Cirurgia bariátrica. O que é isso?
O que é cirurgia bariátrica1?
Em alguns casos mais graves, as mudanças alimentares e a prática de atividades físicas são impossíveis de serem implementadas. Nestas situações, apenas uma intervenção médica mais efetiva, como a cirurgia bariática (cirurgia para redução do tamanho do estômago2), deve resolver o problema. A maioria desses casos são aqueles em que o índice de massa corporal3 (IMC4) atinge valores superiores a 40 kg/m².
Nestes obesos, os inúmeros tratamentos e a oscilação ponderal5, além do potencial genético, agravam o quadro clínico.
As doenças associadas à obesidade6 grau III (hipertensão arterial7 , artropatias, dislipidemias, diabetes8 , disfunções respiratórias, etc), geraram o termo “obesidade mórbida”, que deve ser abandonado.
Existe mais de um tipo de cirurgia bariátrica1?
Existem dois tipos de cirurgia bariátrica1. No primeiro, em que há redução do tamanho do estômago2, existem três variações denominadas: banda vertical ajustável, gastroplastia vertical, gastroplastia vertical com by-pass em y de Roux. Esta última, também chamada Capella ou Fobi-Capella, é a mais utilizada e foi desenvolvida por cirurgiões. Além da restrição causada pela diminuição do volume do estômago2, ocorre uma pequena disabsorção dos alimentos, porque eles deixam de passar pela primeira parte do intestino delgado9.
O segundo tipo é a cirurgia disabsortiva (ou Derivação bilio-pancreática), chamada de cirurgia de Scopinaro. Neste caso, o paciente terá mais liberdade de comer maior quantidade de alimentos, já que não há grande diminuição do estômago2, que fica com 2/3 do seu tamanho original. O que é feito aqui é um grande desvio do alimento, que vai para o intestino grosso10.
Estes pacientes submetidos à gastroplastia redutora devem ser acompanhados, recebendo orientações específicas para elaboração de uma dieta equilibrada. A adesão ao tratamento deverá ser avaliada, uma vez que pacientes instáveis psicologicamente podem recorrer a preparações de alta densidade calórica, de baixa qualidade nutricional, colocando em risco o sucesso da intervenção a longo prazo.
Existem contra-indicações para a realização desta cirurgia como, por exemplo, cirrose11 hepática12, algumas doenças renais e psiquiátricas graves, vícios (droga, alcoolismo) e disfunções hormonais. Todas devem ser avaliadas por profissionais com prática e conhecimento aprofundado neste assunto.
Em todos os casos você deverá, obrigatoriamente, ter pleno conhecimento das características, necessidades, riscos e limitações de cada cirurgia. Participe de reuniões com uma equipe multiprofissional e com pacientes já operados para poder ter certeza da sua decisão.
Quais os cuidados a serem tomados antes e após a cirurgia?
Os cuidados a serem tomados antes e após cada cirurgia vão depender de cada caso, mas no geral consistem em avaliações clínico-laboratoriais com exames de sangue13, radiografia de tórax14, ultra-sonografia e/ou tomografia do abdômen, avaliação cardiológica, endoscopia15 digestiva com pesquisa de H. Pylori e avaliação da função respiratória (mais aprofundada quanto mais obeso ou complicado seja o caso). Caso o paciente tenha alguma doença que necessite tratamento e controle prévio, a cirurgia será adiada até que se obtenha a melhor condição clínica.
Os obesos que passam por uma cirurgia bariátrica1 necessitam de orientação nutricional permamente para suplementar a dieta com compostos ricos em proteínas16, vitamina17 B12 e ferro. Cuidados especiais para evitar casos de desnutrição18 após a cirurgia também são necessários.
Após a cirurgia, o paciente já sai do hospital, em média, com menos dois quilos. Nos primeiros meses, a redução no peso chega ser de sete a oito quilos. Os pacientes com quadro de diabetes8 tipo 2 podem precisar reduzir ou interromper o uso de insulina19. A complicação mais difícil de ser tratada é a pressão arterial20. Ela demora mais a estabilizar e o paciente não interrompe o uso de medicamentos.
Todos os tipos de tratamento da obesidade6, do mais simples ao mais radical, exigem empenho e determinação. Será sempre necessário um suporte multiprofissional e a adequação da dieta às novas metas a serem alcançadas. Para garantir um bom nível de adesão e o sucesso terapêutico, sua motivação é essencial e pode ser auxiliada por orientações com embasamento técnico e científico de qualidade, ajudando na solução ou diminuição do problema.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.