Gostou do artigo? Compartilhe!

Coagulação intravascular disseminada: como ela é?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é coagulação1 intravascular2 disseminada?

Coagulação1 intravascular2 disseminada ou coagulopatia de consumo é uma condição patológica na qual o sangue3 começa a coagular4 dentro dos vasos, por todo o corpo.

Quais são as causas da coagulação1 intravascular2 disseminada?

A coagulação1 intravascular2 disseminada é uma síndrome5 adquirida, caracterizada pela ativação descontrolada dos mecanismos da coagulação1, levando à formação e deposição de fibrina6 nos micro vasos. Na maior parte dos casos, há inibição da fibrinólise7, o que contribui para a deposição de fibrina6 no interior dos vasos. Pode ocorrer em associação com uma grande variedade de condições clínicas.

As doenças infecciosas, em particular a septicemia8 bacteriana, são as mais comumente associadas a ela. Trauma grave também é frequentemente relacionado à coagulação1 intravascular2 disseminada. Tumores sólidos e neoplasias9 hematológicas podem cursar com coagulação1 intravascular2 disseminada. Ela é uma complicação clássica de condições obstétricas como descolamento de placenta, embolia10 de líquido amniótico11, pré-eclâmpsia12, eclâmpsia13, síndrome5 do feto14 morto retido, ruptura uterina e aborto séptico. Vale ainda mencionar a púrpura15 trombocitopênica, a síndrome5 hemolítico-urêmica, a anemia hemolítica16 microangiopática e a hipertensão17 maligna.

Qual é a fisiopatologia18 da coagulação1 intravascular2 disseminada?

Em linhas gerais, pode-se dizer que a deposição sistêmica de fibrina6 é resultado da geração de trombina19 e da inibição ou disfunção dos anticoagulantes20 naturais. Em adição, a inibição da atividade fibrinolítica resulta em remoção inadequada da fibrina6, contribuindo desta forma para a trombose21 microvascular. A ativação sistêmica da coagulação1 promove também maior consumo dos fatores da coagulação1 e plaquetas22, o que frequentemente resulta em manifestações hemorrágicas23.

No conjunto, esses mecanismos explicam a ocorrência simultânea de trombose21 e sangramentos. Para muitas doenças associadas, o evento comum é a lesão24 endotelial, que causa adesão e agregação das plaquetas22, formação de trombo25 e alteração da fibrinólise7. Os mecanismos controladores desse processo ainda não foram completamente elucidados. Assim, o significado clínico da presença da coagulação1 intravascular2 disseminada não está completamente esclarecido.

Quais são os principais sinais26 e sintomas27 da coagulação1 intravascular2 disseminada?

A deposição de fibrina6 leva à oclusão vascular28 e consequente comprometimento do fluxo sanguíneo para diversos órgãos, o que em conjunto com alterações metabólicas e hemodinâmicas pode contribuir para a falência de múltiplos órgãos. O consumo e consequente depleção29 dos fatores da coagulação1 e plaquetas22, resultantes da contínua ativação da coagulação1, pode levar a sangramentos em diversos sítios. Os sinais26 e sintomas27 da coagulação1 intravascular2 disseminada dependem da sua causa e de a condição ser aguda ou crônica. Às vezes, a forma crônica da doença pode não apresentar sinais26 ou sintomas27. A doença aguda se desenvolve rapidamente e é muito grave. A condição crônica se desenvolve ao longo de semanas ou meses, dura um tempo maior e geralmente não é reconhecida tão prontamente como a condição aguda.

Na coagulação1 intravascular2 disseminada aguda, a coagulação1 sanguínea nos vasos normalmente ocorre antes que o sangramento. No entanto, o sangramento pode ser o primeiro sinal30 óbvio. A coagulação1 do sangue3 também ocorre com a coagulação1 intravascular2 disseminada crônica, mas geralmente não leva à hemorragia31. Os sinais26 e sintomas27 devidos aos coágulos nos vasos sanguíneos32 dependem da localização e da extensão deles, assim também os sinais26 e sintomas27 das hemorragias33. As hemorragias33 internas podem ocorrer nos rins34, intestinos35, cérebro36, etc.

Como o médico diagnostica a coagulação1 intravascular2 disseminada?

As questões relativas ao diagnóstico37 e tratamento da coagulação1 intravascular2 disseminada são ainda motivo de grande controvérsia. O diagnóstico37 deve ser feito pela combinação das alterações clínicas e laboratoriais compatíveis com a doença. Clinicamente, pode-se observar os sinais26 de resposta inflamatória sistêmica, como febre38, hipotensão39, acidose40, manifestações de sangramento difuso e de trombose21. Os exames laboratoriais normalmente pedidos para a confirmação do diagnóstico37 são: tempo de protrombina41, tempo de tromboplastina42 e tempo de trombina19, contagem de plaquetas22, dosagem de fibrinogênio43 plasmático, dosagem de fatores da coagulação1 e anticoagulantes20 naturais e marcadores de ativação da coagulação1. A observação do esfregaço de sangue3 periférico é importante porque nos casos de coagulação1 intravascular2 disseminada a presença de hemácias44 fragmentadas é indicativa da presença de trombose21 microvascular.

Como o médico trata a coagulação1 intravascular2 disseminada?

