Tipos de Cirurgia Bariátrica
Quais são os tipos de cirurgia bariátrica1?
Existem três tipos básicos de tratamento cirúrgico:
- Técnicas restritivas
- Técnicas disabsortivas
- Técnicas mistas
O que são técnicas restritivas?
São técnicas que limitam o volume de alimento sólido ingerido pelos pacientes. Esta técnica depende da colaboração do paciente no pós-operatório, pois alimentos líquidos podem continuar a ser ingeridos quase no mesmo volume que eram antes da cirurgia e se forem muito calóricos irão atrapalhar a perda de peso.
São técnicas de fácil realização, oferecem riscos mínimos para o paciente, a adaptação e a recuperação são tranquilas, no entanto, a perda de peso alcançada é menor do que com as outras técnicas.
As principais técnicas restritivas são:
- Cerclagem dentária (em desuso)
- Balão intragástrico: é colocado no estômago2 por endoscopia3 digestiva. Ele causa sensação de saciedade precoce, reduzindo a ingestão de alimentos. Esta técnica demanda reeducação alimentar para obter sucesso. É reconhecida como método terapêutico auxiliar para o preparo pré-operatório. Após a colocação, o paciente pode apresentar náuseas4 e vômitos5 intensos, o que pode levar à retirada do balão.
- Gastroplastia vertical restritiva de Mason: consiste em "grampear" o estômago2 criando um pequeno tubo que recebe o alimento. O paciente tem a sensação de plenitude gástrica, pois esta antecâmara gástrica esvazia-se lentamente. O inconveniente é que se o paciente ingerir líquidos ao invés de sólidos, poderá tomá-los em grande quantidade e se forem hipercalóricos, a perda de peso não será alcançada.
- Banda gástrica ajustável por laparoscopia6: é uma prótese7 de silicone que tem um balão insuflável, por dentro, parecido com um manguito do aparelho de medir pressão arterial8. Quando o balão é insuflado ou desinsuflado, aperta mais ou menos o estômago2 de maneira que pode-se controlar o esvaziamento do alimento da parte alta para a parte baixa do órgão. O principio da operação é semelhante a operação de Mason porém é feita por laparoscopia6, ou seja, sem abrir o abdome9 e pode ser regulada depois, a qualquer tempo, ambulatorialmente. Geralmente, obtém-se uma perda de peso em torno de 20 a 30%, mas depende da cooperação do paciente.
O que são técnicas disabsortivas?
Com elas, o paciente tem mais liberdade de comer maior quantidade de alimentos, já que não há grande diminuição do estômago2. É feito um grande desvio do alimento, que vai para o intestino grosso10. Há necessidade de controle mais rigoroso dos distúrbios nutricionais que essas técnicas podem causar.
Existem três técnicas disabsortivas mais conhecidas:
- Cirugia de Payne: é um desvio intestinal grande sem mexer no estômago2. Pode levar a distúrbios nutricionais muito acentuados. Por ser uma cirurgia tecnicamente simples, ela é realizada em um primeiro tempo para que o paciente perca algum peso, para depois fazer outra cirurgia definitiva. É utilizada somente com critérios rigorosos.
- Derivação bilio-pancreática ou cirurgia de Scopinaro: consiste em retirar uma parte do estômago2, fazendo com que o paciente coma11 um volume menor porém satisfatório, associado a um "desvio intestinal". Habitualmente a vesícula biliar12 é retirada neste procedimento, já que quase 90 % dos pacientes podem apresentar pedras na vesícula13 durante o processo de emagrecimento. Os pacientes apresentam uma perda de 40% do peso total.
- Derivação Bilio-pancreática com Duodenal Switch ou cirurgia de Hess: é realizada uma ressecção longitudinal do estômago2, preservando a sua anatomia e fisiologia14 básicas. Uma pequena porção do duodeno15 (primeira porção do intestino delgado16) também é preservada, contribuindo para melhor absorção de nutrientes como proteínas17, cálcio, ferro e vitamina18 B12. O que não acontece nas outras cirurgias para perda de peso. Vem sendo considerada uma evolução das cirurgias bariátricas. O alimento segue por um caminho, enquanto os sucos digestivos (bile19 e suco pancreático20) seguem por outro. Encontrando-se apenas a 100cm de acabar o intestino delgado16. Isto inibe a absorção de calorias21 e nutrientes levando ao emagrecimento. Esta perda de peso é consistente e duradoura. Estudos recentes comprovam que a qualidade de vida dos pacientes submetidos a este tipo de procedimento é mais satisfatória a longo prazo.
Todas as cirurgias disabsortivas têm riscos e complicações a curto e a longo prazo. É muito importante discutir com um médico estas complicações e o que pode ser feito para preveni-las.
O que são técnicas mistas?
São aquelas que associam as técnicas restritivas com as disabsortivas, ou seja, fazem uma limitação ao volume de alimento sólido ingerido e um desvio menor no trânsito do alimento no trato gastrointestinal. A mais usada atualmente é a gastroplastia vertical com by-pass em y de Roux. É também chamada Capella ou Fobi-Capella, foi desenvolvida por cirurgiões e, além da restrição causada pela diminuição do volume do estômago2, ocorre uma pequena disabsorção dos alimentos, porque eles deixam de passar pela primeira parte do intestino delgado16.
Existe algum cuidado especial no pós-operatório?
Os pacientes submetidos à gastroplastia redutora devem ser acompanhados, recebendo orientações específicas para elaboração de uma dieta equilibrada. A adesão ao tratamento deverá ser avaliada, uma vez que pacientes instáveis psicologicamente podem recorrer a preparações de alta densidade calórica, de baixa qualidade nutricional, colocando em risco o sucesso da intervenção a longo prazo.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica1 e Metabólica
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.