Intolerância à lactose: o que é? Quais são os sintomas? Como são o diagnóstico e o tratamento? Como é a evolução? Existe prevenção?
O que é a lactose1?
A lactose1 é um dissacarídeo2 presente no leite e seus derivados, formado por dois carboidratos menores, a glicose3 e a galactose4 e que deve ser adequadamente digerida para ser absorvida. O leite humano contém de 6 a 8% dessa substância e o leite de vaca de 4 a 6%.
O que é a intolerância à lactose1?
Na maioria dos mamíferos a digestão5 da lactose1 (hidrólise) depende da enzima6 lactase, que é sintetizada pelo intestino durante o período de amamentação7 e que ajuda no processo de digestão5 e absorção do leite. Se faltar a lactase, a lactose1 não pode ser digerida, originando sintomas8. Essa deficiência afeta até 15% das pessoas de descendência europeia, até 80% dos latinos e afro-descendentes e até 100% dos índios americanos e asiáticos. Essa crucial ausência de lactase pode existir desde a infância ou começar mais tarde, em razão de determinadas enfermidades. Acredita-se que os antigos neandertais não tinham a capacidade de processar a lactose1 e que essa capacidade se desenvolveu por mutação9 após a domesticação do gado, sendo ainda falha em alguns indivíduos. Mas há também a possibilidade de falta ou insuficiência10 de outras enzimas digestivas, porque há três tipos de intolerância à lactose1 (alergia11 ao leite), que se devem a processos diversos:
- Intolerância congênita12: provavelmente hereditária, que acontece logo após o nascimento.
- Intolerância que ocorre depois de diarreias: comuns no primeiro ano de vida. Geralmente manifesta-se após episódio de diarreia13 infecciosa.
- Diminuição progressiva da capacidade de digestão5 da lactose1: frequente a partir dos dois anos de idade até a idade adulta.
Crianças maiores e adultos podem não precisar de uma dieta que exclua totalmente a lactose1 e são capazes de tolerar pequenas quantidades das substâncias. Algumas, por exemplo, são capazes de tolerar alguns derivados do leite, outras não.
As causas principais da intolerância à lactose1 são: doenças e cirurgias intestinais e quadros de infecções14 do intestino delgado15 que podem afetar as células16 do revestimento do intestino ou uma falta congênita12 (genética) de lactase. A concentração normal da lactase nas células16 intestinais é farta no nascimento e decresce com a idade. A lactose1 não digerida torna-se uma fonte abundante de alimento para a flora intestinal, que então começa a crescer descontroladamente e gerar sintomas8.
Quais são os principais sinais17 e sintomas8 da intolerância à lactose1?
Os bebês18 prematuros têm intolerância à lactose1 com maior frequência que aqueles que nascem de gestação a termo. Alguns desses últimos podem também mostrar sinais17 de intolerância à lactose1, mas isso só ocorre após os três anos de idade, pelo menos. Os principais sinais17 e sintomas8 da intolerância à lactose1 são: diarreia13 (por afetar a osmolaridade19 do intestino), cólicas20 e presença de gases intestinais, inchaço21 na barriga, náuseas22 e vômitos23. Esses sintomas8 se agravam de trinta minutos a duas horas após a ingestão de produtos lácteos e se aliviam se a ingestão de produtos lácteos for suprimida. Em bebês18 o transtorno pode ocasionar perda de peso e um crescimento mais lento.
Como o médico diagnostica a intolerância à lactose1?
Em primeiro lugar, a intolerância à lactose1 poder ser sugerida pela história clínica. Ela é parecida com a alergia11 à proteína, porém, têm causas e sintomas8 diferentes. A primeira medida para distinguir uma da outra é tomar uma história clínica detalhada. O exame laboratorial utilizado é o teste de tolerância à lactose1, que consiste em medir os níveis sanguíneos de glicose3 após uma dose oral de lactose1. A diminuição de sintomas8 após a abstinência de lactose1 serve como mais um teste diagnóstico24. Outros exames para ajudar a diagnosticar a intolerância à lactose1 incluem a endoscopia25 intestinal, o teste do hidrogênio no ar expirado com lactose1 e o do pH das fezes.
É importante atentar-se para o diagnóstico24 diferencial porque outros problemas intestinais podem causar sintomas8 idênticos.
Como o médico trata a intolerância à lactose1?
A diminuição ou a remoção de leite ou produtos lácteos da dieta é necessária para reduzir ou abolir os sintomas8 da intolerância à lactose1. No entanto, a ausência de leite na dieta pode levar a deficiências de cálcio, vitamina26 D, riboflavina e proteínas27 em geral, que devem ser compensadas ou corrigidas por suplementação28. Muitas pessoas toleram pequenas quantidades de leite (55 a 115 gramas - até meia xícara) de uma só vez, sem sintomas8. Certos substitutos e derivados do leite parecem ser mais fáceis de digerir, tais como o leite de manteiga e queijos, produtos lácteos fermentados, leite de cabra, sorvetes, milk-shakes, leite e produtos lácteos sem lactose1, leite de vaca tratado com lactase, fórmulas de soja, leite de soja ou de arroz.
A enzima6 lactase, sob a forma de cápsulas ou comprimidos mastigáveis, pode ser adicionada ao leite normal.
Como evolui a intolerância à lactose1?
- É comum que a intolerância à lactose1 aconteça em adultos e então ela não é perigosa.
- Em geral, os sintomas8 da intolerância à lactose1 desaparecem se os produtos contendo lactose1 forem removidos da dieta.
- Em crianças, pode ocorrer perda de peso e desnutrição29, como complicações da intolerância à lactose1.
Como prevenir a intolerância à lactose1?
A única maneira conhecida para prevenir a intolerância à lactose1 é a abstinência do leite e produtos lácteos.
Algumas dicas para pessoas que sofrem de intolerância à lactose1:
- Leia sempre as informações sobre a composição dos alimentos contidas nas embalagens. A lactose1 também pode ser encontrada em produtos não lácteos, inclusive cervejas.
- Esteja atento, porque vários medicamentos contêm lactose1 nos seus excipientes.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.