Como podem ocorrer hemorragias33 graves muito rapidamente após o desenvolvimento da coagulação1 intravascular2 disseminada aguda, o paciente deve ser tratado de emergência45 em um hospital que tenha serviço de hematologia, banco de sangue3 e condições para uma eventual cirurgia. A reposição plaquetária deve ser orientada pelas condições clínicas do paciente e não simplesmente pelas alterações laboratoriais. A heparina (anticoagulante46) deve ser administrada àqueles pacientes com extensa deposição de fibrina6, sem evidência de hemorragia31 substancial. Os objetivos da terapia farmacológica são reduzir a morbidade47 e prevenir as complicações. Eles devem ser baseados na etiologia48 do problema e destinar-se a eliminar a doença subjacente. O tratamento da coagulação1 intravascular2 disseminada em si, inclui anticoagulantes20, componentes do sangue3 e antifibrinolíticos49. A hemostasia50 e os parâmetros de coagulação1 devem ser monitorados continuamente durante o tratamento.

ABCMED, 2015. Coagulação intravascular disseminada: como ela é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/812754/coagulacao-intravascular-disseminada-como-ela-e.htm>. Acesso em: 11 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
2 Intravascular: Relativo ao interior dos vasos sanguíneos e linfáticos, ou que ali se situa ou ocorre.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Coagular: Promover a coagulação ou solidificação; perder a fluidez, transformar-se em massa ou sólido.
5 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
6 Fibrina: Proteína formada no plasma a partir da ação da trombina sobre o fibrinogênio. Ela é o principal componente dos coágulos sanguíneos.
7 Fibrinólise: Processo de dissolução progressiva da fibrina e assim do coágulo, que posteriormente à sua formação deve ser dissolvido.
8 Septicemia: Septicemia ou sepse é uma infecção generalizada grave que ocorre devido à presença de micro-organismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea. Geralmente ela ocorre a partir de outra infecção já existente.
9 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
10 Embolia: Impactação de uma substância sólida (trombo, colesterol, vegetação, inóculo bacteriano), líquida ou gasosa (embolia gasosa) em uma região do circuito arterial com a conseqüente obstrução do fluxo e isquemia.
11 Líquido amniótico: Fluido viscoso, incolor ou levemente esbranquiçado, que preenche a bolsa amniótica e envolve o embrião durante toda a gestação, protegendo-o contra infecções e choques mecânicos e térmicos.
12 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
13 Eclâmpsia: Ocorre quando a mulher com pré-eclâmpsia grave apresenta covulsão ou entra em coma. As convulsões ocorrem porque a pressão sobe muito e, em decorrência disso, diminui o fluxo de sangue que vai para o cérebro.
14 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
15 Púrpura: Lesão hemorrágica de cor vinhosa, que não desaparece à pressão, com diâmetro superior a um centímetro.
16 Anemia hemolítica: Doença hereditária que faz com que os glóbulos vermelhos do sangue se desintegrem no interior dos veios sangüíneos (hemólise intravascular) ou em outro lugar do organismo (hemólise extravascular). Pode ter várias causas e ser congênita ou adquirida. O tratamento depende da causa.
17 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
18 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
19 Trombina: Enzima presente no plasma. Ela catalisa a conversão do fibrinogênio em fibrina, participando do processo de coagulação sanguínea.
20 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
21 Trombose: Formação de trombos no interior de um vaso sanguíneo. Pode ser venosa ou arterial e produz diferentes sintomas segundo os territórios afetados. A trombose de uma artéria coronariana pode produzir um infarto do miocárdio.
22 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
23 Hemorrágicas: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
24 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
25 Trombo: Coágulo aderido à parede interna de uma veia ou artéria. Pode ocasionar a diminuição parcial ou total da luz do mesmo com sintomas de isquemia.
26 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
27 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
28 Vascular: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
29 Depleção: 1. Em patologia, significa perda de elementos fundamentais do organismo, especialmente água, sangue e eletrólitos (sobretudo sódio e potássio). 2. Em medicina, é o ato ou processo de extração de um fluido (por exxemplo, sangue) 3. Estado ou condição de esgotamento provocado por excessiva perda de sangue. 4. Na eletrônica, em um material semicondutor, medição da densidade de portadores de carga abaixo do seu nível e do nível de dopagem em uma temperatura específica.
30 Sinal: 1. É uma alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida. 2. Som ou gesto que indica algo, indício. 3. Dinheiro que se dá para garantir um contrato.
31 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
32 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
33 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
34 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
35 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
36 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
37 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
38 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
39 Hipotensão: Pressão sanguínea baixa ou queda repentina na pressão sanguínea. A hipotensão pode ocorrer quando uma pessoa muda rapidamente de uma posição sentada ou deitada para a posição de pé, causando vertigem ou desmaio.
40 Acidose: Desequilíbrio do meio interno caracterizado por uma maior concentração de íons hidrogênio no organismo. Pode ser produzida pelo ganho de substâncias ácidas ou perda de substâncias alcalinas (básicas).
41 Protrombina: Proteína plasmática inativa, é a precursora da trombina e essencial para a coagulação sanguínea.
42 Tromboplastina: Conhecida como fator tissular ou Fator III, a tromboplastina é uma substância presente nos tecidos e no interior das plaquetas. Ela tem a função de transformar a protrombina em trombina na presença de íons cálcio, atuando de maneira importante no processo de coagulação.
43 Fibrinogênio: Proteína plasmática precursora da fibrina (que dá origem à fibrina) e que participa da coagulação sanguínea.
44 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
45 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
46 Anticoagulante: Substância ou medicamento que evita a coagulação, especialmente do sangue.
47 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
48 Etiologia: 1. Ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenômeno. 2. Estudo das causas das doenças.
49 Antifibrinolíticos: Medicamentos utilizados como inibidores da fibrinólise para reduzir os sangramentos.
50 Hemostasia: Ação ou efeito de estancar uma hemorragia; mesmo que hemóstase.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.