Síndrome de Alport: como ela é?
O que é a síndrome1 de Alport?
A síndrome1 de Alport é uma doença genética caracterizada por provocar a perda progressiva da função renal2 e auditiva, que também pode afetar o sistema visual. Foi identificada pela primeira vez por Arthur Cecil Alport, em 1927.
Quais são as causas da síndrome1 de Alport?
Esta síndrome1 é causada por mutações genéticas em genes responsáveis pela síntese do colágeno3. Mutações nesses genes impedem que a rede de colágeno3 tipo IV seja produzida, com repercussão sobre a membrana basal4 em vários órgãos.
Qual é a fisiopatologia5 da síndrome1 de Alport?
As membranas basais são finas estruturas laminares que separam e suportam as células6 dos órgãos. Em cada uma das milhões de unidades de filtragem em cada rim7, o sangue8 é filtrado através da membrana basal4 glomerular. Quando mutações impedem a formação das fibras de colágeno3, as membranas basais das células6 renais não são capazes de filtrar corretamente o sangue8, permitindo que as proteínas9 e outros componentes do sangue8 passem para a urina10.
Na maior parte dos casos a condição é ligada ao cromossomo11 X. Nos indivíduos do sexo masculino, que têm apenas um cromossomo11 X, uma cópia alterada deste gene é suficiente para causar uma síndrome1 de Alport severa. Assim se explica o fato de quase todos os indivíduos deste sexo com a alteração genética desenvolverem insuficiência renal12. Nos indivíduos do sexo feminino, que possuem duas cópias do cromossomo11 X, uma mutação13 numa das cópias do gene resulta somente no aparecimento de sangue8 na urina10, não havendo o desenvolvimento de insuficiência renal12.
Por ser um tipo de hereditariedade14 ligada ao cromossomo11 X, um pai não passará esta síndrome1 aos filhos do sexo masculino. A síndrome1 de Alport também pode ser herdada de uma forma autossômica15 recessiva. Muitas vezes, os pais de uma criança com uma doença genética autossômica15 recessiva não são afetados por ela, mas são portadores de uma cópia do gene alterado.
Assim como acontece no rim7, pode também acontecer em alguns outros locais do corpo, os mais importantes dos quais são o ouvido interno16 e partes do olho17.
Quais são as principais características clínicas da síndrome1 de Alport?
A síndrome1 de Alport é a segunda causa mais comum de insuficiência renal12 herdada. Ela mais comumente afeta homens jovens, mas pode também acometer pessoas mais velhas e mulheres. Alguns dados médicos sugerem a possibilidade da síndrome1 de Alport: história familiar de nefrite18, hematúria persistente, sem que haja evidência de outra causa detectável, surdez neurosensorial, mutação genética19, vastas anormalidades estruturais da membrana basal4 glomerular, lesões20 oculares, falência crônica renal2 em pelo menos dois membros da família.
A maioria das pessoas com síndrome1 de Alport desenvolve insuficiência renal12 no início da vida adulta, mas as mulheres costumam só desenvolver a doença mais tarde na vida. Antes da deterioração da função renal2, pode haver sangue8 e proteínas9 na urina10 e pressão sanguínea elevada. A surdez ocorre, em primeiro lugar, para tons altos e se torna cada vez pior, sem chegar a uma surdez total. Alterações inofensivas podem ser vistas na parte de trás do olho17, por meio de testes especiais. Alguns pacientes de meia idade podem desenvolver lentecone, uma deformidade rara da lente do olho21.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Alport?
O exame de urina22 quase sempre revela a presença de sangue8 na urina10. O diagnóstico23 de certeza geralmente é feito após a biópsia24 renal2. O exame das alterações oculares pode às vezes ser de grande utilidade.
Como o médico trata a síndrome1 de Alport?
Embora não exista cura para a síndrome1 de Alport, existem tratamentos que podem ser úteis. Informações recentes mostram que o tratamento com inibidores da enzima25 conversora da angiotensina (ECA) parece retardar a doença renal2. A proteína na urina10 é um sinal26 de maior risco. O tratamento com inibidores da ECA deve ser a norma para pacientes27 com uma perda de proteína significativa em sua urina10, podendo evitar a diálise28 ou o transplante renal2.
A lentecone pode ser tratada pela substituição de lentes, assim como se faz com o tratamento da catarata29. Muito ocasionalmente pode-se fazer transplantes de rim7, mas como o rim7 transplantado tem colágeno3 tipo IV normal, o sistema imunológico30 pode vê-lo como "estranho" e atacá-lo.
Como evolui a síndrome1 de Alport?
A insuficiência renal12 se resolve muito bem com diálise28 na maioria dos casos e ainda melhor depois de um transplante renal2 bem sucedido. Com aparelhos auditivos, a maioria dos pacientes permanece capaz de se comunicar normalmente.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.