Osteíte: conceito, causas, características clínicas, tipos principais
O que é osteíte?
A osteíte é o termo geral usado para inflamação1 do osso, a qual quase sempre acomete também a medula óssea2 e é chamada, por isso, de osteomielite3 (do grego osteos = osso + myelós = medula4 + -ite = inflamação1).
Quais são as causas da osteíte?
A bactéria5 que mais comumente causa a osteíte é o Staphylococcus aureus, mas o agente responsável varia de acordo com a idade do paciente e o mecanismo da infecção6.
Quais são as características clínicas da osteíte?
Usualmente a osteíte é causada por bactérias produtoras de pus7 ou por fungos, que podem comprometer também o periósteo8 (membrana que reveste os ossos), além da medula óssea2. A osteíte sempre começa como infecção6 aguda e caso não seja tratada adequadamente evolui para uma forma crônica. Os ossos longos9 dos membros e da coluna vertebral10 são os mais acometidos, no entanto, a osteíte pode acometer qualquer osso do corpo e frequentemente afeta a mandíbula11, após tratamentos dentários. A inflamação1 da medula óssea2 pode fazer pressão contra a parede rígida do osso e comprimir os vasos sanguíneos12 nela contidos, interrompendo o fornecimento de sangue13 ao osso, com consequente morte dele.
Quais são os tipos principais de osteíte?
Mais especificamente, o termo osteíte pode referir-se a uma das seguintes condições:
- Osteíte alveolar: é a inflamação1 de um alvéolo14 dentário após extração de um dente15. É uma complicação local dolorosa, que pode ocorrer no terceiro ou quarto dia após uma extração dentária. Normalmente, as paredes do alvéolo14 são claras e muito sensíveis ao toque, podendo apresentar halitose16, tendo ou não exposição de tecido ósseo17. Pode ocorrer também edema18 gengival e linfoadenopatia19 regional (gânglios linfáticos20 aumentados de volume e dolorosos). A dor pode se tornar severa e irradiar-se para o ouvido e pescoço21, bem como ocorrer edema18, febre22 e formação de pus7, embora isso seja raro. A osteíte alveolar geralmente acontece se após a extração de um dente15, um coágulo23 sanguíneo se forma no local da extração.
- Osteíte condensante: infecção6 leve do canal ósseo, geralmente em um molar ou no íleo24. Os sintomas25 são escassos ou nulos, porém pode haver dor e aumento da sensibilidade. A dor pode persistir durante vários dias ou semanas e pode haver febre22. A zona mais comumente afetada é o maxilar inferior, mas também pode acometer o maxilar superior26, o fêmur27, a tíbia28 e o cotovelo. Nas radiografias revelam-se zonas de esclerose29 e lises (destruições) ósseas mal delimitadas, de bordas imprecisas. Um diagnóstico30 diferencial deve ser feito com outras lesões31, como osteomielite3 e neoplasias32 malignas, doença de Paget, fibroma33 ossificante, displasia34 fibrosa, cementoblastoma35 maligno e displasia34 óssea florida. O melhor tratamento é a antibioticoterapia, nas fases agudas, mas com frequência ocorrem exacerbações. Como a lesão36 na maioria das vezes não é muito extensa, ela pode ser removida cirurgicamente.
- Osteíte deformante (doença de Paget): é uma doença que pode acometer um ou mais ossos e se caracteriza por áreas de reabsorção óssea aumentada. Como consequência, há desestruturação da arquitetura nos tecidos ósseos, o que resulta em maior fragilidade óssea, que pode se manifestar com dor, fraturas ou deformidades e pode causar compressão de estruturas vasculares37 e nervosas. Pode haver também calor e rubor sobre os ossos acometidos. Raramente ocorrem transformações neoplásicas38 das lesões31. Na maioria das vezes, a osteíte deformante é assintomática e o diagnóstico30 é feito de maneira incidental por meio de achados de exames radiológicos ou exames de sangue13 que mostram níveis elevados de fosfatase alcalina39. Nos pacientes sintomáticos, as queixas principais são dor e deformidades ósseas. A doença costuma acometer ossos do crânio40, pelve41, vértebras, fêmur27 e tíbia28. Os exames laboratoriais devem implicar dosagem de fosfatase alcalina39 no sangue13, dosagens de cálcio sérico e outros para descartar doenças hepatobiliares42 e o hiperparatireoidismo. As complicações que podem ocorrer na osteíte deformante são cefaleia43, perda auditiva por comprometimento do osso temporal e compressão de raízes nervosas44 ou medula espinhal45 por envolvimento da coluna vertebral10. Insuficiência cardíaca46 de alto débito e transformação neoplásica47 das lesões31 são manifestações muito raras da doença. A osteíte deformante faz com que os ossos afetados cresçam maiores e mais fracos do que o normal e, dessa maneira, se deformem.
- Osteíte fibrosa cística (doença óssea de von Recklinghausen ou tumor48 marrom): nessa doença, o osso sofre lesões31 císticas mais comuns em metacarpos, falanges, ossos do quadril e fêmur27, mas que também podem afetar a coluna vertebral10 e causar compressão medular. Geralmente é resultado de hiperparatireoidismo, que ocorre devido à proliferação de fibroblastos49 que substituem o osso. Os osteoclastos50 tentam reparar a destruição óssea, causando lesões31 císticas nos ossos e elevando, assim, o nível de fosfatase alcalina39. Quando causa compressão medular pode resultar em paraplegia51. Tem origem predominantemente genética, sendo seus principais sintomas25 manchas e bolhas por toda a pele52, tumores neurofibromatosos que percorrem os nervos, dores e lesões31 dos ossos longos9.
- Osteíte púbica: A osteíte púbica, ou pubalgia, é uma lesão36 por esforço repetitivo que acontece na região da sínfise53 púbica, comum aos atletas. É uma condição inflamatória, não infecciosa, autolimitada. Também pode ocorrer em consequência de parto ou de desordens reumatológicas. A dor na pelve41 pode irradiar para as coxas54 e abdome55. Pode ser aguda (traumática) e crônica. O diagnóstico30 pode ser feito por meio de uma ultrassonografia56 da região inguinal. Um diferencial deve ser feito com hérnia57 inguinal, hérnia57 femoral, doenças do tecido conectivo58, prostatites, uretrites, procedimentos pélvicos59, separação da sínfise53 púbica causada pelo parto, orquite60, cálculo61 renal62, osteomielite3, espondilite anquilosante, doenças neurológicas e infecções63. O tratamento deve ser multidisciplinar, com médico, fisioterapeuta e profissional de educação física. Em casos graves, a intervenção cirúrgica pode ser necessária para a retirada do tecido64 fibrótico. A osteíte púbica pode ser prevenida com alongamento, aquecimento e evitando exercitar excessivamente a mesma área.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.