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Acrodinia infantil - conceito, sintomas, diagnóstico, tratamento

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O que é a acrodinia infantil?

A acrodinia infantil, ou "doença rosa", é uma condição rara que afeta principalmente crianças de 6 meses a 8 anos. Foi mais prevalente no início e meados do século XX, antes de ser identificada como resultado de envenenamento por mercúrio. O nome "doença rosa" deriva da coloração rosada característica das mãos1 e pés, um sintoma2 marcante da condição.

Também conhecida por outros nomes, como hidrargiria, mercurialismo e eritredema, a doença afetava cerca de 1 em cada 500 crianças expostas ao mercúrio.

Quais são as causas da acrodinia infantil?

A acrodinia ocorre devido à exposição ao mercúrio, que pode acontecer de diversas formas. Historicamente, compostos de mercúrio eram amplamente usados na medicina para tratar condições como sífilis3, tifo e febre amarela4, bem como em cremes para dentição5.

Atualmente, as fontes de exposição incluem a contaminação ambiental pelo mercúrio presente no ar, água ou solo devido à poluição industrial; o consumo de peixes e frutos do mar contaminados; o uso de medicamentos, cosméticos ou dispositivos antigos contendo mercúrio; e, raramente, vacinas contendo timerosal, um conservante à base de mercúrio, que já teve seu uso amplamente reduzido.

Crianças também podem ser expostas indiretamente se seus pais trabalham em ambientes com mercúrio. É importante notar que nem todas as crianças expostas ao mercúrio desenvolvem a doença, o que sugere uma sensibilidade individual ao metal.

Leia sobre "Intoxicação por mercúrio".

Qual é o mecanismo da acrodinia infantil?

A acrodinia infantil é causada pela toxicidade6 do mercúrio, que interfere em processos biológicos cruciais ao se ligar a grupos sulfidrila presentes em proteínas7. Essa ligação prejudica a função de enzimas, proteínas7 estruturais e receptores, comprometendo sistemas fisiológicos importantes.

No sistema nervoso8, o mercúrio provoca danos tanto no sistema nervoso central9 quanto periférico. Ele afeta o sistema nervoso8 autonômico, levando a manifestações como sudorese10 excessiva, taquicardia11 e hipertensão12. Simultaneamente, o metal danifica fibras nervosas sensoriais, resultando em dor e hipersensibilidade, especialmente nas mãos1 e pés.

Além disso, o mercúrio pode desencadear respostas autoimunes13, que contribuem para os sintomas14 inflamatórios característicos da condição, como inchaço15 e descoloração rosada nas extremidades.

O impacto fisiopatológico é multifacetado, envolvendo disfunções neurológicas, autonômicas e imunológicas, que juntas configuram o quadro clínico da acrodinia.

Quais são os sintomas14 da acrodinia infantil?

Os principais sintomas14 incluem:

  • Dor e inchaço15: especialmente nas mãos1 e pés.
  • Descoloração da pele16: tom rosado ou violáceo nas extremidades.
  • Sudorese10 excessiva e taquicardia11: devido ao impacto no sistema nervoso8 autonômico.
  • Outros sintomas14 físicos: bochechas e lábios vermelhos; perda de cabelo17, dentes e unhas18; erupções cutâneas19fotofobia20.
  • Sintomas14 neuropsiquiátricos: irritabilidade, labilidade emocional, insônia e comprometimento da memória.
  • Disfunção renal21: como síndrome22 de Fanconi, por exemplo.

A apresentação clínica pode lembrar doenças como feocromocitoma23 ou doença de Kawasaki.

Como o médico diagnostica a acrodinia infantil?

O diagnóstico24 baseia-se na história clínica, nos sintomas14 apresentados e em exames complementares. O médico investiga possíveis fontes de exposição ao mercúrio, como termômetros quebrados, cosméticos antigos ou alimentos contaminados.

O exame físico detalhado ajuda a identificar sinais25 como inchaço15 e descoloração das extremidades. Exames laboratoriais confirmam o diagnóstico24 ao medir níveis elevados de mercúrio no sangue26 ou urina27. Também é necessário descartar outras condições que apresentem sintomas14 semelhantes, como doenças reumatológicas ou dermatológicas.

