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Biópsia de Vilo Corial - o que é isso? Para que serve? Quem deve fazer?

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O que é vilo corial?

O vilo corial ou vilo coriônico é a estrutura anatômica responsável pela formação do cordão umbilical1, ainda nas suas primeiras semanas de desenvolvimento embrionário. As vilosidades coriais estão associadas à placenta e são substâncias geneticamente representativas do feto2, por serem iguais às dele. Elas são muito usadas para testes ainda durante a gestação, principalmente a partir da 12ª semana.

O que é uma biópsia3 de vilo corial?

As vilosidades coriônicas4 são projeções delgadas de tecido5 placentário que compartilham a mesma composição genética do bebê. Uma biópsia3 de vilocorial é um exame invasivo pré-natal em que uma amostra das vilosidades coriônicas4 é removida a partir da placenta, para testes em laboratório. A biópsia3 do vilo corial é um exame invasivo feito durante a gravidez6 que diagnostica anormalidades cromossômicas e outras doenças genéticas no bebê.

Quem deve fazer uma biópsia3 de vilo corial?

Geralmente a biópsia3 de vilo corial é feita para se obter informações sobre a composição genética do bebê em gestação. Ela permite diagnosticar precocemente anormalidades cromossômicas no feto2, como, por exemplo, a Síndrome de Down7. Ela pode revelar se um bebê tem uma condição genética específica, ajudando os pais a decidirem entre seu desejo de continuar ou não a gravidez6, em países onde o aborto é permitido.

A biópsia3 de vilo corial está indicada se os resultados de um teste de rastreio pré-natal forem positivos ou preocupantes ou se a paciente teve uma condição genética desfavorável em uma gravidez6 anterior. Também deve ser feita se a mãe tem 35 anos ou mais, porque os bebês8 nascidos de mulheres acima dessa idade têm um risco maior de alterações cromossômicas.

Nos casos em que há uma história familiar de uma condição genética específica, presente na mãe ou em seu parceiro, ela também pode estar indicada. A biópsia3 de vilocorial pode, ainda, determinar o sexo do bebê e funcionar como um teste de paternidade.

Saiba mais: "Síndrome de Down7" e "Teste de paternidade".

Qual o preparo necessário para fazer biópsia3 de vilo corial?

A biópsia3 de vilo corial deve ser feita com a bexiga9 cheia; por isso, beba bastante líquido antes da realização do procedimento.

Como é realizada a biópsia3 de vilo corial?

Com uma agulha guiada por imagens de ultrassom, o médico aspira material genético da placenta (vilosidades coriônicas4), que é igual ao do bebê. A agulha pode ser introduzida pela barriga ou pela vagina10, dependendo da posição da placenta e do bebê e da técnica de preferência do médico. O cariótipo é então examinado em laboratório.

Quando for feita punção pela barriga, o médico pode aplicar uma anestesia11 local antes de inserir a agulha. A amostra das vilosidades coriais pode ser retirada através do colo do útero12 ou da parede abdominal13. Essa amostra geralmente é retirada entre a 10ª e 13ª semanas da gravidez6; portanto, mais cedo do que outros testes de diagnóstico14 pré-natal, como a amniocentese15 por exemplo.

Leia sobre "Gestação semana a semana", "Pré-natal", "Ultrassonografia16 na gravidez6" e "Anestesia11 local".

A biópsia3 não deve ser realizada por via vaginal se houver uma infecção17 cervical ou vaginal ativa, sangramento vaginal, uma placenta inacessível, devido a um útero18 inclinado ou a miomas uterinos. A biópsia3 transabdominal, feita através da parede abdominal13, não deve ser feita se o útero18 for invertido para trás e se a placenta estiver localizada posteriormente no útero18. Nenhum dos dois tipos de biópsia3 deve ser realizado se o bebê for Rh+ e a mãe Rh-.

Depois do exame, a mulher deve fazer repouso por pelo menos 24 horas e não poderá fazer exercícios físicos, nem manter relações sexuais por uma semana. É comum ter algum pequeno sangramento vaginal e um pouco de cólica nas primeiras 24 horas após o exame. Se a paciente tiver sangue19 Rh- deve receber uma vacina20 de imunoglobulina21 logo depois do procedimento, a não ser que ela saiba que o parceiro também tem sangue19 fator Rh-.

