Aderências - Por que elas se formam? O que deve ser feito? Existem complicações? Como evitá-las?
O que é uma aderência?
Uma aderência é uma faixa anormal de tecido1 que se forma após determinados eventos clínicos, traumáticos ou cirúrgicos e que une indevidamente dois órgãos ou tecidos do corpo, como se fosse uma cicatriz2, frequentemente causando prejuízos ao funcionamento de um deles ou de ambos. Geralmente é denominada a partir de sua localização como, por exemplo, aderência pélvica3, aderência intraperitoneal, aderência intrauterina, etc.
Quais são as causas das aderências?
As aderências acontecem como uma resposta do organismo a fatores como cirurgia, infecção4, trauma ou radiação. Se um órgão passa por um desses processos, o reparo orgânico por meio das aderências pode ligar um órgão a outro ou uma parte dele a outra parte, gerando prejuízos funcionais.
Qual é o mecanismo fisiológico5 das aderências?
As aderências podem aparecer como folhas finas de tecido1 semelhante a um envoltório plástico ou como bandas fibrosas de maior espessura. Esse tecido1 se desenvolve quando os mecanismos de reparo do corpo respondem a uma perturbação do tecido1, como cirurgia, infecção4, trauma ou radiação. As localizações mais comuns das aderências são o abdômen, a pelve6 e o coração7, embora as aderências possam ocorrer em qualquer lugar.
Quais são as principais características clínicas das aderências?
Os sintomas8 ocasionados por aderências são extremamente variáveis e dependem da localização e do órgão ou órgãos envolvidos. Com o passar do tempo, as aderências ficam mais rígidas e podem aumentar de tamanho, passando a causar problemas que antes não causavam.
Na maior parte das vezes não geram sintomas8, mas, dependendo do local em que ela ocorra, pode afetar nervos, vasos ou ductos e causar alguns sintomas8, inclusive dor. Mas deve-se ter em conta que nem toda a dor nesses locais é causada por aderência e que nem todas as aderências causam dor.
Em alguns casos, os problemas causados pelas aderências podem se constituir numa emergência9 cirúrgica como, por exemplo, uma aderência que cause obstrução intestinal. Muitos sintomas8 às vezes atribuídos a elas são, antes, devidos ao problema que as causou. Em si mesmas, as aderências raramente causam sintomas8.
Saiba mais sobre "Obstrução intestinal".
Como o médico reconhece a existências de aderências?
O médico deve levar em grande conta a história médica passada do paciente. Geralmente ele reconhece a existência de uma aderência durante um procedimento cirúrgico como, por exemplo, uma laparoscopia10 ou um exame endoscópico. Se for o caso, o médico pode retirá-la durante esse mesmo procedimento. Conforme o caso, exames de sangue11, radiografias e tomografias computadorizadas podem ajudar a revelar aderências no corpo.
Leia sobre "Radiografia" e "Tomografia".
Como o médico trata as aderências?
O tratamento das aderências varia dependendo da localização, da extensão e das complicações que estejam causando. É comum que as aderências se desfaçam por si mesmas e, portanto, só será necessária a retirada delas se houver sintomas8 ou uma emergência9. Em caso de necessidade, há duas técnicas para removê-las, escolhidas segundo as especifidade de cada caso: (1) laparoscopia10, em que o médico atua por meio de pequenos furos na pele12 do paciente e (2) laparotomia13, em que ele faz uma incisão14 maior que lhe permite ver e tratar diretamente as aderências.
Como evoluem as aderências?
As aderências normalmente começam a se formar nos primeiros dias após a cirurgia, mas inicialmente podem não produzir sintomas8, só o fazendo depois de meses ou mesmo anos, por vários mecanismos, como deslocamento ou repuxamento do órgão, obstrução, restrição do fluxo sanguíneo, levando à morte do tecido1, etc.
Como prevenir as aderências?
Algumas medidas podem ser adotadas pelo cirurgião durante uma cirurgia para evitar a formação de aderências:
- Redução do tempo cirúrgico.
- Manutenção dos tecidos umedecidos durante a cirurgia.
- Manuseio suave dos tecidos ou órgãos durante um procedimento cirúrgico.
- Utilização de produtos para tentar ajudar a prevenir a formação de aderências durante a cirurgia.
Quais são as complicações possíveis das aderências?
As aderências podem não ter qualquer expressão clínica, mas podem gerar sintomas8 se ocasionam compressão, tração ou obstrução de órgãos. A dor costuma ser o principal deles.
Veja mais sobre "Laparoscopia10", "Laparotomia13" e "Laparotomia13 versus laparoscopia10".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da ASGBI Association of Surgeons of Great Britain & Ireland, American College of Surgeon's e National Center for Biotechnology Information (NCBI).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.