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Prolapso do cordão umbilical

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O que é prolapso1 do cordão umbilical2?

Ao nascer o bebê, o cordão umbilical2 tem aproximadamente dois centímetros de diâmetro e 50 a 60 centímetros de comprimento. Se ele for excessivamente longo, pode se enrolar no pescoço3 do feto4 e, se muito curto, pode tracionar a placenta e causar dificuldades durante a expulsão do feto4.

Normalmente, o bebê se exterioriza com antecedência ao cordão umbilical2 que ainda fica, por um pequeno período, ligado à placenta, até que seja seccionado o coto umbilical. Se o cordão umbilical2 se colocar à frente do bebê, tem-se o chamado prolapso1 do cordão umbilical2. Essa é uma condição rara (1/1000) e considerada uma complicação do parto, que pode ser fatal para o bebê, se não for adequadamente manejada.

O prolapso1 pode ser:

  1. Oculto: quando o cordão se encontra sobre a cabeça5 do feto4, mas não pode ser percebido à exploração.
  2. Anterior: se o cordão pode ser palpado através das membranas quando o colo do útero6 estiver aberto.
  3. Completo: nas ocasiões em que o cordão umbilical2 sai pela vagina7.

Quais são as causas do prolapso1 do cordão umbilical2?

O prolapso1 do cordão umbilical2 costuma acontecer se a apresentação do feto4 for de nádegas8 ou ele estiver atravessado no útero9, mas também ocorre quando o bebê nasce de cabeça5. Outros fatores que podem ocasionar essa condição são o nascimento de um segundo bebê, no caso de gêmeos, e se as membranas da bolsa das águas se romperem antes de o bebê descer para a pelve10.

São também fatores de risco, além da ruptura de membranas, a prematuridade, as apresentações de ombro e de pé, polidrâmnios, em virtude da maior quantidade de líquido amniótico11, que leva a um maior fluxo com maior força quando se rompem as membranas, pelve10 estreita, placenta prévia, tumores pélvicos12, placenta de inserção baixa, desproporção cefalo-pélvica13 e cordão umbilical2 maior do que 60 centímetros de comprimento.

Saiba mais sobre "Rompimento da bolsa amniótica14", "Parto prematuro" e "Líquido amniótico11".

Qual é o mecanismo fisiopatológico do prolapso1 do cordão umbilical2?

Caso o feto4 ainda não tenha descido para a pelve10, o fluxo do líquido provocado pela rotura das membranas desloca o cordão umbilical2 para frente do feto4. Então, a passagem do bebê pelo canal do parto, onde o cordão umbilical2 prolapsado já se encontra, produz a compressão do cordão, fazendo com que o bebê deixe de receber sangue15 com oxigênio.

No caso do cordão umbilical2 estar oculto, as membranas estão intactas e o cordão encontra-se ou à frente do feto4 ou preso em seu ombro. Em geral, o prolapso1 oculto é identificado graças a um padrão anormal na frequência cardíaca fetal (bradicardia16) e o problema é resolvido mudando a posição da mãe ou levantando a cabeça5 do feto4 para aliviar a pressão sobre o cordão.

Quais são as principais características clínicas do prolapso1 do cordão umbilical2?

O prolapso1 de cordão acontece com maior frequência no início do trabalho de parto e quando a parte da apresentação do feto4 não está encaixada no estreito superior da pelve10. Essa ocorrência pode passar despercebida ou se tornar evidente quando as membranas se rompem e o cordão umbilical2 sai pela vagina7 antes de o bebê emergir.

No prolapso1 completo, a paciente pode sentir o cordão deslizar pela vagina7 e pela vulva17 após a ruptura das membranas. O cordão pode ser visto ou sentido pela paciente ou pelo médico durante o exame externo ou interno. Com frequência, detectam-se sinais18 de sofrimento fetal, mediante ausculta19. Se o cordão ficar exposto ao ar frio do ambiente, pode haver uma constrição20, restringindo adicionalmente o fluxo de oxigênio ao feto4.

Leia sobre "Sofrimento fetal ou hipóxia21 neonatal".

Como o médico diagnostica o prolapso1 do cordão umbilical2?

O diagnóstico22 do prolapso1 de cordão se faz mediante a palpação23 direta ao se romperem as membranas. Com frequência, o diagnóstico22 efetua-se ao se encontrar mudanças no ritmo ou intensidade dos batimentos cardíacos do feto4, bem como pela saída do líquido amniótico11 tingido de mecônio24. O prolapso1 também pode ser diagnosticado pela ultrassonografia25.

Como o médico trata o prolapso1 do cordão umbilical2?

Um parto com prolapso1 de cordão umbilical2 é sempre uma situação de urgência26 e exige atendimento imediato. O objetivo do tratamento consiste em fazer com que o feto4 nasça o mais cedo possível. Em geral, isso deve ser feito por meio de uma cesárea. Se o prolapso1 é evidente, o bebê deve ser mantido manualmente numa posição alta até que a cesariana comece. No prolapso1 oculto, também por vezes tem de ser feito um parto cesáreo.

O oxigênio mediante máscara pode ser administrado à mãe, para melhorar a concentração sanguínea deste elemento e, assim, favorecer o bebê. Se o fenômeno ocorrer num ambiente não médico, a paciente deve ser deitada de barriga para cima, com a cabeça5 e os ombros abaixo de seus quadris. De modo adicional, a apresentação pode ser empurrada para cima, mediante a pressão com uma mão27 calçada com uma luva estéril, sendo necessário manter esta pressão até que se realizem os preparativos para o nascimento.