Como é tratada a acrodinia infantil?

O tratamento da acrodinia infantil tem como prioridade a remoção da exposição ao mercúrio e o manejo das consequências da intoxicação. Inicialmente, é essencial identificar e eliminar a fonte de contaminação para prevenir novos episódios de exposição.

O uso de agentes quelantes, como o ácido meso-2,3-dimercaptosuccínico, é o método preferido para remover o mercúrio do organismo, pois esse medicamento é eficaz na redução dos níveis de mercúrio nos tecidos.

Outras abordagens incluem o manejo dos sintomas14 e a correção de desequilíbrios nutricionais e eletrolíticos, frequentemente presentes nesses pacientes. Uma dieta rica em vitaminas do complexo B é recomendada para apoiar a recuperação do organismo.

Em casos graves, pode ser necessário recorrer a métodos como hemodiálise28 ou troca de plasma29, especialmente se houver comprometimento renal21 significativo. Antibióticos podem ser indicados quando há sudorese10 excessiva acompanhada de infecções30 secundárias.

Além disso, medicamentos como a tolazolina podem ser usados para controlar a hiperatividade simpática, enquanto a hidratação e o suporte clínico geral ajudam a melhorar a condição sistêmica do paciente. O tratamento é individualizado, considerando a gravidade dos sintomas14 e as necessidades específicas de cada criança.

Veja também sobre "Insuficiência renal31 aguda" e "Insuficiência renal31 crônica".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da U.S. National Library of Medicine.

ABCMED, 2024. Acrodinia infantil - conceito, sintomas, diagnóstico, tratamento. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1479040/acrodinia-infantil-conceito-sintomas-diagnostico-tratamento.htm>. Acesso em: 20 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
2 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Sífilis: Doença transmitida pelo contato sexual, causada por uma bactéria de forma espiralada chamada Treponema pallidum. Produz diferentes sintomas de acordo com a etapa da doença. Primeiro surge uma úlcera na zona de contato com inflamação dos gânglios linfáticos regionais. Após um período a lesão inicial cura-se espontaneamente e aparecem lesões secundárias (rash cutâneo, goma sifilítica, etc.). Em suas fases tardias pode causar transtorno neurológico sério e irreversível, que felizmente após o advento do tratamento com antibióticos tem se tornado de ocorrência rara. Pode ser causa de infertilidade e abortos espontâneos repetidos.
4 Febre Amarela: Doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10 dias), gravidade variável, causada pelo vírus da febre amarela, que ocorre na América do Sul e na África. Os sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). A única forma de prevenção é a vacinação contra a doença.
5 Dentição: Os dentes conjuntamente na arcada dentária. Normalmente, a dentição se refere aos dentes naturais posicionados em seus alvéolos. A dentição referente aos dentes decíduos é a DENTIÇÃO PRIMÁRIA; e a referente aos dentes permanentes é a DENTIÇÃO PERMANENTE.
6 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
7 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
8 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
9 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
10 Sudorese: Suor excessivo
11 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
12 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
13 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
14 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Inchaço: Inchação, edema.
16 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
17 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
18 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
19 Cutâneas: Que dizem respeito à pele, à cútis.
20 Fotofobia: Dor ocular ou cefaléia produzida perante estímulos visuais. É um sintoma freqüente na meningite, hemorragia subaracnóidea, enxaqueca, etc.
21 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
22 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
23 Feocromocitoma: São tumores originários das células cromafins do eixo simpático-adrenomedular, caracterizados pela autonomia na produção de catecolaminas, mais freqüentemente adrenalina e/ou noradrenalina. A hipertensão arterial é a manifestação clínica mais comum, acometendo mais de 90% dos pacientes, geralmente resistente ao tratamento anti-hipertensivo convencional, mas podendo responder a bloqueadores alfa-adrenérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio e nitroprussiato de sódio. A tríade clássica do feocromocitoma, associado à hipertensão arterial, é composta por cefaléia, sudorese intensa e palpitações.
24 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
25 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
26 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
27 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
28 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
29 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
30 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
31 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
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