Quais são os riscos de fazer uma biópsia3 de vilo corial?

Sendo um procedimento invasivo, a biópsia3 de vilo corial comporta alguns riscos, incluindo o aborto (aproximadamente 0,7%). O risco de aborto pode aumentar se o bebê for menor do que o normal para a sua idade gestacional. Por isso, só se submetem a esse procedimento mulheres com elevado risco de ter um bebê com algum problema cromossômico ou genético, ou que tenham tido indícios de alguma alteração, nos exames do pré-natal.

A biópsia3 de vilocorial pode fazer algumas das células22 do sangue19 do bebê entrarem na corrente sanguínea e assim potencializar um eventual fenômeno de incompatibilidade Rh+/Rh-. Muito raramente, ela pode desencadear uma infecção17 uterina. O risco de defeitos nos dedos das mãos23 ou dos pés de um bebê só deve ser uma preocupação se o procedimento for realizado antes da 10ª semana da gravidez6.

Saiba mais nos artigos sobre "Aborto" e "Compatibilidade sanguínea".

O que a mulher sente durante e após a realização de uma biópsia3 de vilo corial?

Algumas mulheres sentem o procedimento como desconfortável, outras sentem dor. Normalmente, o exame leva de 30 a 45 minutos e a retirada da amostra não demora mais que alguns minutos. Quando a biópsia3 é feita pela vagina10, a sensação pode ser comparável à de um exame de Papanicolau24. No caso de a punção ser feita pela barriga, a área perfurada pode ficar um pouco dolorida após o procedimento.

Veja também: "Gravidez6 de risco: quando pode ocorrer?"

 

ABCMED, 2016. Biópsia de Vilo Corial - o que é isso? Para que serve? Quem deve fazer?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/1273623/biopsia-de-vilo-corial-o-que-e-isso-para-que-serve-quem-deve-fazer.htm>. Acesso em: 26 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
2 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
3 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
4 Vilosidades coriônicas: A superfície da bolsa amniótica é recoberta por projeções chamadas vilosidades coriônicas, que penetram no endométrio. Ao redor das vilosidades formam-se lacunas por onde circula o sangue materno. Assim elas permitem trocas de substâncias entre o sangue do embrião, que circula nas vilosidades, e o sangue materno, que circula nessas lacunas. Alimento e oxigênio passam do sangue da mãe para o feto, enquanto excreções e gás carbônico fazem o caminho inverso. As vilosidades coriônicas são formadas a partir de um acúmulo de células oriundas do citotrofoblasto que se projetam para o sinciciotrofoblasto iniciando esse desenvolvimento no final da segunda semana de gestação quando são classificadas como primárias. Nas semanas seguintes, tornam-se ramificadas e se denominam vilosidades coriônicas secundárias e posteriormente, terciárias quando, então, formam a parte funcional da membrana placentária na porção embrionária.
5 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
6 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
7 Síndrome de Down: Distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais, por isso é também conhecida como “trissomia do 21“. Os portadores desta condição podem apresentar atraso cognitivo, alterações físicas, como prega palmar transversa (uma única prega na palma da mão, em vez de duas), pregas nas pálpebras, membros pequenos, tônus muscular pobre e língua protrusa.
8 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
9 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
10 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
11 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
12 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
13 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
14 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
15 Amniocentese: Consiste na obtenção do líquido amniótico que banha o feto através da punção da cavidade amniótica. Realizada entre 15 a 18 semanas de gravidez, para avaliar problemas genéticos do bebê.
16 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
17 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
18 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
19 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
20 Vacina: Tratamento à base de bactérias, vírus vivos atenuados ou seus produtos celulares, que têm o objetivo de produzir uma imunização ativa no organismo para uma determinada infecção.
21 Imunoglobulina: Proteína do soro sanguíneo, sintetizada pelos plasmócitos provenientes dos linfócitos B como reação à entrada de uma substância estranha (antígeno) no organismo; anticorpo.
22 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
23 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
24 Papanicolau: Método de coloração para amostras de tecido, particularmente difundido por sua utilização na detecção precoce do câncer de colo uterino.
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