Tratando a obesidade
Como é o tratamento da obesidade1?
Os conhecimentos sobre a obesidade1 evoluíram. Hoje em dia, muitas estratégias de emagrecimento têm sido tentadas, mas perder peso e mantê-lo exige muita força de vontade. A perda de peso sempre estará na dependência de um balanço energético negativo, ou seja, depende de uma menor ingestão alimentar em relação ao gasto calórico. Este objetivo é alcançado com a redução da ingestão alimentar e o aumento da atividade física.
O que deve ser levado seriamente em consideração não é só a perda de peso, mas também a correção dos fatores de risco cardiovascular, dependentes da resistência à insulina2.
Dietas com conteúdo calórico muito baixo resolvem?
A idéia de reduzir o peso corporal de indivíduos obesos para valores considerados normais, através de dietas com conteúdo calórico muito baixo, vem sendo substituída por condutas menos ambiciosas e mais realistas, devido à impossibilidade de se conseguir, a longo prazo, atingir e manter o peso ideal na maioria dos casos.
O fator que dificulta o sucesso de dietas muito restritivas em termos calóricos, que produzem a curto prazo perdas ponderais significativas, é a tendência fisiológica3 do organismo de ativar mecanismos compensatórios para minimizar a perda de peso, através da redução na taxa de metabolismo4 basal. Um tratamento dietético que resulte em uma perda de peso mais modesta, mas que produza alterações mais estáveis, é provavelmente mais favorável. As perdas ponderais entre 5 e 10% do peso inicial podem ser suficientes para produzir alterações benéficas nos níveis de glicemia5, no perfil lipídico6 do plasma7 e nos níveis da pressão arterial8.
O total de calorias9 a ser consumido deve ser reduzido em 500 a 1000 kcal por dia, com base no cálculo10 de energia despendida pelo indivíduo. A dieta assim planejada é usualmente suficiente para produzir uma perda de peso entre 0,5 a 1,0 kg/semana.
Como deve ser a minha dieta?
As recomendações gerais devem incluir aumento na ingestão de fibras, que produzem maior grau de saciedade, redução no consumo de sacarose, de álcool e de gorduras saturadas11. A proporção normal de nutrientes deve ser mantida, apesar da limitação calórica. Proteínas12 devem perfazer 15 a 20% da quantidade total de calorias9 da dieta. Carboidratos devem corresponder de 50 a 55% e as gorduras não devem ultrapassar 30% do conteúdo calórico total.
Você vai aderir melhor à dieta se esta se adaptar às suas preferências alimentares, fornecendo-lhe variadas opções de cardápio. Ao lado disso, o sucesso da dieta depende fundamentalmente do processo de reeducação alimentar, que faz parte da denominada terapia comportamental.
O que deve mudar no meu comportamento alimentar?
A terapia comportamental auxilia a melhorar seus hábitos alimentares e a aumentar sua atividade física, modificando o estilo de vida através da adoção de hábitos mais saudáveis que o auxiliem na perda de peso e também na manutenção do peso perdido.
Primeiramente, você deve monitorar seu próprio comportamento alimentar, registrando o tipo de alimento que está habituado a ingerir, os locais onde estes alimentos são consumidos, a freqüência do consumo e a condição emocional no momento da ingestão. Através da análise destes registros você mesmo será capaz de identificar os problemas passíveis de correção, particularmente no que diz respeito aos locais e aos períodos do dia que facilitam a ingestão maior de calorias9.
Identificado o problema, deve-se então tentar quebrar a cadeia de eventos que levam a perpetuá-lo. Por exemplo, para alguém que na volta do trabalho tem o hábito de parar em uma padaria e comprar pães e doces, o melhor seria mudar o caminho de casa.
É fundamental que seus familiares ou amigos auxiliem de forma positiva as mudanças de comportamento que você está tentando implementar.
A recuperação do peso após o emagrecimento costuma ser evidente após 18 meses. Os melhores resultados são obtidos com uma abordagem que envolva a alteração de comportamento, o maior contato social, o aumento da atividade física e o auxílio de um psicoterapeuta.
Existem técnicas para controlar a ingestão de alimentos?
Existem e elas ajudam muito no dia-a-dia de quem está empenhado a perder peso.
- Procure fazer três refeições principais durante o dia, anotando durante sete dias os alimentos que você consumiu. Avalie o conteúdo de calorias9 e a composição da dieta em termos de macronutrientes13. Os macronutrientes13 é que fornecem as calorias9 aos alimentos. São eles: os carboidratos, as proteínas12 e as gorduras.
- Procure se alimentar todos os dias na mesma hora e no mesmo local da casa.
Coma14 somente se estiver sentado. Isto evita consumir pequenas quantidades de alimento, em pé, diante da geladeira, por exemplo. - Concentre-se nos alimentos que está consumindo, mastigando-os bem.
Elimine distrações tais como ler ou assistir televisão durante as refeições. - Use pratos pequenos para os alimentos e não coloque travessas com alimentos sobre a mesa.
- Cozinhe porções menores de alimentos.
- Diminua o ritmo da refeição descansando os talheres sobre a mesa.
- Não use condimentos calóricos, como catchup, mostarda ou maionese.
- Não faça compras de alimentos nos supermercados antes das refeições. Isto ajuda a evitar a compra maior e desnecessária de alimentos calóricos.
- Evite servir-se pela segunda vez.
- Procure avaliar se os seus hábitos alimentares favorecem ou não o ganho de peso. Caso sua resposta seja positiva, faça um plano para corrigir os fatores que, no seu caso, favorecem o ganho de peso.
- Procure dormir bem. Durante o sono normal, a regulação hormonal favorece a saciedade e regula o metabolismo4 do organismo. A leptina15, substância liberada durante o sono, controla a gordura16 do corpo dando sinais17 de que estamos alimentados. Quando o corpo é privado do sono, a leptina15 é reduzida, aumentando a vontade de comer. Em média, um adulto saudável necessita de 6 a 8 horas de sono por dia.
- Procure comer mais frutas, verduras, nozes e grãos.
- Reduza açúcar18 e gorduras na sua dieta. Mude das gorduras animais para as gorduras vegetais.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.