Se o prolapso1 do cordão se exterioriza, deve-se cobrir o cordão com toalhas estéreis umedecidas em solução salina estéril e morna, para evitar que ele esfrie.

Veja o artigo sobre "Como é a cesárea".

Como evolui o prolapso1 do cordão umbilical2?

A morbidade28 e a mortalidade29 fetais são elevadas e o prognóstico30 depende do grau de duração da compressão do cordão umbilical2. A mortalidade29 do bebê devido a esta complicação é de cerca de 10%.

Como prevenir o prolapso1 do cordão umbilical2?

Não existe maneira de prever e prevenir o prolapso1 de cordão umbilical2.

Quais são as complicações possíveis do prolapso1 do cordão umbilical2?

Para o feto4, a compressão parcial do cordão por um período inferior a cinco minutos pode não ser nociva. A oclusão por tempo mais prolongado quase seguramente ocasionará lesão31 importante do sistema nervoso central32 ou a morte do bebê. O feto4 pode incorrer ainda em acidose metabólica33, prematuridade e traumatismo34 ao nascimento.

Para a mãe, o puerpério35 pode ser complicado com infecção36, podem ocorrer ainda lacerações do conduto do parto, ruptura do útero9, atonia uterina, hemorragia37 e anemia38.

Leia também sobre "Ruptura uterina".

 

ABCMED, 2016. Prolapso do cordão umbilical. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/1275863/prolapso-do-cordao-umbilical.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Prolapso: Deslocamento de um órgão ou parte dele de sua localização ou aspecto normal. P.ex. prolapso da válvula mitral, prolapso uterino, etc.
2 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
3 Pescoço:
4 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
5 Cabeça:
6 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
7 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
8 Nádegas:
9 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
10 Pelve: 1. Cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ossos ilíacos), sacro e cóccix; bacia. 2. Qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
11 Líquido amniótico: Fluido viscoso, incolor ou levemente esbranquiçado, que preenche a bolsa amniótica e envolve o embrião durante toda a gestação, protegendo-o contra infecções e choques mecânicos e térmicos.
12 Pélvicos: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
13 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
14 Bolsa amniótica: Bolsa amniótica ou âmnio é um dos anexos embrionários que alguns vertebrados (répteis, aves e mamíferos) possuem durante o seu desenvolvimento embrionário. Também conhecida como saco amniótico, é onde o feto se desenvolve no líquido amniótico.
15 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
16 Bradicardia: Diminuição da freqüência cardíaca a menos de 60 batimentos por minuto. Pode estar associada a distúrbios da condução cardíaca, ao efeito de alguns medicamentos ou a causas fisiológicas (bradicardia do desportista).
17 Vulva: Genitália externa da mulher, compreendendo o CLITÓRIS, os lábios, o vestíbulo e suas glândulas.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
19 Ausculta: Ato de escutar os ruídos internos do organismo, para controlar o funcionamento de um órgão ou perceber uma anomalia; auscultação.
20 Constrição: 1. Ação ou efeito de constringir, mesmo que constrangimento (ato ou efeito de reduzir). 2. Pressão circular que faz diminuir o diâmetro de um objeto; estreitamento. 3. Em medicina, é o estreitamento patológico de qualquer canal ou esfíncter; estenose.
21 Hipóxia: Estado de baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos que pode ocorrer por diversos fatores, tais como mudança repentina para um ambiente com ar rarefeito (locais de grande altitude) ou por uma alteração em qualquer mecanismo de transporte de oxigênio, desde as vias respiratórias superiores até os tecidos orgânicos.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
24 Mecônio: Material mucilaginoso (espesso, de cor variando entre verde e preto) encontrado nos intestinos de fetos à termo. Constituído por secreções de glândulas intestinais, PIGMENTOS BILIARES, ÁCIDOS GRAXOS, LÍQUIDO AMNIÓTICO e fragmentos intra-uterinos. O mecônio constitui as primeiras evacuações feitas pelo recém-nascido.
25 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
26 Urgência: 1. Necessidade que requer solução imediata; pressa. 2. Situação crítica ou muito grave que tem prioridade sobre outras; emergência.
27 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
28 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
29 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
30 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
31 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
32 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
33 Acidose metabólica: A acidose metabólica é uma acidez excessiva do sangue caracterizada por uma concentração anormalmente baixa de bicarbonato no sangue. Quando um aumento do ácido ultrapassa o sistema tampão de amortecimento do pH do organismo, o sangue pode acidificar-se. Quando o pH do sangue diminui, a respiração torna-se mais profunda e mais rápida, porque o corpo tenta liberar o excesso de ácido diminuindo o volume do anidrido carbônico. Os rins também tentam compensá-lo por meio da excreção de uma maior quantidade de ácido na urina. Contudo, ambos os mecanismos podem ser ultrapassados se o corpo continuar a produzir excesso de ácido, o que conduz a uma acidose grave e ao coma. A gasometria arterial é essencial para o seu diagnóstico. O pH está baixo (menor que 7,35) e os níveis de bicarbonato estão diminuídos (<24 mmol/l). Devido à compensação respiratória (hiperventilação), o dióxido de carbono está diminuído e o oxigênio está aumentado.
34 Traumatismo: Lesão produzida pela ação de um agente vulnerante físico, químico ou biológico e etc. sobre uma ou várias partes do organismo.
35 Puerpério: Período que decorre desde o parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher voltem às condições anteriores à gestação.
36 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
37 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
38 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
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