Como é feita a polissonografia? Quem deve fazer?
O que é polissonografia1?
Polissonografia1 (do grego: polis = muitos; somnus = sono; e graphos = escrita) é um exame de múltiplos parâmetros que se realiza durante o sono natural, com o objetivo de registrar as variações fisiológicas2 que ocorrem durante esse período e apurar suas possíveis anormalidades.
Como é o sono normal?
A necessidade de sono é constante em cada indivíduo e variável com a idade. Enquanto um bebê dorme cerca de 80% do seu tempo, um idoso pode não dormir mais que três horas a cada dia.
Graças a recentes estudos, hoje sabemos que o sono não é um processo contínuo que começa no adormecer e termina no despertar, mas se passa em ciclos. Anteriormente o sono era considerado um resultado da ausência de estímulos e o estado de coma3 tido como seu parâmetro maior. Hoje se sabe que o dormir é um processo ativo, tanto determinado endogenamente4 como por influências do ambiente.
Descrevem-se etapas do sono, conhecidas como:
- Sono não-R.E.M.: apresenta quatro fases (estágios I, II, III e IV). Carateriza-se por relaxamento muscular progressivo com manutenção do tônus muscular5, redução progressiva do movimentos, ausência de movimentos oculares rápidos, respiração e eletrocardiograma6 regulares e aumento progressivo de ondas lentas no eletroencefalograma7. Após esses estágios segue-se o sono R.E.M.
- Sono R.E.M. (Rapid Eyes Moviment): nele ocorrem, de maneira típica, movimentos oculares rápidos, daí o seu nome. Também pode ser chamado de sono rápido, sono ativado, sono dessincronizado8 ou sono paradoxal9. Esse tipo de sono é marcado por um traçado eletroencefalográfico parecido com o da vigília; sono profundo; aceleração da respiração; elevação da tensão arterial e da temperatura; secreção de hormônios; reação do pênis10; movimentos rápidos, horizontais, conjugados e sincrônicos de ambos os olhos11. Ele ocorre em todos os animais, a partir dos répteis e tem tendência a manter constante o seu percentual em relação ao sono total, ocorrendo compensação quase que integral, em caso de privação de alguma parcela dele.
Para a psicologia é importante saber que a maioria dos sonhos ocorre nesse período (74 a 95%) e que a lembrança dos sonhos é maior quando ele ocorre neste período do que fora dele.
Como se realiza a polissonografia1?
A polissonografia1 geralmente é realizada à noite, com o paciente dormindo num laboratório de sono. Ela monitora três parâmetros principais, o eletroencefalograma7, o eletro-oculograma e o eletromiograma, registrando as amplas variações fisiológicas2 que ocorrem durante o sono. Outros parâmetros, como fluxo aéreo nasal e bucal, oximetria, eletrocardiograma6, movimentos respiratórios, movimento nos membros inferiores são também registrados e é feito um vídeo do exame, o qual contribui para o diagnóstico12 de doenças relacionadas ao sono.
A evolução da tecnologia permite hoje que aparelhos portáteis sejam levados às residências dos pacientes, tornando dispensável que eles durmam em laboratórios. A polissonografia1 domiciliar não é tão completa como o exame em laboratório, mas pode ser usada em pacientes selecionados por um médico especialista em sono. O paciente deve colocar cintas torácicas para registros dos movimentos respiratórios, cânulas nasais para medir o fluxo nasal, eletrodos na face13 e crânio14 para medir a atividade neural e muscular e, eventualmente, eletrodos nas pernas para registrar eventuais movimentos desses membros. Todos esses aparatos devem ser ligados por fios a um aparelho que faz registros gráficos dos dados encontrados.
Quem deve fazer uma polissonografia1?
A polissonografia1 deve ser feita por pacientes com ronco, apneia15 do sono, dispneia16 à noite, sonolência excessiva durante o dia, sensação de que o sono não recarrega as energias, problemas de memória, hipertensão17 grave ou sono agitado.
A polissonografia1 é o padrão ouro para diagnóstico12 de distúrbios do sono em adultos, adolescentes e crianças.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.