epilepsia9 e o uso de drogas.

Leia mais sobre "Parar de fumar: como é?", "Alcoolismo", "Diabetes Mellitus10" e "Epilepsias". 

Qual é o mecanismo fisiológico11 da doença de Dupuytren?

A fáscia5 palmar3 é a membrana que conecta a palma da mão12 com as estruturas mais profundas, não permitindo que ela deslize como, por exemplo, o dorso13 da mão12 o faz. A doença de Dupuytren consiste na degeneração4 das fibras elásticas14 da fáscia5 palmar3, com espessamento e hialinização das suas fibras de colágeno15, com formação de nódulos e cordas fibrosas no sentido longitudinal dos dedos e uma contratura sustentada da mesma. Isso leva a um espessamento da fáscia5 palmar3 e traciona os dedos em direção à palma da mão12.

Quais são as características clínicas da doença de Dupuytren?

Geralmente, a doença de Dupuytren inicia-se por um nódulo16 indolor na região palmar3, o qual, numa fase inicial, ainda não compromete as funções da mão12. À medida que a doença evolui, aparecem outros nódulos, contraindo e flexionando os dedos. A manifestação clínica mais chamativa da doença estabelecida de Dupuytren consiste na contração dos tendões7 dos dedos da mão12, mantendo-os na situação de flexão.

O dedo anelar costuma ser o primeiro a ser afetado, ao qual se seguem o dedo mínimo e o médio. Essa contração pode retraí-los em diversos estágios de gravidade, desde ligeiras flexões que apenas os tornam curvos, até flexões que forçam os dedos contra a palma das mãos17. É de boa praxe pesquisar por sinais18 semelhantes que possam ter aparecido na planta dos pés ou, no caso dos homens, no pênis19.

Como o médico diagnostica a doença de Dupuytren?

O diagnóstico20 da doença de Dupuytren geralmente é clínico, baseado na história médica do paciente e na observação dos sinais18 e sintomas21. Um exame de ultrassonografia22 pode confirmar a presença de nodulações ou de cordões fibrosos.

Como o médico trata a doença de Dupuytren?

Se a contratura não interfere na atividade motora, nenhum tratamento é necessário, devendo ser feito apenas o acompanhamento da condição. O tratamento conservador visa, sobretudo, evitar contraturas articulares secundárias. Para tal, usam-se exercícios de extensão e aumento da extensibilidade da fáscia5 por meio da aplicação de calor por correntes ultrassônicas ou outros procedimentos.

Na fase inicial, de nódulos, pode-se administrar a radioterapia23, corticoides e/ou a ingestão de vitamina24 E. Pode ser necessário fazer a imobilização da mão12 acometida. Em casos graves, com grande limitação das funções da mão12, a deformidade pode ser corrigida por meios cirúrgicos.

Saiba mais sobre "Radioterapia23" e "Corticoides".

Como evolui a doença de Dupuytren?

A progressão da doença de Dupuytren geralmente é lenta e varia de um caso para outro. Por isso, de início, o objetivo do médico pode ser apenas acompanhar o paciente, notando a progressão ou piora da doença até o ponto em que os cordões comecem a prejudicar a mobilidade dos dedos.

Em fases avançadas, a doença pode manter um ou mais dedos completamente fechados, dificultando a função e até a higiene da mão12. A doença tende a recidivar, mesmo que a remoção cirúrgica dos tecidos afetados seja bem sucedida.

 

ABCMED, 2016. Doença de Dupuytren. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1275748/doenca-de-dupuytren.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Contratura de Dupuytren: Doença hereditária de causa não estabelecida em que os dedos se contraem para dentro da palma da mão. Esta condição é mais comum em diabéticos e pode preceder o seu aparecimento.
3 Palmar: Relacionado com a palma da mão
4 Degeneração: 1. Ato ou efeito de degenerar (-se). 2. Perda ou alteração (no ser vivo) das qualidades de sua espécie; abastardamento. 3. Mudança para um estado pior; decaimento, declínio. 4. No sentido figurado, é o estado de depravação. 5. Degenerescência.
5 Fáscia: Fáscia é uma bainha, uma folha ou qualquer outra agregação dissecável de tecido conjuntivo que se forma sob a pele para anexar, fechar e separar músculos e outros órgãos internos. Ela é composta de tecidos conectivos fibrosos, moles, colágenos, soltos e densos espalhados por todo o corpo. O sistema fascial interpenetra e envolve todos os órgãos, músculos, ossos e fibras nervosas, dotando o corpo de uma estrutura funcional e proporcionando um ambiente que permite que todos os sistemas corporais operem de forma integrada.
6 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
7 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
8 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
9 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
10 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
11 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
12 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
13 Dorso: Face superior ou posterior de qualquer parte do corpo. Na anatomia geral, é a região posterior do tronco correspondente às vértebras; costas.
14 Fibras Elásticas: Tecido conectivo constituído principalmente por fibras elásticas. Estas, têm dois components
15 Colágeno: Principal proteína fibrilar, de função estrutural, presente no tecido conjuntivo de animais.
16 Nódulo: Lesão de consistência sólida, maior do que 0,5cm de diâmetro, saliente na hipoderme. Em geral não produz alteração na epiderme que a recobre.
17 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
20 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
21 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
22 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
23 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
24 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.

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