Glicemia média estimada (Hemoglobina glicosilada)
O que é glicemia1 média estimada (hemoglobina glicosilada2)?
Além dos tradicionais exames da glicemia de jejum3, glicemia pós-prandial4 e teste de tolerância à glicose5 para o controle de açúcar6 no sangue7, pode-se ter dados sobre a glicemia1 média estimada nos últimos dois ou três meses, através da hemoglobina glicosilada2 (ou hemoglobina glicada8 ou, ainda, hemoglobina9 A1C10, a principal fração de hemoglobina glicosilada2).
O objetivo dessa medida é um melhor controle do diabetes11, mantendo os níveis de glicose5 no sangue7 o mais próximo possível do normal. A glicemia1 média estimada é uma avaliação da média da glicemia1 nos últimos dois ou três meses e não corresponde a nenhuma dosagem isolada de glicose5.
A hemoglobina glicosilada2 foi reconhecida como uma glicoproteína em 1968, mas o uso dela para monitorar o controle do metabolismo12 da glicose5 só foi proposto em 1976.
Conheça mais sobre "Diabetes Mellitus13", "Retinopatia diabética14" e "Prevenção do Diabetes Mellitus13".
Quem deve e quem não deve fazer o exame?
Pacientes com diagnóstico15 recente de diabetes11 devem fazer a medição da hemoglobina glicosilada2 para avaliar como estão seus níveis de glicemia1. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia recomenda que em pacientes diabéticos ou pré-diabéticos o teste seja feito pelo menos duas vezes por ano. O exame pode ser realizado diversas vezes até que o controle desejado seja atingido e mantido.
O exame é também usado para o diagnóstico15 de diabetes11. Entretanto, não deve ser usado em gestantes ou em pessoas que tiveram sangramento intenso ou receberam transfusões de sangue7 há pouco tempo, pessoas com doença crônica renal16 ou hepática17 ou pessoas com doenças sanguíneas.
A hemoglobina glicosilada2 permite um melhor controle em longo prazo dos níveis de glicose5 no sangue7 e uma melhor prevenção de complicações cardiovasculares, nefropatia18, neuropatia19 e retinopatia.
Qual é o mecanismo fisiológico20 que detecta a hemoglobina glicosilada2 e permite calcular a glicemia1 média estimada?
Normalmente, o açúcar6 presente no sangue7 adere à hemoglobina9 em valores que variam paralelamente às taxas de glicemia1. Quanto maior o tempo de hiperglicemia21, mais a glicose5 se liga à hemoglobina9 e maior será a taxa de hemoglobina glicosilada2. Essas taxas são expressas em percentagem e devem manter-se abaixo de 7% (idealmente, abaixo de 6%). Os resultados devem obedecer ao seguinte critério:
(1) não diabéticos: a hemoglobina glicosilada2 deve estar entre 4,0% e 6,0% e a glicose5 média estimada entre 68-126 mg/dL22;
(2) pré-diabetes23: a hemoglobina glicosilada2 está entre 5,7% - 6,4% e a glicose5 média estimada entre 117-126 mg/dL22;
(3) diabetes11: a hemoglobina glicosilada2 está acima de 6,5% e a glicose5 média estimada acima de 140 mg/dL22.
Uma forma de cálculo24 a partir dos valores da hemoglobina glicosilada2 permite estimar os valores médios da glicemia1 nos últimos 2 a 3 meses. Isso é possível porque cada hemácia é destruída e substituída a cada quatro meses (120 dias) e antes disso, as hemácias25 guardam uma “memória” dos níveis de glicose5 a que estiveram expostas, já que a molécula de hemoglobina9, uma vez glicosilada, continua indefinidamente dessa mesma forma. Por isso, quando examinada, ela revela, através de seus valores, aplicados a uma fórmula matemática, o nível de glicose5 a que as hemácias25 estiveram expostas.
Assim, como as hemácias25 não são todas submetidas à lise26 ao mesmo tempo, a medida é referida aos três últimos meses. A percentagem de hemoglobina glicosilada2 é então convertida em unidades de glicemia1, segundo a fórmula 28,7 × Hemoglobina glicosilada2 – 46,7, para que o resultado possa ser comparado aos outros resultados da glicemia1, obtidos da maneira tradicional, em um laboratório. Dessa forma, para uma hemoglobina glicosilada2 de 6,0%, por exemplo, a glicemia1 média estimada é de 126 mg/dL22.
Leia também sobre "Hipoglicemia27", "Comportamento da glicemia1", "Curva glicêmica28" e "Hemoglobina glicosilada2".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.